Talvez você não se lembre, mas a seleção peruana já foi sinônimo de bom futebol, principalmente na década de 70, era de ouro do esporte no país.
A mancha que ficou após a goleada sofrida para a seleção argentina, na Copa do Mundo 78, por 6 x 0, é muito difícil de ser apagada, mas não acabou com o futebol do país.
Em 13 anos, os peruanos viveram seu auge. Tiveram o maior jogador da sua história e, por que não, formaram o melhor meio-campo do mundo, assim chamada a linha de criação formada por Velazquez, Cueto e Cubillas.
Este último foi, sem dúvidas, um dos melhores jogadores sul-americanos. Atacante de raro talento, surgiu para consagrar o futebol de uma geração.
Foram três Copas do Mundo. 312 gols na carreira, 26 tentos na seleção peruana, vários títulos e uma Copa América, conquistada em 1975, após vitória de 3 a 1 contra os rivais chilenos.
Não seria nenhum absurdo dizer que o jogador revolucionou o futebol do país. Em 14 anos, conseguiu elevar o nível não só em números, mas em desempenho. Empatar e eliminar a Argentina em La Bombonera não é missão fácil pra nenhum time.
Chegar às quartas-de-final de uma Copa do Mundo mais ainda. Caso não tivesse cruzado com a seleção brasileira, o time comandado por Didi provavelmente teria melhor sorte naquela Copa.
Recentemente, durante eliminatórias para a Copa do Mundo de 1998, o Peru voltou a honrar sua tradição. A seleção fez uma ótima campanha, perdendo a vaga apenas na rodada final para o Chile, após derrota na casa do adversário por 4 a 0.
Nada que apagasse da memória dos mais jovens, a melhor seleção peruana da história recente.
Jogadores como Roberto Palacios, Maestri, Solano, Reynoso desfilavam talento e exuberância. Após essa decepção, o Peru nunca mais foi o mesmo. Individualmente, alguns brilharecos. Pizarro, Farfan, Guerrero e Vargas surgiram na última década, mas juntos, nada fizeram para levar o Peru à Copa.
O quarteto fantástico estaria fadado à decepção. Após a má campanha para as eliminatórias da Copa de 2014, a federação demitiu o técnico Sérgio Markarian.
O futebol ofensivo pode voltar à seleção e partidas memoráveis podem retornar à pauta para o povo.
Fôlego renovado
A mais recente notícia que alegrou o futebol do país foi a conquista do campeonato sul-americano sub-15 2013, que foi disputado na Bolívia.
A campanha perfeita começou com um 2 a 1 sobre o Paraguai. Na segunda partida, vitória fácil sobre os donos da casa, os bolivianos, por 3 a 0.
A fase estava mesmo boa e no terceiro jogo, 2 a 1 sobre a forte seleção do Equador. Na última partida, já classificada, decisão da liderança do grupo. Frente a frente Argentina e Peru. No melhor duelo da competição, empate em 4 a 4. Jogo emocionante, com várias viradas. O time peruano continuava invicto e iria enfrentar os chilenos nas semifinais.
O jogo foi muito duro, como corriqueiro entre as duas equipes. No fim, o melhor futebol dos peruanos prevaleceu e eles levaram a melhor por 2 a 0.
Chegada a hora da grande decisão. 38 anos mais tarde e o Peru poderia voltar a comemorar um título continental. Chance de fazer história. O país inteiro acompanhou a final de um torneio que não interessa tanto aos brasileiros. Vitória por 1 a 0 contra a Colômbia. Festa. Título. Euforia.
Um fato que se repetiu tanto na final quanto nas outras fases foi a comemoração de cada gol de Luis Iberico, o artilheiro da competição com 7 gols marcados. Todos feitos de todas as formas possíveis. Um ídolo do futuro.
O surgimento de uma nova promessa
Nascido em 6 de fevereiro de 1998, Luis Iberico é jovem e demonstra que nasceu para jogar bola. 17 anos e muita badalação.
Como acontece com os jovens brasileiros, no Peru o valor dado aos promissores jogadores também é grande, por isso, o assédio sobre o jovem, após a conquista do campeonato e da bola de ouro, aumentou exponencialmente, de forma que ele se tornou uma celebridade.
Entrevistas e mais entrevistas. Jornal ou televisão, não importa o veículo, o fato que é o atacante não passa despercebido em lugar algum.
Jogador das categorias de base do San Martin, um dos melhores times peruanos, Iberico não esconde a paixão pelo Universitário, clube mais popular do país. Ele próprio fala que seu desejo é ser um grande jogador desta equipe e, quem sabe, isso não esteja tão distante. Fã de Cristiano Ronaldo, mas com jeito de centroavante matador, estilo Ibrahimovic, ele ainda garante que deseja muito estar nas eliminatórias para a copa do mundo de 2018.
Nos últimos três anos, passando por alguns torneios peruanos, o atacante teve média de 30 gols por temporada.
O faro é muito apurado. De cabeça, perna direita, esquerda, finalização de perto, longe, cobrança de penâlti, enfim, um atacante completo.
Pelo seu estilo de jogo também pode ser comparado a Paolo Guerrero, outra joia que surgiu no país latino e hoje brilha no Corinthians.
Camisa 9 nato, o jogador procura acabar com a carência de bons jogos e títulos da seleção peruana.
Em 2007, Joazhino Arroé apareceu como grande estrela do futebol local e, por que não, mundial. Após ótimo sul-americano sub-15, foi para o Siena, mas não deu muito certo. Voltou ao futebol peruano e hoje tenta se levantar no Sporting Cristal.
É preciso calma. Com a cabeça boa e as fortes declarações, o novo popstar da bola inca tem tudo para levar essa geração, que pôs fim a um tabu de 38 anos, a brilhar.
Cristian Benavente e Renato Tapia já estão esperando o jogador.
