O início da trajetória de Doriva como treinador é ótima. Bicampeão consecutivo do Campeonato Paulista e Carioca, com Ituano e Vasco respectivamente, o técnico é considerado um dos melhores da nova geração.
Porém, se pensarmos na carreira dele como jogador, podemos ver que ele é, realmente, um privilegiado. Revelado pelo São Paulo, foi campeão mundial em 1993 aos 21 anos e já chamando a atenção pelo futebol firme de um volante que prometia muito.
Depois do tricolor, Doriva teve boas passagens por Atlético-MG, Porto, Sampdoria e foi peça importante do melhor Middlesbrough da história e que conquistou o grande título dos seus quase 140 anos.
Auge na terra da rainha
O xerife do meio-campo chegou à Inglaterra na temporada 2002/03, por meio de um empréstimo do Celta de Vigo. Na Espanha, Doriva não vinha muito bem e o Campeonato Inglês seria a grande chance do volante de voltar a brilhar. Reserva da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1998, ele chegou com status de jogador experiente ao Middlesbrough.
Em menos de seis meses, Doriva mostrou aos ingleses que seria útil na bela equipe que estava sendo formada. Contratado em definitivo, passou a ser peça importante no esquema do técnico Steve Mclaren.
Na temporada 2003/04, a expectativa era de ótima campanha do Boro na Premier League. Além de Doriva, os ótimos meio-campistas Zenden e Mendieta e o lateral Mills chegaram ao Riverside Stadium. Juntos a Juninho Paulista – grande ídolo do time -, o goleiro Mark Schwarzer , o capitão Southgate e o bom atacante Job, o ano que prometia virou realidade.
A ótima equipe saiu do papel para pôr em prática um futebol muito eficiente. O início foi cheio de percalços. Um primeiro turno fraco, fruto também da falta de entrosamento dos novos contratados, deixou os torcedores desconfiados. Porém, com a criatividade de Juninho, Mendieta e Zenden, o time foi se acertando.
E lá estava o discreto Doriva. Titular na maioria das partidas, ele foi importante na grande conquista do Boro. Em paralelo a disputa da Premier League, estava em jogo a Copa da Liga Inglesa. E a timidez vista no campeonato nacional não estava em campo na competição mais curta.
A competição cobiçada
Na estreia, vitória na prorrogação sobre o londrino Brighton por 1 a 0 em casa, gol de Christie. Na terceira rodada (segunda partida do Boro), o Wigan foi batido em casa por 2 a 1. Macarrone e o ótimo Mendieta marcaram.
As dificuldades foram aumentando. No Round 4, empate em 0 a 0 no Riverside contra o Everton. A vitória só veio nas cobranças de pênaltis: 5 a 4 para o Boro. Já que a sorte estava ao lado, por que não aproveitá-la? Na quinta fase, o rival seria o excelente Tottenham no White Hart Lane. Mais uma vez empate e decisão nos pênaltis. Novamente, o triunfo veio em mais uma vitória por 5 a 4 nas penalidades máximas.
A história estava sendo contada em Middlesbrough. Eufóricos, os torcedores confiavam naquela sólida equipe. Doriva continuava discreto comandando as ações defensivas. Era um auxiliar de Steve Mclaren em campo.
Nas semifinais, o rival era o poderoso Arsenal. Mesmo diante de uma equipe reserva dos Gunners, o Boro era considerado zebra. No primeiro jogo, em pleno Highbury, Juninho Paulista mostrou o porquê é considerado um dos maiores ídolos da história do clube.
Aos oito minutos do segundo tempo, o rápido e baixinho jogador superou a defesa do Arsenal. Um gol imenso e que dava força ao Boro para ir à final.
Na segunda partida, o Riverside lotado viu Zenden ditar o ritmo. Solto pelo lado esquerdo, fez o primeiro gol do jogo. Aos 35 minutos da segunda etapa, Edu empatou para o Arsenal e fez os torcedores do Middlesbrough prenderem a respiração. Mas faltando cinco minutos para o final da partida, Reyes marcou contra e ajudou o Boro a garantir vaga na final da Copa da Liga Inglesa.
Vingança pelas três goleadas sofridas naquele ano para o mesmo Arsenal. A final seria contra outra surpresa: o Bolton. No dia 29 de fevereiro de 2004, diante de 72 mil pessoas, no Millenium Stadium, no País de Gales. Doriva iniciou como titular e fez parte da grande conquista do time.
O placar de 2 a 1, com gols de Zenden e Job, fez a torcida poder gritar e comemorar um título importante. A missão da dupla brasileira estava cumprida e o projeto vencedor do Boro foi colocado em prática.
Depois disso, Juninho Paulista deixou a Inglaterra e foi para a Escócia jogar no Celtic. Doriva ainda permaneceu por dois anos e fez parte das ótimas campanhas do Middlesbrough na Premier League 2004/05 e na Copa da Uefa 2005/06.
Aos 34 anos, deixou o Boro para encerrar a carreira no Brasil. Em 2008, durante período de pré-temporada no Mirassol, foi diagnosticado com arritmia cardíaca e se aposentou dos gramados aos 35 anos. O jovem loiro que encantou a torcida do São Paulo e foi ídolo do Middlesbrough encerrava uma carreira de respeito. Sempre com eficiência e obediência que o caracterizaram durante toda a sua trajetória.