Há quase meia década, no mesmo Chile que hoje recebe atenções por sediar a Copa América, José Ely Miranda fez a mais importante partida de sua carreira. No dia 17 de junho de 1962, no Estádio Nacional de Santiago, o jogador marcou o segundo gol do Brasil na vitória por 3 a 1 sobre a Tchecoslováquia na final da Copa do Mundo, resultado que garantiu o bicampeonato do torneio à seleção canarinho.
Mas a consagração na capital chilena não foi nem de longe o único destaque da vitoriosa carreira de Zito, como o volante era popularmente conhecido. Natural de Roseira-SP e revelado pelo Taubaté em 1948, ele transferiu-se para o Santos três anos mais tarde, quando o clube do litoral paulista começava a juntar as peças daquele que se tornaria, na minha modesta opinião, o melhor e maior time de todos os tempos.
O dia em que Zito apresentou um campeão do mundo a Robinho
Na Vila Belmiro, Zito recebeu o apelido de “Gerente” graças à habilidade que possuía de orientar seus companheiros de equipe e exercer uma invejável liderança dentro de campo, muitas vezes como se fosse o próprio técnico Lula trajando o uniforme alvinegro. Sempre exigente, o jogador distribuía broncas na equipe inteira, inclusive no jovem Pelé, que, apesar da idade, já era a principal estrela do futebol brasileiro naquela época.
Durante os 15 anos que defendeu o Peixe, Zito conquistou nove títulos do Campeonato Paulista, quatro da Taça Brasil, dois da Copa Libertadores da América, dois do Intercontinental e quatro do torneio Rio-São Paulo. Fez 727 jogos com a camisa do Santos e marcou 57 gols. Na seleção, participou de 46 jogos, disputou três Copas (1958, 1962 e 1966) e converteu três gols. Um deles, como explicado acima, em uma decisão.
Bem antes de dar seu último suspiro, na noite deste domingo (12), aos 82 anos de idade, na cidade de Santos, onde encantou o mundo do futebol, o “Gerente” ainda fez um golaço – mesmo com as chuteiras penduradas há tanto tempo. Foi ele quem descobriu Neymar, o talentoso jovem de 23 anos que já carrega nos ombros a pesada responsabilidade de liderar o tradicionalíssimo escrete nacional.
Agora, o destino, esse incansável brincalhão, dá a oportunidade perfeita para o atacante do Barcelona realizar uma homenagem póstuma ao eterno capitão santista. Afinal, Neymar é dono da braçadeira da seleção e pode levantar a nona taça do Brasil na Copa América. E há lugar mais apropriado para fazê-lo do que na terra onde Zito deu uma inestimável contribuição para erguer nosso país até as alturas?