Há vinte anos, um conto de Cinderela tomava as manchetes do futebol alemão. O Kaiserslautern, clube extremamente tradicional e um dos fundadores da Bundeslisga, sagrava-se campeão nacional em sua primeira temporada após o retorno à elite, um feito sem precendentes. Era o quarto título da liga para o clube, que ainda iria alcançar as quartas de final da Liga dos Campeões na temporada seguinte.
Saltamos de volta para 2018. Aquele Kaiserslautern forte, que teve em suas fileiras jogadores do calibre de Fritz Walter, Andreas Brehme, Michael Ballack e Miroslav Klose, parece ser apenas uma triste lembrança. A realidade atual é completamente diferente, e até mesmo chocante para quem viu os tempos áureos dos “Diabos Vermelhos”.
Faltando somente três rodadas para o final da temporada na segunda divisão alemã, o Kaiserslautern se encontra na lanterna da Bundesliga 2, com 29 pontos, oito atrás do St. Pauli, décimo sexto colocado e atualmente “qualificado” para o playoff contra o terceiro colocado da terceira divisão.
Resumindo, para evitar mais um rebaixamento o time da Renânia precisaria ganhar seus três jogos restantes e torcer por três derrotas do St. Pauli, além de uma vitória no playoff. Basicamente, o Kaiserslautern só se salva da terceirona com um verdadeiro milagre, algo que desde a virada do século parece bastante improvável.
Depois de um fim de século XX cheio de glórias para sua torcida, o time começou a degringolar nos anos 2000 por conta de administrações incompetentes e alguns fatores externos. Um deles foi a reforma do estádio Fritz Walter, escolhido como sede da Copa do Mundo de 2006 e responsável por minguar os recursos financeiros do clube.
Desde então, mesmo com alguns brilharecos lá e cá, o time frequentou mais a segunda divisão do que a primeira, e agora amarga com o cada vez mais visível fantasma de mais um rebaixamento. As poucas esperanças de sobrevivência pousam nos ombros de atletas experientes, como o turco Halil Altintop, 35 anos, e o volante Cristoph Moritz, ex-Schalke.
Não bastasse o drama da luta contra o descenso, o elenco ainda lidou com um baque fortíssimo no meio do temporada, quando o técnico Jeff Strasser sofreu uma parada cardíaca no intervalo do jogo contra o Darmstadt. O luxemburguês afastou-se do cargo para cuidar da saúde, e o time aparentemente sentiu o efeito disso dentro de campo.
Como visto, parecem restar poucas esperanças para esta temporada em Kaiserslautern. Os dias melhores parecem cada vez mais distantes, enquanto a crise não parece ter fim. Mas mesmo que o iminente rebaixamento se concretize, vale lembrar que o clube já se reergueu das cinzas uma vez, e que não custa nada voltar ainda mais forte.
