Os brasileiros no Barcelona – Parte 1

Os brasileiros no Barcelona – Parte 1

A relação entre o clube espanhol e os jogadores brasileiros nunca foi tão harmoniosa

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Na próxima quarta feira (06), Barcelona-ESP e Bayern de Munique-ALE se enfrentarão no primeiro jogo da semifinal da Liga dos Campeões da Europa. Desta maneira, a equipe do Alambrado foi um pouco além da disputa entre catalães e bávaros, falando da relação entre brasileiros e espanhóis em uma história dividida em duas partes.

1) Fausto dos Santos (1931 – 1932)

O excelente Fausto dos Santos (Foto: Reproduçaõ/futibolino.com)
O excelente Fausto dos Santos (Foto: Reproduçaõ/futibolino.com)

Fausto dos Santos foi um dos primeiros brasileiros a chegar à Catalunha, o volante, com habilidade inigualável e um passe refinado, surgiu para o futebol no time do Bangu, mas foi no Vasco da Gama que teve a oportunidade de sua vida. As boas atuações abriram as portas da seleção brasileira para que Fausto pudesse desfilar seu talento com a camisa canarinho. O sucesso foi tanto que, durante a Copa do Mundo de 1930, ganhou o apelido de “Maravilha Negra” por meio da imprensa uruguaia.

Seu chute potente e a liderança que exercia na faixa central chamaram a atenção do Barcelona, que o contratou para vestir o manto blaugrano, em 1931.  Na única temporada que disputou, faturou a Copa da Cataluña. Com o mercado internacional ainda aberto, no ano seguinte foi disputar o campeonato suíço pelo Young Fellows.

2) Jaguaré (1931 – 1932)

Jaguaré jogou  ao lado de Fausto no Vasco (Foto: Reprodução/osgigantesdacolina.blogspot.com)
Jaguaré jogou ao lado de Fausto no Vasco (Foto: Reprodução/osgigantesdacolina.blogspot.com)

Nascido no dia 14 de Maio de 1905, na Cidade Maravilhosa, Jaguaré certamente está na história do futebol não apenas por ser o primeiro goleiro a usar luvas, mas também por ser o primeiro arqueiro a empurrar a pelota para o fundo do barbante (fato que aconteceu no dia 8 de maio de 1938, no jogo válido pela Copa da França entre Olympique de Marseille e FC Metz), tal atitude serviu de exemplo para Chilavert, Rogério Ceni e Manuel Neuer.

O goleiro artilheiro ganhou destaque no Atlético Santista com suas pontes arrojadas e jeito irreverente de agir debaixo das traves, chamando a atenção do Vasco da Gama e da seleção brasileira. Assim como seu companheiro de equipe Fausto dos Santos, defendeu a seleção brasileira durante a Copa do Mundo de 1930, chamando também a atenção do Barça. Então, aos 26 anos, o porteiro pegou o navio rumo às terras catalãs aonde viveu e jogou por também um ano, em seguida voltou para o Brasil para defender o Corinthians.

3) Lucídio Batista da Silva “Cabeção” (1947/1949)

Cabeção jogou pela ponta direita do time azul grená e disputou apenas seis partidas e marcou um gol com a equipe catalã. A história de Lucídio é curta com o manto culé e há poucos registros sobre a carreira do atleta.

4) Evaristo de Macedo (1957/1962)

Evaristo de Macedo Filho foi o terceiro carioca a vestir a camisa do Barcelona. Nascido no dia 22 de junho de 1933, no berço fluminense, entrou em campo como profissional pela primeira vez pelo Bangu, fato que se repetiu durante dois anos. Depois de 35 partidas, o atacante foi visto com bons olhos pelo Clube de Regatas do Flamengo. Brilhou no time da Gávea, ajudando-o a conquistar o tricampeonato estadual (1953/54/55). Injustiçado, o atacante não serviu a seleção brasileira, mas isto não foi empecilho para que ele fosse contratado pelo clube catalão.

Evaristo de Macedo foi um grandes nomes da história do Barcelona (Foto: Divulgação/fcbarcelona.com)
Evaristo de Macedo foi um grandes nomes da história do Barcelona (Foto: Divulgação/fcbarcelona.com)

Aos 24 anos, mal sabia que ele partia para a equipe que mais lhe deu destaque na carreira. Com o manto culé o artilheiro foi bi campeão espanhol, campeão da Copa del Rey, levantou por duas vezes a Taça das Cidades com Feiras  e a Pequena Taça do Mundo. Depois de cinco temporadas, aproximadamente 226 confrontos e cerca de 180 gols, Evaristo fez o que nos dias de hoje alguns consideram a traição do futebol, partiu para o maior rival do clube Blaugriano na temporada de 62 e vestiu a camisa dos Merengues até 1965. E ainda assim foi conseguiu ser ídolo das duas torcidas.

Depois de sua passagem pela Espanha, Evaristo voltou para fechar seu ciclo vitorioso no Flamengo e três anos depois de pendurar as chuteiras se tornou um treinador igualmente vencedor.

5) Wálter Machado da Silva “Silva Batuta” (1966/1967)

Mais conhecido pelo apelido de “Silva Batuta”, Wálter Machado da Silva, rumou para terras espanholas aos 26 anos de idade, depois de passar por times como São Paulo, Botafogo-SP, Corinthians e Flamengo, este último que, mais uma vez, cedia um atleta para os espanhóis apreciarem.

Entretanto, nem tudo na vida do atacante foi um mar de rosas. Quando Batuta pisou chegou à Espanha, o Barça não podia contratar jogadores estrangeiros e o atleta teve que ouvir do presidente que, caso ele não pudesse jogar, não havia problema, pois o cartola sempre quis ter um chofer negro.

E nesse clima o atacante cumpriu com a sua obrigação e jogou apenas 14 amistosos pelo Barcelona, voltando ao Brasil para defender o Santos.

6) Mario Peres Ulibarri “Mario Peres” (1966/1967)

Marinho Peres no Barcelona (Foto: Reprodução/abcdmaior.com.br)
Marinho Peres no Barcelona (Foto: Reprodução/abcdmaior.com.br)

O sorocabano Mario Peres chegou ao Barça no auge da carreira, aos 29 anos. Iniciou sua carreira no São Bento, em 1965, clube onde permaneceu por mais dois anos até ser contratado pela Portuguesa. Depois, de 1972 a 1974, seria o xerife da zaga do Santos até que, finalmente, seria contratado como novo reforço do Barcelona.

As boas atuações e a Copa do Mundo de 74, quando foi titular da seleção canarinho, ajudaram o beque a alçar o maior voo de sua carreira contribuíram para que ele fosse ao clube espanhol.

Na Catalunha, vestiu a camisa por uma temporada e teve a saída mais curiosa do clube, “fugiu” para não servir a marinha espanhola. Por ser filho de espanhóis, Mario foi chamado para o serviço obrigatório, e por não querer prestar os serviços saiu literalmente foragido do país para atuar em campos sulistas e vestir a camisa do Internacional.

7) Willian Silvio Modesto (1978/1979)

O jogador nascido em Araraquara, após destacar-se no futebol de salão, defenderia o clube de sua cidade até chamar a atenção do Palmeiras, no final da década de 60. Em 1971, já com a camisa do Verdão, atuou ao lado de grandes ídolos do Palestra: Emerson Leão, César Maluco, Leivinha, Ademir da Guia, entre outros nomes fantásticos da época.

Depois de gols maravilhosos e muito sucesso no Brasil o centroavante velejou para terras belgas e, na sequência, foi apreciar um bom bacalhau com os portugueses do Vitória Setúbal. Quando finalmente partiu para a Espanha, defenderia primeiro as cores do Terrassa FC. Durante um confronto diante do Barcelona, o centroavante chamou a atenção de nada mais, nada menos que Rinus Michels, técnico do clube catalão na época, e do astro do clube, Johan Cruyff, sendo contratado na temporada seguinte.

8) Carlos Roberto de Oliveira “Roberto Dinamite” (1980)

Roberto Dinamite foi mais um jogador privilegiado por ter atuado no futebol espanhol. O carioca da gema e ex–presidente do Vasco da Gama despontou para o futebol em 1971, pelo clube o qual foi mandatário. Artilheiro, marcou pouco mais de 700 gols em aproximados 1110 jogos.

Roberto Dinamite na rápida passagem pelo Barcelona (Foto: Reprodução/paraisoweb.com)
Roberto Dinamite na rápida passagem pelo Barcelona (Foto: Reprodução/paraisoweb.com)

Quando chegou ao auge de sua carreira, com 26 anos, e depois de nove temporadas no clube cruzmaltino, Dinamite levantou vôo para também usar a camisa grená, porém, as coisas não foram tão bem assim. A imprensa local não conseguia acertar a grafia do nome de Dinamite, que era chamado diversas vezes de Dinamita. Na estreia o goleador marcou dois gols, mas o técnico Joaquín Rife, que pediu a chegada do artilheiro, foi trocado por Helenio Herrera, que acabou podando as asas do carioca que, ainda assim, foi cobrado pela torcida blaugrina.

A passagem do atleta durou apenas três meses, 17 jogos e apenas 8 gols. Depois da frustração de ambos os lados, o atacante voltou para a cidade Maravilhosa defender as cores do clube que o revelou.

9) Cléo (1981)

Depois da estreia pelo Internacional-RS, o meio-campista foi emprestado para o América–SP, clube no qual jogou por apenas um ano, alçando voo para o Barça onde também ficaria apenas por uma temporada.

Sua carreira foi curta e durou apenas doze anos, mas foi repleta de passagens pelos maiores clubes brasileiros, como Palmeiras, Flamengo, Sport, entre outros. Aposentou aos 30 anos de idade.

10)  Aloísio Pires (1988/1990)

Aloisio teve uma sólida carreira no futebol (Foto: Reprodução/blaugranas.com)
Aloisio teve uma sólida carreira no futebol (Foto: Reprodução/blaugranas.com)

Natural de Pelotas, Aloísio foi, talvez, o jogador que menos trocou de clube em toda a carreira. Foram apenas três ao longo de sua jornada pelo mundo do futebol. Começou a carreira na zaga Colorada, em 1982, conquistando o tricampeonato gaúcho. Sua boa atuação com a camisa vermelha o levou para o outro lado do mundo, mais precisamente para os Jogos Olímpicos de Seul, na Coréia do Sul, onde conquistou a medalha de prata para a seleção.

As boas atuações carimbaram o passaporte do beque para o time catalão, no qual jogou por duas temporadas e levantou dois canecos. Ao final de 48 partidas, Aloísio partiu para o futebol português e foi vestir a camisa do Porto, clube o qual defendeu até o fim de sua carreira como jogador. Foram nada menos que 332 jogos e aproximadamente 23 títulos.

11) Romário (1993/1995)

O atual Deputado Federal Romário de Souza Faria não podia ficar de fora desta lista. Revelado pelo Vasco da Gama aos 19 anos de idade, o baixinho fez nada menos que 139 gols em 196 jogos. Com a amarelinha, dispensa comentários. Sua personalidade forte adiou sua chegada à seleção, mas era inevitável que fosse convocado. Logo em 1987 foi chamado por Carlos Alberto Silva e daí em diante era presença certa nas convocações.

Um dos ídolos do Barcelona, Romário (Foto: Divulgação/fcbarcelona.com)
Um dos ídolos do Barcelona, Romário (Foto: Divulgação/fcbarcelona.com)

No futebol holandês, defendendo as cores do PSV voltou a surpreender. O artilheiro balançou as redes por 165 vezes em 167 partidas. Foi quase um gol por jogo, dentro e fora da pequena área só dava ele. Tais números foram suficientes para que ele fosse contratado pelo Barça.

Pelo clube culé, conquistou três títulos e marcou 53 gols em 83 partidas. Pode parecer pouco, mas o gênio da grande área era decisivo em clássicos contra Real Madrid e Atlético de Madrid. Voltou ao Brasil em 1995, para jogar pelo Flamengo, após tirar o Brasil da fila em 94.

12) Giovanni (1996/1999)

Giovanni teve altos e baixos no Barcelona (Foto: blaugranas.gr)
Giovanni teve altos e baixos no Barcelona (Foto: blaugranas.gr)

Giovanni saiu de Belém-PA para ganhar o mundo. O meia-atacante rodou por quatro clubes antes de chegar à cidade de Santos e impressionou por sua maestria e habilidade. Quando chegou ao Peixe pela primeira vez, em 94, marcou nada menos que 69 gols em 104 partidas disputadas. Tal desempenho chamou a atenção dos catalães, que fizeram questão de contratá-lo em 1996 para desfilar seu talento no Camp Nou. Foram três temporadas com a camisa grená e 105 gols marcados.

13) Ronaldo (1996/1997)

Uma temporada e tanto de Ronaldo no Barcelona (Foto: Reprodução/blogsfcb.com)
Uma temporada e tanto de Ronaldo no Barcelona (Foto: Reprodução/blogsfcb.com)

Ronaldo Nazário de Lima ou simplesmente Ronaldo “Fenômeno”, despontou para o mundo do futebol jogando pelo Cruzeiro, trilhando um caminho vitorioso no futebol. Artilheiro nato, marcou um dos gols mais incríveis do futebol sobre o uruguaio Rodolfo Rodríguez. Com apenas 18 anos, viu o Brasil conquistar o tetracampeonato mundial, seguindo para o futebol holandês. No PSV, marcou 54 gols em 57 oportunidades.

Aos 20 anos de idade, era contratado pelo Barcelona-ESP. Na temporada 96/97 foram 49 vezes em campo com a camisa grená e nada menos que 47 gols, além dos títulos da Supercopa da Espanha, a Copa da Espanha, Recopa Europeia e o bicampeonato do Troféu Joan Gamper. Fora que foi lá, defendendo as cores do clube blaugrano, que Ronaldinho seria eleito o melhor jogador do mundo pela primeira vez em sua carreira.

14) Sonny Anderson (1997/1999)

Sonny Anderson iniciou sua carreira jogando pelo Vasco da Gama, onde foi campeão Brasileiro em 89. Depois, partiu para o futebol paulista defender o Guarani entre 1991 e 1992, vendo sua carreira decolar dali em diante. Saiu do Brasil aos 22 anos para conhecer o futebol suíço e, em seguida, ao futebol francês. Com 28 anos nas costas, chegaria finalmente ao Barcelona.

 

Sonny Anderson no Barcelona (Foto: Reprodução/blaugranas.com)
Sonny Anderson no Barcelona (Foto: Reprodução/blaugranas.com)

No clube espanhol, chegava com a espinhosa missão de substituir Ronaldinho, que tinha ido jogar na Itália. Não brilhou como o Fenômeno, mas conseguiu levantar três canecos nas três temporadas em que atuou pelo Barça. Seguiu viagem em 99, quando sentiu falta da Torre Eiffel, e foi jogar no Lyon.

15) Rivaldo (1997/2002)

Pernambucano da cidade de Paulista, passou pelos times de Santa Cruz-PE e Mogi Mirim-SP, clube que abriria as portas para o futebol paulista. Depois de uma passagem apagada pelo Corinthians, brilharia com a camisa do Palmeiras entre os anos de 1994 e 1996. Ainda naquele ano, Rivaldo viajaria com a seleção Olímpica para Atlanta, como um dos três jogadores com idade acima dos 23 anos, e traria na mala a medalha de bronze.

Rivaldo foi bola de ouro atuando pelo Barcelona (Foto: Reprodução/futnroll.com)
Rivaldo foi bola de ouro atuando pelo Barcelona (Foto: Reprodução/futnroll.com)

Na época, o meia já demonstrava sua habilidade em terras espanholas pelo Deportivo La Coruña, no lugar do também brasileiro Bebeto e, um ano depois de arrancar sorrisos da torcida turca, o atleta era contratado pelo Barcelona de onde só sairia em 2002.

Com a camisa grená, Rivaldo chegaria ao ápice da carreira. Conquistaria o bicampeonato espanhol, o título da Copa do Rei e a Supercopa Europeia. As boas atuações e os títulos fizeram com que o meia canhoto recebesse o título de melhor do mundo no ano de 1999. Em 2002, após conquistar o pentacampeonato com a seleção brasileira, rumaria ao futebol grego.

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