Ruben e Cervi, a dupla mais empolgante do Argentino

Ruben e Cervi, a dupla mais empolgante do Argentino

Conheça o atacante goleador e o meia criativo que protagonizaram as melhores jogadas do Campeonato Argentino.

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A edição 2015 do Campeonato Argentino começou cheia de novidades. É a primeira liga nacional desde 1991 sem a divisão entre apertura e clausura; o número de times cresceu de 20 para 30, em apenas um ano.

E as novidades não ficaram apenas nos formatos. Apesar da tradição, poucos apostavam que o Rosario Central seria vice-líder a apenas duas rodadas do final da competição. Na edição anterior, disputada no segundo semestre de 2014, a equipe havia amargado uma decepcionante 16ª colocação.

E melhor que isso: com o futebol visualmente mais empolgante do torneio. Se na parte competitiva há um abismo entre o Boca, virtual campeão, e as demais equipes, pode-se dizer que o Central é o melhor entre os mortais.

Nesta sexta, o Rosario enfrentará o Racing pela semifinal da Copa da Argentina. Na outra chave, estão Lanús e Boca. Se a liga está distante, a Copa parece plenamente possível.

Eduardo Coudet, o técnico e ao mesmo tempo "parça" dos jogadores do Central (Foto: Divulgação/Rosario)
Eduardo Coudet, o técnico e ao mesmo tempo “parça” dos jogadores do Central (Foto: Divulgação/Rosario)

Boa parte do crédito, é claro, vai para Eduardo Coudet. Novato na função, “El Chaco” assumiu o time no fim de 2014. É sua primeira experiência como técnico, após uma encerrar uma boa carreira como jogador, quando se destacou pelo River na década de 90 – e seguiu jogando até 2012. Tem apenas 41 anos, e muito potencial por trás das pranchetas.

Nenhum técnico, porém, consegue se consagrar sem grandes jogadores. No caso de Coudet, acabou formando uma das duplas ofensivas mais efetivas do futebol argentino: Franco Cervi e Marco Ruben.

Ruben é quase um veterano. Foi revelado pelo próprio Central, em 2004. Mostrou algum potencial, mas nunca foi artilheiro. Jogava mais pelo time do que por suas marcas pessoais. Também por isso, chegou ao River, e logo se transferiu ao Villarreal.

Na Espanha, passou por alguns empréstimos e foi bastante irregular – viveu grandes momentos, chegando a ser convocado para a seleção argentina, em 2011, mas também viveu péssima fase, quando frequentava o banco.

Passou por Ucrânia, França e México antes de retornar à sua casa, em 2015: O Rosario Central. Estava tão em baixa, mesmo aos 27 anos, que sua contratação esteve longe de ser disputada. Fato raro para alguém que já vestiu o uniforme da Argentina.

Neste seu retorno, encontrou um técnico novato, com muitas ideias para colocar em prática, e um garoto de enorme potencial. Franco Cervi já havia chamado atenção no final de 2014, quando fez seus primeiros (e poucos) jogos como profissional.

Ruben e Cervi: parceria monstra (Foto: Divulgação/Rosario)
Ruben e Cervi: parceria monstra (Foto: Divulgação/Rosario)

Meia habilidoso, o jovem de 21 anos tem uma visão de jogo espetacular. É daqueles armadores que contam com uma visão periférica muito confiável, e que raramente indicam a seus marcadores qual será sua jogada a seguir.

Some isso a uma boa qualidade nos passes, a um drible curto eficaz e a uma agilidade razoável, e terá Cervi. Tem tudo para alcançar fama internacional, a menos que se perca com os deslumbramentos da fama imediata.

O meia já conta com várias assistências no Campeonato Argentino, mas quase todas delas têm um alvo: Marco Ruben. A dupla obteve entrosamento imediato. Quando o atacante começa a correr, Cervi já parece saber para onde. E Ruben, por sua vez, já sabe que o companheiro irá lhe passar a bola com perfeição.

Justiça seja feita – a dupla rosarina conta com um punhado de bons coadjuvantes ao redor, como Caranta, Fernández, Larrondo, Domínguez e Montoya. Não se pode dizer que quando Cervi e Ruben não estão juntos o time seja menos efetivo, mas, ao menos, perde um pouco do brilho.

Nem tudo são flores. Cervi sofre do mal de qualquer camisa 10 habilidoso: é acusado de sumir em campo em alguns jogos e de fazer poucos gols. Tem ficado no banco, de algumas rodadas para cá.

É preciso paciência. E, obviamente, crescimento por parte do jogador. Nem sempre é possível dar aquele passe para deixar alguém na cara do gol. Nesses casos, é preciso saber como abrir espaço na defesa adversária. Seja com dribles, seja com chutes, seja com movimentação sem bola.

Em 2016, para azar da Libertadores, a dupla será desfeita. Cervi já possui pré-contrato com o Benfica, para o qual irá se transferir em janeiro. Ruben ficará, e com um enorme desafio nas mãos: manter a grande fase.

Já são 21 gols no Campeonato Argentino. O atacante é o artilheiro isolado, com oito gols a mais que Leandro Fernández, do Godoy Cruz, que ocupa a segunda colocação no quesito. Trata-se da melhor média da carreira renascida de Ruben. Seu recorde em uma única temporada havia sido 18 gols em 2009-10, pelo Villarreal B. No Central, em 2006, foram 15.

Ruben manterá a marca no ano que vem? Cervi deixará de ser promessa para virar realidade atuando no Benfica? Os “Canallas” terão outra boa temporada? Vencerão a Copa da Argentina? Pouco importa. A história do time de 2015 já está escrita. E sem precisar de títulos.

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