1983: O Uruguai vence na última terra sem lei

1983: O Uruguai vence na última terra sem lei

Relembre o título do Uruguai sobre a seleção brasileira em 1983

COMPARTILHAR

15 vezes campeão, quase o dobro de títulos da Copa América que o Brasil, que tem 8. Não estamos falando da Argentina.

O Uruguai tem uma tradição centenária no futebol, e mais histórias para contar do que os próprios centenários possam se lembrar.

Aliás, ja é quase centenário o primeiro título celeste na América, em 1916. Realizada na Argentina, a competição comemorava o centenário da independência dos hermanos. Jose Piendibene foi o autor do primeiro gol do torneio na goleada de 4 a 0 sobre os chilenos.

O artilheiro? Uruguaio, claro: Isabelino Gradin marcou 3 tentos e ficou com o posto. Naquele mesmo ano, mais um uruguaio entraria para a historia: Héctor Rivadavia Gómez aproveitou o primeiro sul-americano para criar a Confederación Sudamericana de Fútbol, em 9 de julho de 1916, decisão ratificada em dezembro do mesmo ano.

A seleção do Uruguai continuaria sua bonita história sendo bicampeã do torneio entre sul-americanos, com o zagueiro Manuel Varela jogando como goleiro no lugar de Cayetano Saporiti, que havia se machucado. O arqueiro argentino Alfredo Martin quis deixar a partida para compensar a ausência de Saporiti, mas o capitão uruguaio Jorge Pacheco não deixou e a celeste saiu campeã após a vitória por 1 a 0 sobre os Argentinos.

A rivalidade com o Brasil – A final de 1983

O Brasil amargava 13 anos de seca e ainda tentava digerir a Copa de 1982, perdida por um dos times mais vistosos que o mundo já viu. Mesmo assim, ele estava bem modificado. Sem Falcão, Cerezo e Zico, cabia a Sócrates comandar o meio de campo canarinho que pelo menos podia se gabar de um ataque formado por Dinamite e Éder (e com Careca no banco)

Do lado uruguaio, já se passavam 16 anos do último titulo relevante, a própria Copa America, em 1967. A celeste vinha forte e com uma campanha consistente. A baixa era o atacante Fernando Morena: 3 vezes artilheiro da Libertadores (1974, 75 e 82) e maior goleador da historia do Campeonato Uruguaio (230 gols). Grande referência da equipe, Morena se machucou na vitoria por 3 a 0 sobre a Venezuela, jogo em que ele deixou sua marca. Ele nunca mais atuaria pela Celeste.

A ótima seleção uruguaia campeã em 1983  (Foto: Reprodução/clicrbs.com.br)
A ótima seleção uruguaia campeã em 1983 (Foto: Reprodução/clicrbs.com.br)

Essa edição era a terceira e última na qual a Copa America seria disputada sem sede fixa; os times jogavam duas vezes sempre, uma fora e outra em casa. O Uruguai queria o caneco para igualar o feito da Argentina, já com 12 conquistas. No Grupo 1, os uruguaios passaram por Chile e Venezuela numa formatação com 3 grupos de 3 times e os 3 melhores avançando alem do campeão anterior, o Paraguai.

O Uruguai bateu nas semi o até então invicto Peru em Lima e passou com um empate na volta.

A final reuniu duas seleções que caminhavam em direções opostas. O Uruguai crescia na competição e o Brasil vinha cambaleando durante todo o torneio e só passou porque a Argentina não teve a capacidade de bater o Equador em nenhuma partida.

O Uruguai só perdeu pro Chile, e fora de casa. Com a lesão de Morena, cresceu o futebol de Pato Aguilera e o de um tal de Enzo Francescoli, um dos maiores meias que o mundo já viu, com apenas 22 anos. Ele marcou o primeiro na vitoria em Montevidéu e adivinha como? De falta, claro!

Mas o que matou as chances de titulo do Brasil foi o segundo gol. Aguilera acertou a trave após um lançamento primoroso de Francescoli, o lance seguiu e o Brasil, desorganizado, assistiu a tabela de Diogo e Pato Aguilera.

Na volta, 95 mil lotaram a Fonte Nova e viram o Brasil fazer 1 a 0 logo com 20 minutos de jogo. Mas o Maracanazzo estava lá, disfarçado de baiano. Aos 32 da etapa complementar, Junior foi driblado na lateral e o cruzamento perfeito caiu na cabeça do matador: Aguilera testou, Leão tocou, mas a bola entrou. O Uruguai findava a seca em grande estilo, e pela primeira batia o Brasil em uma final de Copa America.

As escalações da finalissima:

Brasil: Leão; Paulo Roberto, Márcio Rossini, Mozer e Júnior; China, Jorginho, Sócrates e Tita (Renato Gaúcho); Roberto Dinamite (Careca) e Éder. Técnico: Carlos Alberto Parreira.

Uruguai: Rodolfo Rodríguez; Diogo, Gutierrez, Acevedo e Washington González; Agresta, Barrios e Francéscoli; Aguilera (Bossio), Cabrera e Acosta (Venancio Ramos). Técnico: Omar Borrás.

17 anos sem Copa America? Nunca no Uruguai

Assim como é primeiro, pioneiro, o Uruguai também foi o último campeão. A celeste nunca passou mais do que 16 primaveras sem vencer a competição, fato que se renovou em 2011 após o titulo de 1995. Será que vem bicampeonato?

Deixe seu comentário!

comentários