No “Zerão”, o futebol é jogado em dois hemisférios

No “Zerão”, o futebol é jogado em dois hemisférios

O Estádio Milton de Souza Corrêa, no Macapá (AP), é cortado pela Linha imaginária do Equador

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Estádio no Amapá conta com uma particularidade geográfica (Foto: Reprodução)
Estádio no Amapá conta com uma particularidade geográfica (Foto: Reprodução)

Você, fiel leitor (a), já deve ter se deparado em nossas páginas com algumas histórias curiosas envolvendo estádios. Recentemente, falamos de quando Arsenal e Tottenham quase ergueram uma casa juntos. Em outras ocasiões, fizemos testes sobre canchas nacionais, sudacas e por aí vai. Agora, é a vez de abordar mais um dos insólitos fatos que o futebol proporciona: trata-se do Estádio Milton de Souza Corrêa, vulgo “Zerão”.

Situado no Macapá, quase à beira do Rio Amazonas – são menos de 3 km de distância -, o recinto é de propriedade do Governo do Estado do Amapá e guarda uma particularidade que lhe rende a alcunha já mencionada: sua linha central está em harmonia com a linha imaginária do Equador, na latitude zero, que separa a superfície terrestre em norte e sul, de modo que os times lá jogam cada tempo em um hemisfério diferente.

Sim, é isso mesmo que você leu. Em 90 minutos, ambas as equipes atacam tanto na parte meridional quanto na zona setentrional do globo (desculpem-me pela franqueza, colegas terraplanistas). No vasto universo do futebol brasileiro, foram relativamente poucos os clubes que gozaram do singular privilégio de jogar no local, inaugurado em 1990, mas fechado entre 2007 e 2014 em virtude de (longas) reformas.

Hoje com capacidade para quase 14 mil torcedores, o estádio chegou a ser batizado como Ayrton Senna em 1994, por motivo do falecimento do piloto durante a disputa do Grande Prêmio de San Marino, em 1º de maio, mas naquele mesmo ano, através de lei estadual, pegaria emprestado o nome do popular desportista Milton de Souza Corrêa, também vítima de um acidente automobilístico, ocorrido no dia 18 de agosto.

Entusiasta do esporte e importante figura local, Corrêa fundou em 19 de abril de 1955 o Guarany Atlético Clube-AP, que se destacou no futebol e em diversas modalidades, além de ter sido presidente benemérito do antigo Conselho Regional de Desportos (CRD) e também sócio-proprietário do Esporte Clube Macapá. Desse modo, ele exerceu grande papel no fortalecimento dos desportos em solo amapaense, sendo agraciado postumamente com essa bela homenagem na maior cancha do estado.

Na atualidade, o Zerão sedia jogos do Amapaensezão e da Copa Verde. Em 2014, a praça era candidata a receber a preparação de seleções durante a Copa do Mundo, mas, para azar do torneio, não foi escolhida. Em 15 de fevereiro daquele ano, enfim, o Zerão reabriu suas portas com uma rodada dupla na qual a seleção master do Amapá venceu por 2 a 1 os veteranos do Rio de Janeiro, e Brasil sub-20 goleou por 5×1 o combinado local.

Detalhe: teve gol para todos os lados. Esse é o futebol praticado no meio do mundo.

 

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.