Ghiggia, o último soldado do Maracanazo

Ghiggia, o último soldado do Maracanazo

Faleceu nesta quinta-feira (16) o carrasco brasileiro na final da Copa do Mundo de 1950

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(Foto Reprodução)
“Apenas três pessoas calaram o Maracanã: o Papa João Paulo II, Frank Sinatra e eu”, disse o ex-jogador (Foto: Reprodução/AUF)

As imagens da arrancada de Alcides Edgardo Ghiggia pela ponta direita do Maracanã ainda vivem nitidamente na memória do torcedor brasileiro, mesmo que este tenha nascido depois do fatídico 1950 e só as tenha visto em preto e branco. Resultado de um grande trauma que atravessou gerações e completa 65 anos nesta quinta-feira (16).

Quando restavam 11 minutos para o apito final, o jogador uruguaio correu com a bola dominada em direção à meta adversária e, com um forte chute cruzado, rente à trave, surpreendeu o goleiro Barbosa. No placar, 2 a 1 de virada para a Celeste Olímpica. Pelo regulamento da época, um empate ainda garantiria o titulo inédito ao Brasil.

No entanto, o choque provocado pelo então atacante do Peñarol abalou os ânimos da equipe comandada pelo técnico Flávio Costa e também dos quase 200 mil torcedores que lotavam as arquibancadas. No estádio, houve um silêncio sepulcral, quase palpável. E a desvantagem brasileira não pôde ser revertida. Para decepção dos donos da casa.

A façanha do camisa 7 mostrou a uma nação repleta de euforia e expectativa que no futebol tudo pode acontecer. De seu pé direito nasceu o Maracanazo, do qual ele era o último uruguaio remanescente desde a morte do ex-goleiro Aníbal Paz, aos 95 anos, em 22 de março de 2013. Hoje, a Celeste fica órfã dos heróis do bicampeonato mundial.

Coincidentemente no 65º aniversário de seu feito mais importante, Ghiggia perdeu a vida em decorrência de uma parada cardíaca. Ele morava na região de Las Piedras, a 30 km de Montevidéu, e administrava um supermercado como forma de sustento. Tinha 88 anos e uma enorme simpatia pelo país onde ganhara a fama de carrasco. Ironias da vida.

Em 2009, foi o centésimo personagem do futebol a eternizar os pés na Calçada da Fama do Maracanã. Chegou a admitir que não gostava de falar com frequência sobre aquela tarde em que provocou “o mais estrepitoso silêncio da história do futebol mundial”. As memórias o faziam lembrar dos companheiros de equipe que já haviam morrido.

Agora, como forma de consolo, Ghiggia pode se reencontrar com Juan Schiaffino, Obdulio Varela, Roque Máspoli e todos os outros compatriotas que se tornaram lendas em solo carioca. Reunidos, eles poderão uma vez mais dar a volta olímpica. Desta vez, nos campos santos. Seja como for, Ghiggia deixará saudades. Vá em paz!

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