Tempos de crise não costumam ser fáceis para ninguém. Ainda mais em um mercado de trabalho que não costuma oferecer muita estabilidade, como o dos treinadores de futebol. Por isso, pedir demissão pode ser uma manobra um tanto quanto ousada. Mas imagine só uma história em que não apenas o técnico se demite, como acaba promovido no mesmo clube do qual tinha saído?
Foi o que aconteceu no modesto York City, da quinta divisão inglesa, no qual o treinador Jackie McNamara partiu do status “ameaçado no cargo” para o posto de diretor executivo no intervalo de apenas uma semana. O que explicaria a mudança tão súbita na situação de McNamara dentro da equipe?
O escocês, que foi ídolo do Celtic e da seleção de seu país nos tempos de jogador, teve um começo desalentador à frente do York. Contratado em novembro de 2015, não conseguiu fazer nada que evitasse o rebaixamento para a National League. No início da atual temporada, os resultados continuaram sem aparecer: apenas três vitórias após 14 rodadas disputadas no certame.
Depois de um estrondoso 6×1 sofrido contra o Guiseley, ele deu a si mesmo um ultimato, com aval da diretoria do clube: se não conseguisse um resultado positivo contra o Braintree, na rodada seguinte, entregaria o cargo. O jogo aconteceu no último dia 10 e acabou empatado em 1×1. Assim, McNamara mostrou-se um homem de palavra, pedindo demissão.
Apesar dos maus resultados, houve um acordo com a diretoria para que o comandante virasse técnico interino e facilitasse a passagem do bastão até a definição do novo profissional que tomaria conta da equipe, que está brigando contra mais um descenso.
Eis que, no último domingo (16), a diretoria do York City fez dois anúncios que balançaram as cadeiras do clube. O primeiro foi o do novo técnico, o também ex-atleta Gary Mills. O segundo foi o da promoção de McNamara à função de diretor executivo, com a responsabilidade de administrar as estratégias de comunicação e marketing da agremiação.
Os cartolas do York ainda agradeceram a “fibra moral e ética no trabalho” do escocês, garantindo que essas são as razões para querer mantê-lo no clube. Agora resta saber se McNamara terá mais sorte como executivo do que teve à beira do gramado.