Bahia, o primeiro representante brasileiro na Libertadores

Bahia, o primeiro representante brasileiro na Libertadores

Na condição de vencedor da Taça Brasil de 1959, Tricolor participou da edição inaugural do torneio

COMPARTILHAR

O Bahia pode não participar da Copa Libertadores desde 1989, mas ostenta a façanha de ter sido o primeiro clube a representar o Brasil na competição sul-americana, quando esta ainda era denominada Copa dos Campeões da América, em 1960. A edição inaugural do torneio reuniu outros seis campeões nacionais de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Paraguai e Uruguai, entre 19 de abril e 19 de junho.

A estreia do time baiano ocorreu em 20 de abril, contra o San Lorenzo de Almagro, no antigo estádio Jorge Newbery, em Buenos Aires. À época, o clube argentino era comandado pelo técnico José Barreiro e tinha em sua linha ofensiva ninguém menos do que José Sanfilippo, maior artilheiro da história azul e grená, em parceria com os selecionáveis Héctor Facundo, Miguel Ruiz, Oscar Rossi e Norberto Boggio.

José Sanfilippo
Algoz em 60, artilheiro Sanfilippo jogou pelo Bahia entre 1968 e 1971 (Foto: Reprodução/Taringa)

No ano anterior, Barreiro havia orientado sua equipe na ótima campanha que resultou no sétimo título sanlorencista, com larga vantagem sobre o vice-campeão Racing (21V, 3E e 6D), tendo marcado 75 gols e sofrido 42.

Destaque, Sanfilippo sagrou-se artilheiro com a incrível média de 31 gols em 30 jogos, nove a mais do que o atacante Rubén Héctor Sosa, então figura importante do rival celeste e branco de Avellaneda.

Por outro lado, o Bahia não teve vida fácil na Taça Brasil de 1959, que reuniu 16 campeões estaduais. Sob o comando de Efigênio Bahiense, apelidado de Geninho, o Tricolor de Aço eliminou facilmente o CSA, mas só teve duelos parelhos na sequência do certame.

No caminho até a final, o clube precisou de três jogos para derrotar Ceará, Sport e Vasco da Gama antes de encontrar o poderoso Santos de Zito, Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe.

No primeiro jogo da decisão, houve uma surpreendente vitória nordestina por 3 a 2 na Vila Belmiro, de virada, com dois gols de Alencar e um de Biriba. Na etapa inicial, Pelé havia aberto o placar, e Pepe descontou de pênalti no segundo tempo. Já no Estádio da Fonte Nova, em Salvador, diante de quase 40 mil pessoas, o Alvinegro da Baixada se vingou e triunfou por 2 a 0, tentos de Coutinho e novamente Pelé.

Inusitadamente, a derrota custou o emprego de Geninho, substituído no cargo pelo argentino Carlos Martín Volante, ex-futebolista que surgiu para o futebol no Lanús, atuando na posição que seu sobrenome sugere, e acumulou passagens por San Lorenzo, Napoli e Flamengo, entre outros. Como técnico, havia faturado quatro estaduais com Internacional e Vitória (Gaúchos de 1947 e 1948 e Baianos de 1953 e 1955).

Na grande final, realizada no Maracanã, em 29 de março de 1960, o Santos voltou a sair na frente com Coutinho. A vantagem só durou dez minutos, pois Vicente decretou o empate ainda no primeiro tempo. Depois do intervalo, Léo, que se consagraria artilheiro do torneio com oito gols, e Alencar marcaram para o Bahia em um jogo que se tornou tenso e repleto de expulsões, assegurando o título nacional inédito.

Henrique e Maurito Bahia
Zagueiro Henrique e atacante Maurito com a camisa do Bahia em 1960 (Foto: Reprodução/arogeraldes.blogspot)

Festejada a conquista nas ruas e com quase um mês de preparação, o Tricolor de Aço viajou a Buenos Aires com praticamente o mesmo time que enfrentou o Santos no Rio de Janeiro, com exceção do lateral-direito Nenzinho, trocado por Leone.

Os anfitriões, porém, fizeram valer o mando de campo e a eventual superioridade numérica para vencer por 3 a 0, gols de Rossi, Ruiz e Sanfilippo, todos no segundo tempo.

No dia 3 de maio, na Fonte Nova, o San Lorenzo precisou de apenas seis minutos para inaugurar o marcador, com Sanfilippo. Apesar do cenário adverso, o jogo não estava perdido.

O time local virou a partida graças a Carlitos e Flávio. Inspirado, Sanfilippo balançou a rede outra vez e dificultou a vida dos baianos. Marito ainda garantiu a vitória do Tricolor, mas o resultado não foi o bastante para se classificar.

Dessa maneira, o San Lorenzo avançou à semifinal e encontrou o Peñarol, que acabou eliminando o time argentino depois de três jogos e superou o Olimpia na disputa pelo título. O Bahia, por sua vez, só retornou à Libertadores em 1964 e 1989, ano em que foi batido pelo Internacional nas quartas de final. Mas pelo menos sempre poderá se orgulhar de ter sido o primeiro brasileiro a jogar este glorioso e cobiçado torneio.

Deixe seu comentário!

comentários