Depois de apresentar o primeiro finalista da Concacaf Champions League 2014-15, a equipe do Alambrado traça um Raio-X do desafiante a quebrar a hegemonia mexicana no torneio. O novato canadense Montreal Impact também quer ser grande.
Um caçula emergente
Sediado na província de Quebec, mais precisamente na cidade que dá nome ao time, o Montreal Impact está localizado na parte “francesa” do Canadá. Maior cidade da província, com pouco mais de um milhão e seiscentos mil habitantes, Montreal é uma cidade tranquila e que não tinha tradição no futebol até pouco tempo atrás.
Fundado em 1993, o Montreal Impact passou a ter este nome atual após refundado em 2010 por Joey Saputo- que dá nome ao estádio da equipe canadense. Com a força econômica do novo dono, que também preside o italiano Bologna, o Montreal logo estreou na MLS.
Em 2012, o clube fez a sua estreia na principal competição de clubes da América do Norte. Tornou-se, assim, a terceira equipe canadense a participar do campeonato. Antes, somente Toronto FC e Vancouver Whitecaps tinham esse privilégio.
Apesar da força econômica, na MLS o Montreal ainda não é uma potência. Foi o último colocado no campeonato passado e é lanterna da competição deste ano. Em contrapartida, domina o futebol canadense nos últimos anos. É o atual bicampeão do Canadian Championship, batendo o grande rival Toronto FC na edição passada.
E foi por meio deste torneio que o Montreal Impact conseguiu vaga na Concacaf Champions League 2014-15. Se na edição passada a equipe canadense caiu ainda na fase de grupos, o torneio desta temporada reservou uma surpresa aos adeptos.
A competição dos sonhos
Sem os serviços de alguns bons jogadores, a torcida do Montreal Impact estava desconfiada no início do torneio continental. Junta-se a isso a fraca campanha na MLS da última temporada e o cenário não era tão positivo para o time de Saputo.
Na primeira fase, o grande craque do clube, o italiano Marco Di Vaio, ajudou a equipe a vencer os seus adversários. Apesar de ter no grupo o encardido FAZ de El Salvador e o poderoso New York Red Bulls, o Montreal passou por todas as dificuldades na primeira fase.
Foram três vitórias nas três primeiras partidas. Destaque para os quatro gols de Di Vaio. Dos cinco tentos marcados, quatro saíram dos pés do italiano. Na partida derradeira, a classificação já estava encaminhada.
Mesmo assim, o Montreal Impact não fez feio e empatou com o New York Red Bulls, terminando assim invicto a primeira fase do torneio. O destaque do jogo foi o promissor atacante americano John McInerney.
Muita festa e comemoração em Quebec. O time de Montreal estava classificado para as quartas-de-final do principal torneio do continente. De quebra, ainda tinha chances de figurar no Mundial de Clubes no final de 2015.
Reestruturação e grande segunda fase
Uma notícia deixou os fãs do Montreal mais apreensivos. Marco Di Vaio, ídolo e artilheiro do time, anunciou sua aposentadoria aos 38 anos no início deste ano. O que seria da equipe sem o grande craque? Além dele, o ótimo brasileiro Felipe também não estava mais no plantel.
Porém, com os reforços “galácticos” de Ignácio Piatti, grande jogador do San Lorenzo na conquista da Libertadores, Marco Donadel, Dilly Duka e Reo-Cocker, uma nova base estava montada.
Com o descanso da MLS, o Montreal Impact pôde se concentrar totalmente na Concacaf Champions League. O adversário nas quartas-de-final seria o ótimo Pachuca. Time mexicano, ou seja, derrota quase certa para um time da MLS.
A única vez que uma equipe da liga tinha vencido um mexicano foi na temporada 2012-2013, quando o Seattle Sounders eliminou o Tigres. Apesar do temor, o Montreal Impact foi valente no duelo.
Jogando em um 4-2-3-1 bem definido pelo técnico Fran Klopas e com os reforços dos ótimos volantes Marco Donadel e Reo-Coker, o Montreal dominou o Pachuca jogando em solo mexicano.
Duka fez dois a zero para os canadenses. O Pachuca só foi acordar depois com os gols de Olvera e do argentino Ariel. O resultado era considerado perfeito, já que na volta o Montreal contaria com a força dos seus torcedores.
O que não era esperado foi o sofrimento enfrentado pelos quase 40 mil torcedores no estádio olímpico de Montreal. Jogando sem um homem de referência, o time de Piatti não atuou bem. Aos 35 minutos, Cano botou os mexicanos na frente e praticamente eliminava os canadenses.
Contudo, a emoção estava guardada para o fim. Aos 48 minutos do segundo tempo, o jovem atacante reserva Porter saiu do banco para explodir o estádio. Toque sutil de direita e loucura nunca vista antes em Montreal. O 1 a 1 colocava o time canadense nas semifinais do torneio continental.
Após a euforia, a ciência de que para chegar à final o caminho seria mais uma vez muito difícil. Nas semifinais, a dura Alajuelense da Costa Rica. Desta vez, a decisão seria na casa do adversário.
Em casa, o Montreal fez o seu papel. Mais uma vez com a força da torcida, o time encurralou o adversário e nos primeiros 15 minutos de jogo definiu o placar. Piatti aos 10 e Cabrera aos 14 do primeiro tempo deram uma excelente vantagem para o jogo da volta.
Porém, mais uma vez a emoção aguardava o Montreal. Na partida em solo costa-riquenho, sofrimento o tempo todo. A ótima defesa canadense sofreu quatro gols. Sorte que McInerney e Romero marcaram para confirmar a classificação nos gols marcados fora de casa.
Agora, a final será diante do América do México, gigante que assusta. Será que o sólido time canadense fará história e será o primeiro canadense campeão continental? O Mundial está esperando os “forasteiros”. O primeiro jogo será dia 22 de abril, no estádio Azteca. A volta será no dia 29 em Montreal.
Time-base: Evan Bush, Victor Cabrera, Bakary Soumare, Laurent Ciman, Donny Tola; Reo-Cocker, Donadel, Oduro, Ignacio Piatti, Duka; Cameron Porter
Técnico: Frank Klopas
Capitão do time: Patrick Bernier
Artilheiro no campeonato: Marco Di Vaio (4 gols)
Pontos Fortes: Experiência do elenco, Ignacio Piatti e força da torcida atuando em casa
Pontos fracos: Inexperiência do clube em finais desse porte, falta de um centroavante confiável e queda do rendimento da defesa
Estádio: Olímpico de Montreal, capacidade para 60 mil torcedores