Campeões estaduais que largaram o futebol profissional – Parte I

Campeões estaduais que largaram o futebol profissional – Parte I

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Há quem os deteste, achando que representam apenas um assistencialismo às federações e um empecilho no calendário do futebol brasileiro. Há quem os defenda, lembrando que em muitos lugares são a única opção de torneio possível dentro da estrutura atual do nosso futebol. Mas há uma coisa que ninguém pode negar: os campeonatos estaduais são uma fonte inesgotável de tradição e boas histórias.

Afinal, a primeira competição oficial disputada no Brasil foi o Campeonato Paulista de 1902, quando o futebol não era nada além de um passatempo para jovens de alta classe. Em mais de 100 anos a história traz diversos casos de clubes que conseguiram sagrar-se campeões em seu estado, mas que por inúmeras razões não possuem atualmente um departamento profissional.

São quase 80 agremiações extintas, além de outras dezenas que não aderiram ao profissionalismo ou optaram por fechar o time principal e trabalhar apenas com as categorias de base. Em um especial de duas partes, o Alambrado relembre alguns clubes marcantes que foram vitoriosos no passado e hoje em dia vivem no limbo do mundo da bola:

São Paulo Athletic-SP

jogadores do São paulo Athletic posam com os rivais do paulistano (Foto: Reprodução)
Jogadores do São paulo Athletic posam com os rivais do paulistano (Foto: Reprodução)

A história do São Paulo Athletic está diretamente ligada aos primórdios do futebol no Brasil. Além de ter tido como sócio ilustre ninguém menos que Charles Miller, o patrono do esporte bretão no país, o clube foi campeão do primeiro torneio da história realizado aqui, o Campeonato Paulista de 1902.

A equipe aproveitou o status de pioneira para emendar conquistas estaduais nos dois anos seguintes, além de mais um título em 1911. No ano seguinte, o São Paulo Athletic abandonou o Paulistão, entendendo que a era de profissionalismo que se aproximava seria maléfica para o espírito amador do esporte. E é assim que o clube permanece até hoje.

Metropol-SC

Fundado em Criciúma em 1945, o Metropol foi o time mais temido de Santa Catarina durante a década de 1960. Foram cinco títulos estaduais nesse período (1960, 1961, 1962, 1967 e 1969), além de um vice-campeonato em 1965. O time contava com o apoio da Carbonífera Metropolitana e aderiu ao profissionalismo para abafar uma grave dos mineiros da empresa.

Além das glórias estaduais, o clube também ficaria marcado pela excursão que realizou na Europa em 1962, passando por Espanha, Suíça, Dinamarca, Alemanha e Romênia, deixando um saldo final de 23 partidas, 13 vitórias, seis empates e quatro derrotas. Em 1969, após a conquista do último título catarinense, o clube encerraria as atividades profissionais.

Torre – PE

Um dos fundadores da Liga Sportiva Pernambucana (LSP), o Torre Sport Club, de Recife, foi um dos primeiros grandes clubes do estado. Chegou a ser campeão invicto em 1929, além de ter conquistado outros dois títulos estaduais em 1926 e 1930. Apelidado de “Madeira Rubra”, o time participava de torneios amistosos em diversas regiões do país.

No entanto, o Torre sentiu as dificuldades da adaptação à era do profissionalismo. Logo depois do título de 1930, o clube passou a entrar em declínio, e a crise financeira fez com que a equipe fechasse as portas de vez em 1943.

Atlético Matogrossense – MT

O Campeonato Matogrossense conta com vários exemplos de equipes que se sagraram campeãs mas acabaram extintas, como Boa Vista, Paulistano, Americano e Juventude. Mas o exemplo mais emblemático é o do Atlético, que arrebatou cinco títulos em um espaço de 11 anos.

Depois das conquistas em 1946 e 1950, o time acabaria sendo tricampeão entre os anos de 1955 e 1957. Mesmo contando com o apoio popular no Estado, entrou em declínio a partir da década de 1960, fechando as portas em 1987.

Juventus – AP

Fundado por sacerdotes italianos, o Juventus do Amapá tinha uma premissa parecida com a de seu xará paulista. Por um curto espaço de tempo, atormentou os rivais do estado, com direito a três títulos em apenas quatro anos (1964, 1966 e 1967). Com o tempo, porém, perdeu força e liberou espaço para a ascensão dos maiores campeões amapaenses, o Amapá Clube e o Esporte Clube Macapá.

Linhares – ES

Linhares campeão em 1993 (Foto: Reprodução)
Linhares campeão em 1993 (Foto: Reprodução)

O Espírito Santo é mais um estado que conta com um grande número de antigos campeões extintos. Além do América, que hoje em dia conta apenas com as categorias de base, e o Santo Antônio, que fechou as portas, há o Linhares Esporte Clube, dono de quatro taças que impressionou durante a década de 1990.

O clube foi fundado em 1991, a partir da fusão do Industrial Esporte Clube com o América Futebol Clube (não confundir com o outro América, citado acima). Os feitos foram imediatos, com as conquistas do Campeonato Capixaba em 1993, 1995, 1997 e 1998. O Linhares ainda ficaria conhecido pela ótima campanha na Copa do Brasil de 1994, caindo nas semifinais para o Ceará.

Ferroviário – RO

O Campeonato Rondoniense só entrou na era profissional em 1991, muito depois de outros estados do país. Durante o período amador, o maior campeão foi o Ferroviário Atlético Clube, que faturou nada menos do que 17 títulos. O time de Porto Velho não foi superado até hoje em número de conquistas no Estado.

Apesar da dominância, o Ferroviário não teve sucesso na transição para o profissionalismo, licenciando-se em 1991, logo após a derrota na final do estadual para o Ji-Paraná. Supostamente, a decisão pela retirada da equipe foi tomada pelo então presidente Albino Nascimento, desgostoso com as arbitragens que teriam prejudicado seu time.

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