Cria do Instituto, Dybala teve saída precoce, mas é ídolo em Córdoba

Cria do Instituto, Dybala teve saída precoce, mas é ídolo em Córdoba

Atacante da Juventus repetiu alguns trajetos do conterrâneo Mario Alberto Kempes

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Paulo Dybala - Instituto
“Matando a saudade”: Dybala em amistoso pelo Instituto de Córdoba durante suas férias, em 2015 (Foto: Reprodução)

A atuação do atacante Paulo Dybala na passada terça-feira (11) encheu de ânimo os olhos dos torcedores da Juventus. Ele marcou os dois gols que abriram o caminho para a vitória por 3 a 0 sobre o Barcelona, em Turim, e deixaram a equipe italiana bem perto da semifinal da Liga dos Campeões. O jogo de volta será na próxima quarta-feira (19).

Além de empolgar os seguidores da Velha Senhora com seu apreciável desempenho e a posterior renovação de contrato até 2022, a jovem estrela argentina, naturalmente, desperta sentimentos de orgulho em seu país de origem, sobretudo no município de Laguna Larga, sua terra natal, localizado na província interiorana de Córdoba.

A recíproca é verdadeira. Em entrevista à revista argentina El Gráfico, Dybala afirmou que sente falta de casa, embora esteja adaptado à Itália, onde atua desde 2012. Mesmo antes de brilhar no futebol mundial, o atacante já impressionava em seu debute pelo Instituto de Córdoba, em 12 de agosto de 2011, contra o Huracán, pela segunda divisão nacional.

Naquela temporada, o jogador de 17 anos foi o artilheiro da equipe com 17 tentos, superando um tal de Mario Kempes como goleador mais jovem do clube em torneios oficiais. Na ocasião, o acesso à elite escapou das mãos do Instituto na última rodada, com a derrota caseira para o Ferro Carril, e a posterior queda para o San Lorenzo na promoção.

Mario Alberto Kempes
Mario Kempes despontou para o futebol no Instituto (Foto: Reprodução)

Logo depois, ele transferiu-se para o Palermo. Lá, jogou durante três anos até ser anunciado pela Juventus em 14 de julho de 2015. No mês seguinte, estreou marcando um gol na conquista da Supercopa Italiana sobre a Lazio. Outros títulos viriam, mas o camisa 21 ainda não se esqueceu daquele revés por 3 a 0 para o Ferro Carril.

A ligação de Dybala com seu povoado é tão forte que ele sonha em vestir outra vez a camisa de seu clube formador, ainda que planeje ficar bastante tempo na Europa.

Quando estava de férias em 2015, inclusive, participou de um amistoso entre Instituto e Sportivo Laguna Larga, com entrada grátis, jogando um tempo por cada equipe.

A partida foi disputada em seu município natal, situado pouco mais de 62 km ao sudeste da capital e com cerca de 8 mil habitantes. É quase certo dizer que todos por lá torcem pelo sucesso do jovem atleta. “Pessoalmente, estou muito bem aqui (Itália), mas venho de um povoado pequeno, onde gostam muito de mim, e é lógico que sinto falta”, ressalta.

Quem não se esquece de onde veio, também não é esquecido pelos semelhantes. Em outubro de 2016, quando a Argentina recebeu o Paraguai no Estádio Mario Kempes, em Córdoba, pelas Eliminatórias para a Copa de 2018, a torcida local clamou a Edgardo Bauza pelo ingresso de Dybala, que entrou no segundo tempo na derrota por 1 a 0.

Potencialmente, Dybala pode trilhar o mesmo caminho de Kempes, campeão do mundo pela Argentina em 1978 e ídolo em Córdoba. Também brilhou no Rosario Central e no Valencia, da Espanha. Já citado no Alambrado, Osvaldo Ardiles foi outro renomado jogador que surgiu para o futebol no Instituto e sagrou-se campeão mundial ao lado de Kempes. Ganhou muito destaque no Huracán e no Tottenham.

Comparações, às vezes, podem parecer forçadas e originar discórdias. Elas raramente se concretizam da maneira apresentada. De fato, alguns números de Dybala e Kempes se assemelham, além de ambos terem despontado cedo no Instituto. Não busco equiparar um nome em ascensão a um ex-jogador consagradíssimo. Mas a esperança de que um possa assumir o trono do outro existe, e a idolatria também. Em Laguna Larga, pelo menos, sabemos que elas nunca morrerão.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.