Polêmica faz juiz correr de jogadores em SP

Polêmica faz juiz correr de jogadores em SP

Árbitro do duelo entre Juventus e Itapirense causou confusão ao marcar pênalti nos acréscimos

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Quem está acostumado a frequentar ambientes futebolísticos conhece muito bem a maneira nada amistosa como seus protagonistas ou espectadores se comunicam, sobretudo quando o assunto, ou o alvo, é o adversário – incluímos nesta definição, por motivos óbvios, todos os membros de uma equipe de arbitragem.

Nos momentos em que duas partes antagônicas entram em contato, então, nem se fala. A aspereza de alguns torcedores e jogadores faria nosso ilustre poeta barroco Gregório de Matos (1636 – 1696), também conhecido como “Boca do Inferno” por conta de suas fortes críticas e uso de linguagem obscena, sentir-se acanhado nos estádios.

Árbitro precisou receber proteção policial na Rua Javari (Foto: Divulgação / Juventus)
Árbitro precisou receber proteção policial na Rua Javari (Foto: Divulgação / Juventus)

Um caso oportuno que será utilizado como exemplo é o confronto entre o Clube Atlético Juventus e a Sociedade Esportiva Itapirense, nesta quarta-feira (25), no Estádio Conde Rodolfo Crespi, pela 7ª rodada do Campeonato Paulista da Série A-3.

Em função da forte chuva que atingiu o bairro da Mooca, na zona leste de São Paulo, o jogo foi tecnicamente prejudicado e ia se arrastando para um empate sem gols. O árbitro Marcelo Fabiano Mingoranci, no entanto, assinalou um pênalti favorável ao Juventus e causou discórdia por isso.

Inconformados com a falta nos acréscimos do segundo tempo, jogadores do time visitante partiram para cima do juiz, que teve de correr e se proteger atrás de policiais. Após quase seis minutos de paralisação, o atacante Abraão converteu a cobrança e garantiu a vitória por 1 a 0 do Moleque Travesso.

Com o apito final, a revolta novamente tomou conta de jogadores da equipe de Itapira, que perseguiram Mingoranci em campo. Ao ver a reação dos atletas, o árbitro, que estava próximo à lateral, correu para os vestiários enquanto a polícia o protegia.

A introdução deste texto fará mais sentido a partir de agora, caro (a) leitor (a). Na súmula*, para justificar as expulsões de Victor, Magno, Mike e Ricardinho, o juiz relatou os impropérios que lhe foram lançados, como se pode ler na transcrição abaixo.

Antes disso, vale ressaltar, ele também havia expulsado o técnico Euzébio Gonçalves e o preparador físico Antonio Fontana, ambos do Itapirense, devido às reclamações “acintosas”. Dignas de inveja até mesmo para o ácido Gregório de Matos. Confira!

“Observações Eventuais

Aos 90 2 minutos de jogo, após a marcação de um tiro penal contra a equipe S.E.ITAPIRENSE, fui informado pelo Quarto Arbitro Sr. Daniel Carfora Sottille, que o Sr. Euzebio Gonçalves RG: 17509162-6 treinador da equipe S.E ITAPIRENSE, reclamou acintosamente proferindo as seguintes palavras: “Ladrão, filho da puta, você veio aqui para fuder (sic) a minha equipe”, invadindo o campo de jogo.

Após ser expulso, o mesmo correu imediatamente em minha direção apontando o dedo acintosamente e proferindo as seguintes palavras: “ladrão, bandido, você tem que apanhar”, sendo contido pelo policiamento. Este ato inflamou os jogadores de sua equipe que correram em minha direção tentando furar o bloqueio do policiamento sendo contidos, ocasionando um tumulto da equipe S.E. ITAPIRENlSE contra a equipe de arbitragem.

Após o tumulto e antes do reinício da partida, expulsei o preparador físico da equipe S.E.ITAPIRENSE Sr. Antonio Fontana CREF 005102G/SP por, após ser contido pelo quarto arbitro Sr. Daniel Sottille, ter proferido as seguintes palavras: “tire suas mãos de mim senão eu te arrebento”, e também expulsei o jogador de nº 12 da equipe S.E. ITAPIRENSE Sr. Victor Diniz de Rezende por ter proferido as seguintes palavras:  safado, filho da puta, vai se fuder (sic).”

A partida ficou paralisada por 5 minutos, sendo reiniciada na sequência com o tiro penal. Após a cobrança do tiro penal e antes do reinicio da partida, os jogadores da equipe S.E. Itapirense tentaram abandonar o campo de jogo sendo contidos pelos atletas substitutos.

Após o término da partida, os jogadores da equipe S.E. ITAPIRENSE correram imediatamente em minha direção tentando furar o bloqueio do policiamento sendo contidos (sic).

Identifiquei os atletas de n° 07 Sr. José Magno dos Santos Matos que proferiu as seguintes palavras: “seu bandido, filho da puta, safado, pilantra”, o de n° 15 Sr. Mike William Reis dos Santos que proferiu as seguintes palavras: “ladrão, você vai apitar lá e quero ver se você vai sair vivo de Itapira,” e o de n° 02 Ricardo Archangelo de Matos que proferiu as seguintes palavras: “bandido, vai tomar no seu cu, vai se foder”, os mesmos foram expulsos sem a apresentação do cartão vermelho devido ao tumulto causado pelos mesmo (sic).

Ao nos dirigirmos ao (sic) vestiários de arbitragem, identificamos alguns torcedores com camisa do S.E. Itapirense tentando pular o alambrado para invadir o campo de jogo.”

*A íntegra da súmula está disponível neste link do site da Federação Paulista de Futebol (FPF).

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