Relembre os goleiros que marcaram nos instantes finais

Relembre os goleiros que marcaram nos instantes finais

COMPARTILHAR
Jogadores do Augsburg comemoram com o goleiro Hitz (Foto:Divulgação/Augsburg)
Jogadores do Augsburg comemoram com o goleiro Hitz (Foto:Divulgação/Augsburg)

Ser goleiro é uma função quase sempre ingrata, como já é sabido pela maioria dos fãs do futebol. Uma falha dificilmente passa despercebida, por isso é preciso estar ligado sempre. Em dias inspirados é possível se tornar o herói fazendo defesas milagrosas, e para alguns mais habilidosos, como Rogério Ceni, Higuita ou Chilavert, até arriscar nas bolas paradas para fazer seus golzinhos.

Em alguns casos, no entanto, as subidas de goleiros pro ataque acontecem no mais puro desespero, e ocasionalmente acabam resultando em gol. Foi o que aconteceu no último sábado, quando o goleirão Hitz marcou aos 49 do segundo tempo o gol que salvou o Augsburg de uma derrota certa para o Bayer Leverkusen no Campeonato Alemão.

Como ele não foi o primeiro a conquistar a proeza, é bom lembrar de alguns momentos em que o acúmulo de funções dentro de campo deu certo.

Hiran – Guarani 3×3 Palmeiras (1997)

Os quase 2 metros de altura do goleiro Hiran vieram a calhar neste jogo do Campeonato Paulista de 1997. Vendo o Guarani perder em casa o jogo para o forte time do Palmeiras, ele foi pra área e, aproveitando a falha do colega do Veloso, testou firme para o chão, como um centroavante nato, garantindo pelo menos um ponto para o Bugre.

Peter Schmeichel – Manchester United 2×2 Rotor Volgograd (1995)

Trazendo da Rússia um empate por 0x0 no jogo de ida do mata-mata da Copa da Uefa de 1995, o Manchester United parecia tranquilo para construir a vantagem e passar de fase jogando no Old Trafford. Mas o Volgograd surpreendeu e abriu 2×0 logo no primeiro tempo, forçando o time da casa a se lançar todo ao ataque. Scholes diminuiu no segundo tempo, e no último minuto o lendário dinamarquês Schmeichel completou um cruzamento de cabeça para marcar o gol de empate. O esforço, no entanto, não foi suficiente, já que os russos se classificaram por conta do gol qualificado.

Jens Lehmann – Schalke 04 2×1 Borussia Dortmund (1997)

O clássico do Vale do Ruhr possui tanta rivalidade que o autor do gol da vitória já possui naturalmente os créditos de herói. Quando o artilheiro salvador é um goleiro, então, a festa só aumenta. Foi o que aconteceu com Lehmann, que mostrando uma habilidade incrível de fugir da marcação, escorou a bola na direção das redes neste clássico da temporada 97-98 e carimbou a faixa de campeão europeu do Borussia.

Lauro x Flamengo (2003 e 2013)

É difícil para um goleiro marcar um gol com bola rolando. Obviamente, mais difícil ainda marcar dois. O que dizer então de um goleiro que marca 2 gols contra um mesmo time em um intervalo de 10 anos? Foi o que fez Lauro, primeiro pela Ponte Preta no Brasileirão de 2003 e depois pela Portuguesa em 2013. O nome do goleiro deve causar calafrios nos flamenguistas até hoje.

Saulo – Sport 2×1 Vitória-PE (2011)

Esse é o tipo de gol cheio de sofrimento, literalmente. Nos acréscimos da partida do Sport contra o Vitória-PE, o goleiro reserva Saulo, apelidado de “Avatar”, se entusiasmou tanto depois de marcar o gol de cabeça que garantiu o triunfo do time da casa que acabou se lesionando na comemoração. Sem condições de voltar para o resto da partida, Saulo deu seu lugar no gol para o atacante Carlinhos Bala, que conseguiu segurar o resultado mesmo com seus fascinantes 1,62 de altura, em uma das sequências mais bizarras do futebol recente.

Andres Palop – Shakhtar 2×3 Sevilla (2007)

Schmeichel não foi o único goleiro a marcar em um mata-mata de Copa da Uefa. E se o gol dele acabou não adiantando muito para o seu time, o de Palop sim. Depois de um empate por 2×2 em Sevilla nas oitavas de final da temporada 2006-07, os espanhóis perdiam para o Shakhtar na Ucrânia por 2×1 até os 48 do segundo tempo, quando o goleirão marcou o gol que levou a partida para a prorrogação. O gol deu ânimo extra para o Sevilla, que venceria o jogo no tempo extra e seguiu firme rumo ao bicampeonato.

Tolo Barceló – Alcudia 1×1 Mallorca B (2013)

Quando um goleiro vai para a área adversária, o máximo que se costuma esperar é que leve perigo em uma cabeçada, até por conta da estatura. Não foi o caso de Barceló, que aproveitou toda sua elasticidade para emendar de bicicleta e marcar o golaço que empatou o jogo entre seu time, o Alcudia, e o Mallorca B, em confronto da Segunda Divisão Espanhola. Para completar, Barceló vinha sendo agarrado pelo defensor adversário. Quer mais?

Jimmy Glass – Carlisle 2×1 Plymouth (1999)

Não existe no futebol uma situação mais desesperadora do que precisar doa vitória para fugir do rebaixamento. Essa era a missão do Carlisle contra o Plymouth na última rodada da Segunda Divisão da Inglaterra na temporada 1998-99. O empate por 1×1 até os 49 do segundo tempo forçou o goleiro Glass a ir pra área, tentando ajudar seus companheiros de equipe. E deu certo: com muita frieza na pequena área, Glass pegou o rebote e mandou pra rede, gerando uma histórica invasão da torcida do time da casa.

Moisés Muñoz – América-MEX 2×1 Cruz Azul (2013)

Na final do Torneio Clausura de 2013, o América precisava de uma vitória para levar o jogo contra o Cruz Azul para os pênaltis. O time perdia por 1×0 até os 43 do segundo tempo, mas conseguiu o empate com um gol do colombiano mosquera. Aos 48, quando tudo parecia indicar o título do Cruz Azul, o goleiro Moisés Muñoz fez um gol improvável de peixinho para virar a partida. Nos pênaltis, Muñoz ainda defendeu uma das cobranças e garantiu a taça para o América.

BÔNUS:

Gorka Iraizoz – Málaga 1×0 Athletic Bilbao (2014)

Esse é pra mostrar que o futebol de vez em quando pode ser extremamente cruel. O goleiro Iraizoz, do Athletic Bilbao, cometeu um pênalti no jogo de abertura da atual temporada Liga Espanhola, contra o Málaga. Ele defendeu a cobrança, mas sofreu o gol no rebote. O destino, no entanto, ainda reservava mais um sobe-desce de emoções para Iraizoz: louco para se redimir, ele foi ao ataque no último minuto e conseguiu marcar um belo gol de cabeça. Eufórico, correu para comemorar os gols com seus companheiros bascos, para só então perceber que o árbitro Mateu Lahoz havia anulado o gol. E o pior de tudo, de maneira equivocada. Não disse que a função de goleiro era ingrata?

Deixe seu comentário!

comentários

COMPARTILHAR
Jornalista, 23 anos. Amante do futebol bonito e praticante do futebol feio