A ressurreição do São Bento, ex-“quase falido”

A ressurreição do São Bento, ex-“quase falido”

Cinco anos após ameaçar fechar as portas, clube paulista está na Série C do Brasileiro. Qual o segredo da volta por cima?

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Há cinco anos, Luiz Augusto Manenti, então presidente do São Bento, tentou uma última e desesperada cartada. Organizou uma coletiva e veio a público apresentar as enormes dívidas de seu clube. Disse estar a apenas alguns dias de declarar falência, e implorou por um investidor.

Em campo, o Bentão estava prestes a cair para a Série A3 do Paulistão, o que de fato acabou acontecendo. Vários atletas deixaram o clube em meio ao torneio por falta de pagamento de salários. Campeonato Brasileiro era apenas um devaneio.

No último domingo, entretanto, a equipe sorocabana venceu o Itabaiana por 2 a 0 no CIC e garantiu vaga na Série C do Brasileirão. Comemoração de um feito absolutamente impensável para um time que parecia fadado a repetir o triste destino recente de União São João de Araras e XV de Jaú: abdicar de torneios profissionais.

Torcida celebra acesso do São Bento à Série C do Brasileiro (Foto: Jesus Vicente)
Torcida celebra acesso do São Bento à Série C do Brasileiro (Foto: Jesus Vicente)

Mas como conseguir sair de um buraco tão grande? A situação era tão dramática que David Ferrari, um dos presidentes da época de vacas raquíticas, passou fez passar uma urna entre os torcedores durante uma partida, pedindo contribuições. Arrecadou 87 reais.

A solução encontrada foi simples: deixar a vaidade de lado. A equipe entrou em 2012 sabendo que não voltaria à Série A2 naquele ano. A meta era seguir na A3. A nova diretoria, sob a batuta de Fernando Martins da Costa Neto, adotou uma postura sustentável.

Fez o que times da NBA costumam fazer com frequência. “Fedem” com times inferiores, que empilham derrotas, a fim de equilibrar as finanças e ir montando um time para o futuro. Para Costa Neto, o importante naquele momento era recuperar a parte financeira.

A direção até queria manter Claudinho Ferreira, que dirigiu a equipe no Paulistão, mas o técnico pediu demissão após resultados ruins na Copa Paulista. Chegou Edson Vieira, em agosto, para comandar um projeto de um ano: formar um time competitivo para o próximo Paulistão, usando atletas de baixo custo e garotos da base.

A aposta no entrosamento, e não na grife, deu resultados. O Azulão não só conquistou o acesso, como também levantou a taça. Repetiu a tática no meio daquele ano, embora tenha trocado o comando técnico.

Nem os torcedores mais sonhadores imaginavam, mas o São Bento conseguiu o segundo acesso consecutivo em 2014. No sufoco, disputando ponto a ponto, a equipe voltou à elite do futebol paulista, algo que não acontecia desde 2007.

Depois de manter-se na Série A1 em 2015, veio a ótima campanha e a consequente vaga na Série D em 2016, subindo para a C ao alcançar a semifinal no nacional. Com um passo de cada vez, a equipe tem agora a chance de conquistar o primeiro título brasileiro de sua história – disputará vaga na decisão com o CSA no próximo domingo.

Hoje, o São Bento é a prova viva de que há luz no fim do túnel para qualquer equipe.

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