Quando se defrontaram a 24 de maio de 2004, no Stade de France, por ocasião do centenário da FIFA, o Brasil era o vigente campeão mundial e a França detinha o prestígio de atual campeã europeia. O amistoso comemorativo em Saint-Denis, arbitrado pelo espanhol Manuel Mejuto González, opôs dois selecionados repletos de estrelas.
Sob o comando técnico de Jacques Santini, os donos da casa tinham nomes como Lilian Thuram, Patrick Vieira, Zidane, Trezeguet e Henry, enquanto Carlos Alberto Parreira levou a campo, por exemplo, Dida, Cafu, Roberto Carlos, Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo.
A despeito da quantidade absurda de talento reunida diante de 79,344 presentes, então o recorde do estádio para jogos de futebol da seleção, o jogo terminou com um decepcionante empate a zero.
Podemos atribuir parte do resultado a um fato curioso.
Como a realização do amistoso “retrô” estava vinculada a determinado contexto histórico – a fundação da máxima entidade do esporte bretão -, tanto os brasileiros quanto os franceses atuaram durante o primeiro tempo com réplicas de seus uniformes do início do século passado. Ou seja, com materiais que os jogadores não estavam habituados a usar.
Enquanto os locais trajaram camisa social azul com gola, botões, mangas até a altura do cotovelo, calção branco, cinto e meião vermelho, os visitantes usaram a extinta camisa branca com gola e cordões, calção também branco e meião azul. Um retrato de época.
Na etapa complementar, as equipes retornaram ao gramado envergando suas vestimentas modernas – os “Les Bleus” com as mesmas cores de um século atrás e a Canarinho com as tonalidades que lhe originaram este apelido, adotado anos após o Maracanazo.
Assim, estavam restauradas as condições normais para um jogo de futebol do novo milênio, no qual um grande destaque, senão o maior, foi Zidane, impecável no controle de bola e na condução do time. Do outro lado, Ronaldo também estava inspirado, deixando para trás a infeliz atuação naquele estádio na final da Copa do Mundo de 1998. Só que, ao apito final de González, o dia acabou consagrando os goleiros.
Embora de caráter festivo, o duelo teve certo grau de competitividade e foi útil para a preparação de ambas as seleções às vésperas de seus respectivos torneios continentais. Na Eurocopa, a França cairia para a futura campeã Grécia ainda nas quartas de final, e o Brasil recuperou o torno das Américas ao superar a forte Argentina.
Ficha técnica:
França
Grégory Coupet
Lilian Thuram
William Gallas
Marcel Desailly (C) – (Bernard Méndy)
Jean-Alain Boumsong
Patrick Vieira
Claude Makélélé
Robert Pires (Sylvain Wiltord)
Zinedine Zidane (Olivier Kapo)
David Trézéguet
Thierry Henry
Técnico: Jacques Santini
Brasil
Dida
Cafu (C)
Luisão
Cris
Roberto Carlos
Edmilson
Zé Roberto (Edu Gaspar)
Juninho Pernambucano (J. Baptista)
Kaká (Alex)
Ronaldinho Gaúcho
Ronaldo Nazário
Técnico: Carlos Alberto Parreira
Substituições:
França
Sylvain Wiltord, no intervalo
Bernard Mendy, no intervalo
Olivier Kapo, aos 23 minutos do 2º tempo
Brasil
Alex Souza, no intervalo
Edu Gaspar, no intervalo
Julio Baptista, aos 34 minutos do segundo tempo