De avó para pai, de pai para filho. A hereditariedade sempre esteve presente no mundo do futebol. E também na seleção da Espanha, em particular, agora representada há três gerações pela família Alonso. O mais recente membro dela a ser convocado foi o lateral-esquerdo Marcos, 27 anos, do Chelsea, que pode debutar pela equipe principal de seu país na tarde desta sexta-feira (23), no amistoso contra a Alemanha, em Dusseldorf.
O cenário seria pra lá de marcante, afinal, o jogo define o encontro entre as últimas campeãs mundiais, às vésperas de uma nova Copa (faltam 83 dias!). Por mera curiosidade estatística, os alemães têm vantagem diante dos espanhóis no retrospecto geral, com nove vitórias, seis empates e sete derrotas. Para ter continuidade ainda hoje, no entanto, essa rara tradição familiar depende das escolhas do técnico Julen Lopetegui.
O legado dos Alonso começou com o falecido zagueiro Marcos Alonso Imaz, o Marquitos. Nascido em 1933, ele iniciou a carreira no Racing Santander e depois defendeu o Real Madrid por nove temporadas, entre 1954 e 1962, onde tornou-se um dos jogadores mais vitoriosos do clube. Pela seleção, jogou dois amistosos, contra França e Inglaterra. A dinastia da família continuou com seu filho, o atacante Marcos Alonso Peña (1955).
Embora não tenha sido tão bem-sucedido quanto o pai em termos de clubes – Marquitos foi pentacampeão europeu e hexacampeão nacional com os merengues -, Peña, que também dera seus primeiros passos no Racing Santander, obteve destaque no Atlético de Madrid e no Barcelona, o que o levou a vestir a camisa da Fúria em 22 oportunidades, nas quais jogou as eliminatórias para a Euro de 1984 e para o Mundial de 1986.
Seu auge como futebolista ocorreu na final da Copa do Rei de 1983 frente ao Real Madrid, quando marcou o gol da vitória por 2×1 no último minuto e garantiu o 20º título do Barcelona no torneio.
Já pela equipe nacional, debutou na primeira vitória sobre a Inglaterra em território rival e fez parte da equipe que aplicou a segunda maior goleada espanhola (12×1 diante de Malta, em 1983). Contra a Islândia, em 1985, fez seu único tento pela seleção.
Depois de pendurar as chuteiras, Peña aventurou-se à beira dos gramados como assistente técnico de Jorge D’Alessandro no Atlético de Madrid, em 1994. No ano seguinte, assumiu o comando do Rayo Vallecano. Passaria também por Racing de Santander, Sevilla, Atlético de Madrid, Real Zaragoza, Real Valladolid e Málaga, sem grandes êxitos. Seu último trabalho foi na segundona, à frente do Granada 74, em 2008.
No ano em questão, coincidentemente, Marcos Alonso Mendoza, estreava aos 17 anos pelo Real Madrid Castilla, na terceira divisão nacional. Em 2010, fez sua primeira aparição no time principal contra… o Racing de Santander. Ao fim da temporada, ele transferiu-se para o Bolton Wanderers, onde ficou até assinar com a Fiorentina em 2013. Jogou por empréstimo no Sunderland e em 2016 chegou ao Chelsea, que o projetou à seleção.
O caso dos Alonso é raro, mas não é inédito, como mostram os seguintes exemplos de avôs, pais e filhos que defenderam o mesmo país: os norte-irlandeses Feeney (Jim, Warren e Warren James), os egípcios Emam (Yehia, Hamada e Hazem) e os malteses Schembri (Salvinu, Eric e André). Ademais, vale citar os Weiss (três Vladimír) – o primeiro jogou pela Tchecoslováquia, o último pela Eslováquia, e o segundo por ambas.
Finalizando o levantamento publicado no jornal Marca, o uruguaio Juan Carlos Corazzo foi sogro de Pablo Forlán e avô de Diego Forlán, enquanto o mexicano Tomás Balcázar é sogro de Javier “Chicharo” Hernández e avô de Javier “Chicharito” Hernandéz. Eles não seguem a mesma regra utilizada acima, mas está tudo praticamente em família.
