Seis homens e um destino: Berlim, nove anos depois

Seis homens e um destino: Berlim, nove anos depois

Olympiastadion marcou a carreira de seis protagonistas da final da Liga dos Campeões

COMPARTILHAR
Buffon comemora o título em 2006. Mais um neste sábado? (Foto: Divulgação/FIFA)
Buffon comemora o título em 2006. Mais um neste sábado? (Foto: Divulgação/FIFA)

Alguns estádios têm tanta história para contar que merecem visita mesmo em dias sem jogo. Verdadeiros pedaços concretos da história do futebol, que trazem em seus corredores a atmosfera de grandes feitos do passado tanto dentro como fora do esporte.

O que dizer, por exemplo, do Camp Nou, símbolo da resistência catalã durante o regime ditatorial do General Franco, na Espanha? Ou do Estádio Nacional do Chile, com seu triste passado como sede das atrocidades cometidas por Augusto Pinochet?

O Olympiastadion de Berlim é mais um membro deste seleto grupo de praças do futebol cuja história precede o jogo em si. No estádio que viu Jesse Owens calando Hitler nas Olimpíadas de 1936, Juventus e Barcelona entrarão em campo neste sábado (06) para definir o vencedor da Liga dos Campeões deste ano.

Depois de uma reforma maciça em 2004, que respeitou boa parte da arquitetura antiga do lugar, o Olympiastadion era uma das sedes da Copa do Mundo de 2006. E foi aí que a história do lendário estádio se cruzou pela primeira vez com a de alguns protagonistas da final de amanhã.

Os alemães, anfitriões daquele torneio, enfrentaram a Argentina nas quartas de final, em 30 de junho de 2006. Mesmo com a vantagem do fator casa, a missão alemã era difícil, já que os argentinos tinham uma grande equipe, considerada por muitos como a principal candidata ao título.

No time titular da seleção alviceleste, dois jogadores que estarão em lados opostos na final de 2015. Hoje líder no Barça, “El Jefito” Mascherano já comandava o sistema defensivo argentino em 2006, apesar da pouca idade. No ataque, Carlitos Tevez, hoje maior esperança de gols da Juventus, tentava fazer jus à conquista da vaga de titular, obtida durante a Copa.

Em um dos jogos mais eletrizantes daquela Copa, Ayala botou os visitantes na frente, logo no início do segundo tempo, com uma bela cabeçada após escanteio cobrado magistralmente por Riquelme. Mas a Argentina recuou, perdeu o goleiro Abbodanzieri e Riquelme, e acabou sofrendo o gol de empate, após desvio de cabeça de Klose.

No banco, Messi não pôde ajudar seu time em 2006 (Foto: Divulgaçã/FIFA)
No banco, Messi não pôde ajudar seu time em 2006 (Foto: Divulgação/FIFA)

A igualdade se manteve até o final do tempo normal e da prorrogação, levando a disputa para os pênaltis. Lehmann brilhou, a Alemanha venceu por 4 a 2 e se classificou para as semifinais. No banco de reservas, frustrado por não poder ajudar seu time mesmo após as boas exibições em partidas anteriores (com direito a seu primeiro gol em Copas, contra a Sérvia), um garoto de 19 anos assistia à derrota argentina, impotente. Era Lionel Messi.

Dez dias depois, o estádio seria palco de outra disputa marcante, desta vez a final da Copa. A França de Zidane enfrentaria a Itália, que havia conseguido a proeza de eliminar a seleção dona da casa nas semifinais. No elenco da Squadra Azzurra, três representantes da Juventus que busca a glória na decisão europeia deste fim de semana.

Andrea Barzagli, que deve começar jogando a partida contra o Barcelona, era reserva da Itália naquela final. Jogador do Palermo à época, ele chegou a entrar em campo duas vezes na Copa de 2006, nas vitórias contra a Austrália – quando teve a missão de reforçar o time após a expulsão de Materazzi – e contra a Ucrânia, nas quartas.

Pirlo foi destaque no Tetra da Azzurra (Foto: Divulgação/FIFA)
Pirlo foi destaque no Tetra da Azzurra (Foto: Divulgação/FIFA)

Outro Andrea, mais famoso, era um dos maiores destaques daquele time italiano, tal qual é agora. Pirlo já demonstrava nove anos atrás a classe e visão de jogo que marcaram sua carreira e continuam presentes até hoje, sendo que o estilo do veterano só parece ter se aprimorado com o tempo. Um dos melhores jogadores da Copa de 2006 e peça-chave no esquema de Marcelo Lippi.

E não dá para esquecer de um dos maiores pilares daquele time, assim como da Vecchia Signora. Gianluigi Buffon estava em seu auge em 2006, e mostrou o motivo naquela final. Afinal de contas, muitos goleiros poderiam ter se desestabilizado após a cobrança de pênalti desmoralizante de Zidane logo no começo do jogo, colocando a França em vantagem.

Mas Buffon manteve a cabeça – e as mãos – no lugar. Foi graças a uma defesaça dele em cabeçada do mesmo Zizou que a Itália se manteve viva até a disputa de pênaltis. E foi ali que a glória italiana se concretizou, garantindo o tetra para uma das seleções mais tradicionais do mundo.

Foram momentos marcantes para todos esses personagens, belos capítulos do longevo livro de memórias do Olympiastadion. Considerando o retrospecto dos seis personagens no estádio, a Juventus parece levar vantagem. Mesmo que seja apenas uma superstição, algo a se apegar em um duelo contra um time fortíssimo, que tem tudo para fazer história. Por todos esses elementos, mais um capítulo parece estar prestes a ser escrito.

Deixe seu comentário!

comentários