O roteiro da manhã desta quarta-feira (16) no Estádio Nagai, em Osaka, seguiu a recente trama agônica dos sul-americanos nas semifinais do Mundial de Clubes da FIFA.
Depois de perigosas investidas orientais contra a meta defendida pelo experiente Marcelo Barovero, brilhou na terra do sol nascente a estrela do jovem atacante Lucas Alario, de apenas 22 anos, que aproveitou falha da zaga adversária aos 26 minutos do segundo tempo para anotar o único gol da partida.
Com o feito, o conjunto treinado por Marcelo Gallardo avança à decisão que ocorrerá no próximo domingo (20), às 8h30 de Brasília, no Estádio Internacional de Yokohama. As probabilidades e o bom senso indicam que o concorrente dos “Millonarios” na disputa pelo título será o poderoso Barcelona de Messi, Suárez e Neymar, que nesta quinta-feira (17) tem formalidades a cumprir diante da legião brasileira do Guangzhou Evergrande.
Hoje, cabe aos torcedores promover seguidos banderazos em terras nipônicas e desfrutar deste momento puramente heideggeriano em que eles ainda não são nada, mas podem transcender o referido estado e chegar ao tudo – aqui resumido à glória mundialista. Apesar das largas diferenças técnicas e econômicas entre os times, reitero, este curto e eterno espaço de tempo deve ser vivido com intensidade.
A situação é outra, por motivos óbvios, para a comissão técnica e jogadores do River Plate, que cruzaram o mundo pela terceira vez para tentar repetir a façanha da equipe comandada por Héctor Veira em 1986, quando esta venceu a Copa Intercontinental sobre o Steaua Bucareste-ROM com um gol sofrido do atacante uruguaio Antonio Alzamendi. O mesmo desfecho não voltou a ocorrer uma década mais tarde, contra a Juventus.
Pelo desempenho apresentado diante do Sanfrecce Hiroshima, é possível apontar alguns aspectos que precisam ser rapidamente corrigidos no time de Gallardo, como o meio de campo pouco criativo e o ataque quase inofensivo, além da falta preocupante de solidez no setor defensivo, fator que, graças às mãos de um inspirado Barovero, não se converteram em tragédia. Apenas entrega e alento, embora indispensáveis, não serão suficientes.
Os abismos que hoje separam Barcelona e River Plate são os mesmos que distanciam o sonho “millonario” da realidade. Não se trata de incapacidade ou falta de tradição – longe disso -, e sim dos diferentes patamares a que o dinheiro pode elevar um clube. Por outro lado, o futebol nos ensina, às vezes a duras penas, que a imaginação do inconsciente pode ser concretizada. Enquanto isso, vagamos no interminável oceano entre o tudo e o nada.