Cinco batalhas em Copas do Mundo

Cinco batalhas em Copas do Mundo

O maior torneio de seleções do planeta também proporciona cenas lamentáveis; Veja algumas

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A Copa do Mundo é um evento seleto e especial que reúne as melhores seleções de futebol do mundo e, portanto, os melhores jogadores, ainda que haja convocações polêmicas. Mesmo assim, a grande concentração de atletas altamente qualificados não impede que os nervos à flor da pele e fortes rivalidades resultem em cenas lamentáveis. Abaixo, listamos cinco históricos enfrentamentos no maior torneio de seleções do globo. Confira:

Batalha de Bordeaux (1938)

Comandado pelo técnico Ademar Pimenta, o Brasil conquistou o então inédito terceiro lugar na Copa do Mundo de 1938, realizada na França. Um dos jogos mais destacados da seleção canarinho foi a estreia nas oitavas de final diante da Polônia – uma vitória por 6 a 5 de tirar o fôlego, na prorrogação. Mas o jogo contra a Tchecoslováquia na fase seguinte, por outro motivo, também merece especial atenção.

Brasil e Hungria
Jan Riha e Domingos da Guia disputam bola no Stade du Parc Lescure (Foto: Reprodução/FIFA)

O encontro no Estádio Parc Lescure, em Bordeaux, no dia 12 de junho, foi um dos mais violentos da história do torneio.

Logo no início da partida, a equipe sul-americana perdeu o meia Zezé Procópio, expulso pelo árbitro húngaro Paul von Hertzka.

A desvantagem numérica não impediu que Leônidas abrisse o placar ainda no primeiro tempo. Na segunda etapa, o atacante Oldrich Nejedlý empatou em cobrança de pênalti.

A tensão aumentou e resultou em jogadas violentas. O goleiro tcheco František Plánicka, por exemplo, luxou a clavícula, enquanto Nejedlý sofreu uma fratura na perna direita. O brasileiro Martim e o tcheco Jan Ríha trocaram socos e foram expulsos no fim do segundo tempo. Na prorrogação, Nejedlý abandonou o campo. Plánicka seguiu com dores, e três brasileiros, incluindo Leônidas e Perácio, também saíram do jogo lesionados.

Ao todo, cinco atletas deixaram o campo machucados. Como a igualdade no placar persistiu, o duelo precisou ser remarcado dois dias mais tarde, com ambas as seleções recorrendo a vários jogadores reservas para completar o time. O Brasil avançou para a semifinal ao ganhar por 2 a 1 – e teve Argemiro expulso, para registro.

Batalha de Berne (1954)

Após 16 anos do enfrentamento em Bordeaux, o Brasil voltou a protagonizar uma batalha em Copas do Mundo. O ocorrido se deu nas quartas de final contra a então poderosa Hungria, no Estádio Wankdorf, em Berne, na Suíça, no dia 27 de junho. O árbitro designado para o encontro em território francês foi o inglês Arthur Ellis, que expulsou três jogadores: József Bozsik, Nilton Santos e Humberto.

A partida não foi tão violenta. O Brasil jogou de igual para igual e criou boas chances para igualar o marcador quanto este apontava vitória por 3 a 2 dos húngaros, acertando duas bolas na trave. Mas os europeus haviam começado com tudo, apesar da chuva torrencial, e anotado dois gols em menos de 10 minutos, com Nándor Hidegkuti e Sándor Kocsis.

Na linha de 11 metros, Djalma Santos diminuiu para a equipe de Zezé Moreira. Na segunda etapa, Mihály Lantos restabeleceu a diferença também de pênalti, enquanto Júlio Botelho descontou com um golaço. Aos 25 minutos, Nilton Santos e Bozsik trocaram socos e acabaram expulsos. Já o brasileiro Humberto foi para o chuveiro após o quarto gol húngaro, oito minutos mais tarde, por ter chutado Gyula Lóránt.

A grande confusão começou com o apito final. Segundo entrevista de Djalma Santos, o médico do Brasil, Newton Paes, pegou uma garrafa de vidro cheia de água e tentou acertar Puskás, que estava lesionado e não jogou. Mas ele atingiu o zagueiro Pinheiro. Ao se virar, o defensor foi informado de que Puskás o teria agredido, dando assim início à briga.

Batalha de Santiago (1962)

O confronto entre Chile e Itália começou antes mesmo do pontapé inicial. Afetado por terremotos em Valvidia, o país sul-americano encontrou dificuldades na organização para receber a Copa do Mundo de 1962. A sede do torneio, em particular a cidade de Santiago, foi duramente criticadas na imprensa italiana por correspondentes. Os jornais chilenos reagiram e dispararam contra os italianos em geral, citando inclusive casos de doping de jogadores da Internazionale para chamá-los de “viciados”.

Então, quando ambos selecionados pisaram no gramado do Estádio Nacional, no dia 2 de junho, pela fase de grupos, já era aguardada uma partida no mínimo tensa. A expectativa foi confirmada logo aos 12 minutos, quando o meia Giorgio Gerrini foi expulso por cometer falta sobre o atacante Honorino Landa. Ele se recusou a sair de campo e precisou ser levado para fora por policiais.

Embora também tenha sido responsável por uma agressão, Landa passou despercebido pelo árbitro inglês Ken Aston. O mesmo não ocorreu com o italiano Mario David, que vinha se desentendendo com Leonel Sánchez. Em resposta a uma falta, o chileno aplicou no europeu um soco que o juiz não viu. Mas quando David chutou a cabeça de Sánchez, no fim do primeiro tempo, Aston o expulsou.

Após o intervalo, Sánchez quebrou o nariz de Humberto Maschio, mas novamente não foi advertido. O atrito dos jogadores seguiu até o fim do jogo, que teve mais três intervenções policiais. Os gols da vitória dos locais foram marcados por Jaime Ramírez e Jorge Toro. Nas quartas de final, os anfitriões ainda derrotariam a União Soviética (2 a 1), perderiam para o Brasil(4 a 2), e superariam a Iugoslávia (1 a 0) na disputa pelo terceiro lugar.

Batalha de Nuremberg (2006)

Na história das Copas, nunca houve um embate tão violento quanto o protagonizado por Holanda e Portugal nas oitavas de final de 2006, no Estádio Frankenstadion, em Nuremberg, na Alemanha. Naquela noite de 25 de junho, o árbitro russo Valentin Ivanov estabeleceu um recorde no torneio ao distribuir 16 cartões amarelos e 4 vermelhos somente no tempo regulamentar, que terminou com vitória lusitana por 1 a 0.

O jogo começou movimentado, e Mark van Bommel finalizou de maneira perigosa no minuto inicial. Pouco depois, para conter o avanço adversário, o volante holandês deu um carrinho por trás, próximo ao meio de campo, que lhe rendeu a primeira advertência do encontro. Cinco minutos mais tarde, o zagueiro Khalid Boulahrouz entrou na caderneta do juiz após ter dado uma forte solada no jovem Cristiano Ronaldo.

No minuto 20, Maniche derrubou van Bommel e também foi punido momentos antes de anotar o único gol da partida. A partir de então, Valentin Ivanov não teve problemas até o fim da primeira etapa. Mas a tensão aumentou consideravelmente no segundo tempo e resultou em uma batalha campal, que teve carrinhos, toques de mão, cabeçadas, empurrões, cotoveladas e outros recursos pouco limpos para frear os ímpetos rivais.

Antes do intervalo, Costinha foi expulso por receber o segundo cartão amarelo. Seu compatriota Deco o acompanhou na etapa seguinte pelo mesmo motivo. Do outro lado, foram para o vestiário mais cedo Boulahrouz e van Bronckhorst. Curiosamente, todas as seis substituições foram realizadas, mas apenas dois jogadores pendurados saíram de campo: Figo e van Bommel. Por pouco não houve cenas lamentáveis generalizadas.

Batalha de Joanesburgo (2010)

A final da Copa do Mundo na África do Sul, no dia 11 de julho de 2010, foi a partida com mais cartões na referida edição do torneio. A disputa pelo título, embora reunisse duas talentosas seleções, teve bastante jogadas violentas e rendeu 14 cartões amarelos e um vermelho. O árbitro designado para o jogo entre Espanha e Holanda, no Soccer City, em Joanesburgo, foi o inglês Howard Webb.

O número de expulsos poderia ter sido maior, caso Webb não tivesse visto a solada do holandês Nigel de Jong no peito de Xabi Alonso. Outros seis compatriotas de de Jong foram advertidos (John Heitinga duas vezes), enquanto os espanhóis tiveram cinco atletas punidos em jogo definido na prorrogação, dois deles após o único tento da partida (Iniesta, o próprio autor do gol, e o meia Xavi).

Até então, a final mais indisciplinada na história das Copas havia ocorrido em 1986, quando Argentina e Alemanha receberam juntas seis advertências. Em 2010, a Holanda cometeu 28 das 47 faltas e exagerou nas botinadas, respondidas pelos homens de del Bosque com novos carrinhos e encontrões. Apesar do cenário violento, houve oportunidades claras para ambos os times, mas elas não se concretizaram.

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