Nova fórmula de torneio promove retornos e estreias na Argentina

Nova fórmula de torneio promove retornos e estreias na Argentina

Conheça um pouco sobre os 10 times que subiram para a disputa da primeira divisão nacional

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O Comitê Executivo da AFA aprovou em novembro do ano passado a reformulação do Campeonato Argentino, que será realizado entre fevereiro e dezembro de 2015, com o incomum número de 30 times brigando pelo título nacional.

Para adequar a tabela aos caprichos do falecido Julio Humberto Grondona, ex-presidente da entidade que regula o esporte bretão no país, não houve rebaixamentos no segundo semestre de 2014, além de 10 equipes terem conquistado vaga na elite do torneio.

Com essa medida, clubes tradicionais retornaram à primeira divisão, como é o caso do Argentinos Juniors, ao passo que outros conseguiram o acesso à principal categoria do futebol hermano pela primeira vez, como o Aldosivi.

Para isso, 22 times se dividiram em dois grupos iguais na Série B. Os 5 melhores de cada um ascenderam. No grupo A, subiram Colón, San Martín (SJ), Argentinos Juniors, Nueva Chicago e Aldosivi. Já no B, Unión, Crucero del Norte, Temperley, Sarmiento e Huracán.

Mais abaixo, veremos um breve perfil de cada clube que conquistou uma vaga na primeira divisão do certame. Neste ano, as duas equipes que somarem a pior média (o famoso e polêmico sistema de promedios) das últimas quatro temporadas serão rebaixadas.

Em caso de empates, tanto para decidir o novo campeão quanto para definir o descenso, será aplicado o artigo número 111 do Regulamento Geral da AFA, que determina a realização de uma partida de desempate, em campo neutro.

Ressalte-se ainda que todos os times jogarão em turno único contra todos os times, cumprindo-se desta maneira 29 rodadas. Na 30º, ocorrerá a repetição dos clássicos “por casal”, como Boca Juniors e River Plate, a título de exemplo.

Destaquemos que 7 das 30 equipes do torneio são de Buenos Aires, enquanto outras 9 integram a Grande Buenos Aires, como é conhecida a região que agrupa 24 municípios ao redor da capital do país. Ou seja, metade dos times está concentrada em um único lugar.

Na vice-liderança está a Província de Santa Fé (5), seguida pelo interior da Província de Buenos Aires (3) e pela cidade de La Plata (2). Já as Províncias de Córdoba, Medonza, Misiones e San Juan contam com um representante cada na primeira divisão.

 

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Em ordem alfabética, os escudos de todos os clubes que participam da competição em 2015 (Foto: Montagem / Alambrado)

DE PRIMEIRA

O Colón subiu pela primeira vez à elite argentina em 1965, quando faturou o título da segunda divisão. O clube de Santa Fé permaneceu na Série A por 16 anos consecutivos, porém amargou o rebaixamento em 1981.

Conseguiu retornar em 1995, sendo vice-campeão duas temporadas depois. Em crise, caiu novamente em 2014. Contudo, recuperou-se rápido e foi uma das equipes que menos sofreu derrotas no ano (5), liderando o grupo A, com 31 pontos.

Time base: Broun; E. García, Landa, C. Rodríguez e Conti; P. Ledesma, Poblete, Villaruel (ou Romero) e Bíttolo; Ramírez e Alário. Técnico: Reinaldo Merlo.

O San Martín de San Juan já participou três vezes da primeira divisão argentina, nas temporadas de 2007/08, 2011/12 e 2012/13, tendo a nona posição como seu melhor resultado na elite, tanto no Apertura de 2007 quanto no Torneo Final de 2013.

Embora tenha tido pontuação para figurar no meio da tabela em 2013, com destaque para a acachapante goleada de 6 a 1 sobre o Boca Juniors, em casa, o “El Santo” não acumulou resultados positivos o suficiente e caiu devido ao sistema de promedios.

Em seguida, protagonizou uma campanha repleta de altos e baixos. Logo após seu regresso, o técnico Rubén Forestello deixou o comando do time, sendo substituído em janeiro por Carlos Mayor, ex-comandante do rival Godoy Cruz.

Time base: Ardente; Mattia, Vera, Pinto e Gómez; Busto, Lopéz, Bogado e Canuhé; Figueroa e Bueno. Técnico: Carlos Mayor.

O Argentinos Juniors conquistou em 2014 o quarto acesso à primeira divisão na era profissional. Antes, o “Bicho” havia subido em 1955, 1997 e 2004. Já foi três vezes campeão nacional (1984, 1985 e 2010), além de ostentar o título da Copa Libertadores da América de 1985 em sua galeria de troféus.

Um dos responsáveis por levar o time de volta à elite foi o técnico Nestór Gorosito, substituto do ídolo Claudio Borghi, que deixou o cargo a sete pontos da zona de acesso. Com a ajuda de Riquelme, Gorosito superou a má fase do time e agora contabiliza sua terceira passagem no comando do Argentinos.

Time base: Ojeda; Matricardi, Torrén e Freire; Lenis, Aguero, Ledesma e Garré; Alanis, Castillejos e Franzoia. Técnico: Nestór Gorosito.

O Nueva Chicago também soma quatro acessos à primeira divisão no período do profissionalismo (1981, 2001, 2006 e 2014), tendo sete anos de permanência neste patamar do futebol local. Foi campeão da série B em 1987 e repetiu o título em 2006, porém não manteve a regularidade e caiu no ano seguinte.

Revoltados na ocasião, alguns torcedores protagonizaram uma das cenas mais violentas do futebol no país. Eles invadiram o campo, arrancaram as roupas dos jogadores e atacaram os visitantes do Tigre com paus, pedras e até placas de publicidade.

Reformulado, o clube desperdiçou algumas chances de subir diretamente em 2014. Por isso, precisou jogar um duelo de desempate contra o Gimnasia de Jujuy, selando a participação na elite após sete anos e meio longe dela com uma vitória por 1 a 0.

Time base: Sánchez; Cáceres, Masuero, Arias e Galarza; Lemos, Ramírez Agudelo, Prichoda e Gagliardi; Solignac e  Lentini. Técnico: Omar Labruna.

Depois de nove anos na B, o Aldosivi subiu pela primeira vez em sua história à máxima categoria do futebol argentino. O Tiburón de Mar del Plata já havia participado três vezes do Torneio Nacional durante a década de 1970, então a elite, mas sempre como campeão da liga local – nunca em função do acesso.

Curiosamente, assim como o Nueva Chicago, o Aldosivi também conquistou o acesso com uma vitória por 1 a 0 sobreo Gimnasia de Jujuy. Agora, sob o comando de Fernando Quiroz, mantém a base do ano passado e conta com a experiência para o novo desafio.

Time base: Campodónico; León Lequi, Canever e Quilez; Lamberti, Galván, Seccafien e Lugüercio; Carranza e Miracco. Técnico: Fernando Quiroz.

O Unión de Santa Fé já conquistou sete ascensos à primeira divisão ao longo de sua história e foi vice-campeão em 1979. Em 2014, teve a melhor campanha da segunda divisão, com 12 vitórias, 5 empates, 3 derrotas e 33 gols feitos.

O técnico Leonardo Madelón, ex-jogador do clube, também já treinou o San Lorenzo em 2011/12. No Unión, ele manteve a base do ano passado. Perdeu o zagueiro Barosane, mas ganhou com a chegada do defensor Guerreño e do atacante Fernando Coniglio.

Time base: Fernández; García Guerreño, Sánchez, Zurbriggen e Britez; Martínez, Rivas, Fabro (ou Villar) e Malcorra; Triverio e Guerra. Técnico: Leonardo Madelón.

Sensação, o Crucero del Norte é outro time que debutará na Primeirona. Fundado em 1989, o “Colectivero” também detém o recorde de clube mais jovem do país a disputar a Série B e a Série A. É a primeira equipe de Misiones na elite após 30 anos, depois do Guaraní, em 1985.

Em 2014, apresentou a segunda melhor defesa da Série B ao lado do Argentinos Juniors, com 14 gols sofridos (San Martín levou 12 gols), e o quarto melhor ataque do grupo B, com 22 gols, assim como Temperley e Sarmiento. O Unión, por sua vez, anotou 33 gols.

Time base: Caffa; Barraza, Rosso, Pérez e Oliva; Vázquez, Chironi e Romero; Torres, Cólzera e Avalos. Técnico: Gabriel Schurrer.

A exemplo do Crucero del Norte, o Temperley também pode ser visto como uma das sensações da temporada. Subiu duas categorias em menos de um ano (Da Série B Metropolitana para a B Nacional, em junho, e da B Nacional para a Primeira Divisão, em novembro de 2014), voltando à elite depois de 27 anos.

Historicamente, o Temperley sofreu bastante com crises econômicas. Inclusive, chegou a fechar as portas em 1991 em função das dívidas e passou duas temporadas sem estar filiado à AFA. Aos poucos, foi se reestruturando e conseguiu retomar suas atividades.

Hoje, comandado por Ricardo Rezza, conhecido como “o senhor dos acessos” devido ao seu recorde de subir de divisão em três torneios consecutivos, “El Gasolero” tenta dar sequência aos seus trabalhos com mais nove reforços.

Time base: Crivelli; Aguirre, Bojanich, Romero e Chimino; Aprile, Ledesma, Orona e Sambueza; Grbec e Dinenno. Técnico: Ricardo Rezza.

O Sarmiento fará sua terceira participação na elite argentina, a primeira desde 1980, depois de ter passado dois anos na segunda divisão. Em 2014, foi o time que mais empatou, ao lado do Nueva Chicago (9), e o segundo que menos derrotas sofreu (4).

Técnico e ídolo do clube, Sergio Lippi deixou o comando na temporada 2013/14 após uma série negativa, mesmo recebendo apoio dos dirigentes e dos torcedores. Como o trabalho de seu sucessor não deu frutos, retornou para reencontrar o caminho das vitórias.

Apesar de ter perdido seis peças importantes para o atual ano, o Sarmiento contratou dez jogadores para suprir o desmanche parcial da equipe que ascendeu.

Time base: Rigamonti; Coria, Peppino, Casierra e Aguilar; Miloc, Scatolaro e Luna; Hoyos, Cuevas e Núñez. Técnico: Sergio Lippi.

Campeão da Copa Argentina de 2014, o Huracán encerrou um jejum de 41 anos sem títulos (Campeonato Nacional de 1973) e de quebra levou uma das vagas do país na Copa Libertadores da América, algo que não alcançava desde 1974.

Além disso, também subiu pela quarta vez à primeira divisão (1990, 2000 e 2007), deixando a categoria que ocupava desde a queda no Torneo Clausura de 2011.

A reação no ano passado ocorreu em novembro, com a queda do técnico Darío Kudelka, substituído pelo então interino Néstor Apuzzo, que já havia comandado o clube em outras três oportunidades. Depois da troca, o clube reencontrou o bom futebol e deslanchou nas últimas partidas, assegurando a classificação para a elite.

Time base: Díaz; Nervo, Domínguez, Balbi e Mancinelli; Villarruel e Vismara; Espinoza, Toranzo e R. Gamarra; Abila. Técnico: Néstor Apuzzo.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.