O Championnat National, equivalente à Terceira Divisão na França, não costuma ser alvo das atenções de amantes do futebol em outros países, por motivos óbvios. Mas na última sexta-feira (15) a penúltima rodada da competição reservou um jogo que pode se enquadrar como uma das viradas mais incríveis da história do futebol.
Antes de contar a história do jogo, um pouco de contexto: Fundado em 1897 por ninguém menos que Jules Rimet (antigo presidente da FIFA que idealizou a Copa do Mundo), o Red Star de Paris, um dos times mais tradicionais da França, entrava na rodada como líder, com 66 pontos.
O Paris FC, segundo colocado com 64 pontos, enfrentaria em casa o Bourg Peronnas, terceiro no campeonato com 63. Ou seja, para garantir o título com uma rodada de antecedência o Red Star precisaria vencer fora de casa contra Frejus Saint Raphael e torcer por um tropeço do rival parisiense.
Apesar de pressionar muito, o Paris FC não conseguiu sair do empate em 1×1. Bastaria ao Red Star fazer sua parte para comemorar o título.
Mas as coisas começaram feias para o Red Star. Aos 19 minutos, Scarpelli marcou o primeiro gol dos donos da casa. Aos 15 do segundo tempo, Dequaire, de cabeça, aumentou a vantagem. Um belo gol de Belvito, aos 31, renovou as esperanças dos visitantes.
O Red Star foi inteiro pro ataque, e acabou abrindo espaços em seu sistema defensivo. Aos 45 do segundo tempo, em um contragolpe, o atacante Madou ficou no um contra um e aproveitou para marcar o tereiro gol do Saint Raphael.
Perdendo por 3×1 fora de casa, com apenas os quatro minutos de acréscimo do segundo tempo a serem jogados. Parecia que a decisão do título ficaria para a última rodada. Mas foi aí que a história começou a ser feita.
Logo na saída de bola pós o gol, Sliti fez fila na defesa do time mandante e diminui o placar para o Red Star. Aos 48, mais um golaço de Sliti, empatando a partida com um belo chute de fora da área, no ângulo.
A essa altura, o empate por 3×3 já parecia milagroso o suficiente, mas ainda não era suficiente para garantir a taça. Era o momento certo para a estrela do time, o artilheiro Lefaix, mostrar seu brilho. E ele o fez. Em mais uma desatenção da defesa adversária, o atacante deu um leve toque na saída do goleiro para marcar.
Festa da pequena, mas fanática, torcida do Red Star em Paris. Um time que chegou a contar com craques do quilate de Guillermo Stábile, com cinco Copas da França em sua sala de troféus, e agora se contenta com glórias mais modestas. Mas se o tema for grandes viradas, a da última sexta-feira pode ser lembrada com orgulho por muito tempo.
