Muitas vezes é possível ouvir críticas ao modo como o futebol é administrado não apenas no Brasil, mas também em diversos outros países onde a cultura do esporte é valorizada pelos fãs e nem sempre pelos organizadores.
Problemas no calendário do futebol, por exemplo, acontecem com certa frequência. Um exemplo recente ocorreu na última quarta-feira (20), quando o Independiente del Valle, do Equador, teve de se desdobrar para atuar duas vezes no mesmo dia.
Durante a tarde, o del Valle usou um time alternativo, em sua maioria composto por juvenis, para visitar o El Nacional pelo Campeonato Equatoriano e saiu derrotado por 5×2. De noite, os titulares da equipe encararam nada menos que a partida de ida da final da Copa Libertadores América, em casa, e empataram com o Atlético Nacional-COL, por 1×1.
Pois é, parece que nem os finalistas de um torneio continental estão livres de bizarrices no calendário. Relembre com o Alambrado alguns casos de clubes que tiveram que atuar mais de uma vez no mesmo dia:
Brasil 2×2 União Soviética e Brasil 5×3 Hungria – 1965
Tentando dar ritmo a uma grande quantidade de jogadores na preparação para a Copa do Mundo que seria realizada no ano seguinte, a CBD resolveu marcar dois amistosos da Seleção Brasileira no mesmo dia em 1965.
No dia 21 de novembro daquele ano, o escrete canarinho “principal” entrou em campo contra a União Soviética no Maracanã. O Brasil abriu 2×0 com gols de Pelé e Gérson, mas os soviéticos empataram o duelo com Banichevski e Metreveli.
Enquanto isso, no Pacaembu, o “segundo quadro” brasileiro entrava em campo contra a Hungria, recheado de jovens que se tornariam estrelas no futuro, como Rivellino, Carlos Alberto Torres e o goleiro Félix. O time B teve melhor destino e ganhou por 5×3.
São Paulo 3×1 Sporting Cristal e São Paulo 3×1 Grêmio – 1994
O esforço para um clube se preparar para dois jogos em um mesmo dia já é algo intenso. Imagine, então, para um jogador atuar em duas partidas seguidas? Foi o que aconteceu com o meia Juninho Paulista, que passou por uma verdadeira maratona em 16 de novembro de 1994.
Às 20h daquele dia, Juninho marcou um gol e foi um dos destaques do “Expressinho” Tricolor que derrotou por 3×1 os peruanos do Sporting Cristal, em jogo válido pela Copa Conmebol.
Duas horas depois, o São Paulo entrou em campo novamente no Morumbi, dessa vez pelo Campeonato Brasileiro, contra o Grêmio. Juninho saiu do banco mais uma vez, e novamente viu sua equipe sair vitoriosa por 3×1.
Grêmio 0x0 Aimoré-RS, Grêmio 4×3 Santa Cruz-RS e Grêmio 1×0 Brasil-RS – 1994
O ano de 1994 realmente foi repleto de casos curiosos nesse sentido. Na época, o formato inchado do Campeonato Gaúcho, que acumulou 44 datas no calendário, abalou com frequência o time do Grêmio, que em várias oportunidades teve de atuar duas vezes em um dia. No entanto, em 11 de dezembro a excentricidade foi além.
Naquele dia, o Tricolor realizou nada menos que três partidas pelo torneio estadual no Estádio Olímpico. A maratona teve início com a partida contra o Aimoré. O jogo foi muito prejudicado pelo forte calor das 14h, e terminou empatado em 0x0.
Às 16h, um time com sete jogadores considerados titulares fez uma partida bastante movimentada contra o Santa Cruz, que acabaria com vitória dos mandantes por 4×3. Em seguida, o Grêmio ainda conseguiu superar o Brasil de Pelotas por 1×0. No total, foram utilizados 34 atletas do elenco, sendo que três deles jogaram mais de uma vez.
Ceará 0x2 Boa Viagem-CE e Ceará 0x2 Fluminense-BA – 2003
O cansaço de jogar duas vezes no mesmo dia pode até valer a pena caso o time em questão consiga a vitória. Mas e se a maratona acabar com duas derrotas além da estafa física?
Foi o que aconteceu com o Ceará em 2003, em confrontos válidos pelo Campeonato Cearense e o Nordestão. Pelo estadual, o Vozão escalou um time B que acabou perdendo 2×0 para o modesto time do Boa Viagem.
No mesmo dia, o time titular viajou para a Bahia e perdeu pelo mesmo placar para o Fluminense de Feira de Santana. Em ambas as partidas o time alvinegro contou com apenas quatro jogadores no banco de reservas.
Bahia 4×0 Galícia-BA e Bahia 2×1 Juazeirense-PE – 2016
Se você acha que as mencionadas falhas no calendário eram fruto dos regulamentos esdrúxulos do passado, pense duas vezes. Além do exemplo citado no início do texto, há outro caso ocorrido ainda neste ano, e com um time brasileiro.
No dia 9 de março, a equipe principal do Bahia atuou contra o Galícia às 19h30, na Fonte Nova, em jogo que valia a liderança geral da primeira fase do Campeonato Baiano. E o Tricolor não tomou conhecimento do adversário, vencendo por 4×0.
Duas horas depois, uma equipe alternativa do time baiano viajou até Petrolina para enfrentar o Juazeirense pela Copa do Nordeste. Os desfalques não foram suficientes para impedir a vitória por 2×1, em jogo válido pela quinta rodada.