Sobre apitos e mesas de bar

Sobre apitos e mesas de bar

Uso da tecnologia do futebol vem se mostrando cada vez mais necessário

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Arbitragem brasileira vem desapontando torcedores e dirigentes (Foto: CBF/Divulgação)
Arbitragem brasileira vem desapontando torcedores e dirigentes (Foto: CBF/Divulgação)

Algumas cenas se repetem em programas esportivos transmitidos na hora do almoço. Muita gritaria, gesticulações, debates acalorados e milimetricamente no limite entre a notícia e a comédia pastelão. Nos últimos anos, o tema dessas discussões tem sido o mesmo: os erros de arbitragem.

Os famosos papos de mesa de bar, conversas infinitas sobre eventuais benefícios ao time “x” ou “y”, estão tomando conta em qualquer conversa sobre futebol ultimamente, e não sem motivo. O nível dos homens do apito parece ter chegado ao fundo do poço, mudando rumos de partidas e talvez até do campeonato.

Com uma confederação responsável pela organização dos torneios que é tão limpa e transparente quanto banheiro de rodoviária, acaba sendo difícil para os torcedores que vêem seus times prejudicados não suspeitar de teorias da conspiração.

E até mesmo os beneficiados não conseguem rir à toa, tampouco desfrutar do desempenho de sua equipe, que possivelmente teria potencial para chegar longe mesmo sem eventuais ajudas dos juízes.

Os erros no apito seguem manchando a reputação e o trabalho de pessoas sérias no meio do futebol, e inúmeras razões podem ser listadas para explicar a avalanche de falhas e abusos cometidos por apitadores.

Todo fã de futebol sabe que ser árbitro é uma profissão ingrata, que as condições de trabalho não são boas o suficiente, que a função poderia ser profissionalizada e que alguns lances só podem ser identificados com precisão por meio de auxílio tecnológico.

Se esse é o único jeito, por que não utilizá-lo? A tecnologia já está presente em diversos momentos do dia-a-dia, querendo ou não.

Ao que parece, a razão para o futebol não ter aderido de vez às facilidades que o mundo virtual pode trazer está ligada a um aspecto cultural do torcedor.

“Erros fazem parte, é até bom para ter o que falar na mesa do bar”, dizem alguns. De fato, quem nunca se envolveu numa dessas discussões, que atire a primeira pedra. Mas ninguém pensa assim quando vê seu clube ser prejudicado.

Ligar-se a esse detalhe do “papo de boteco” é se apegar desnecessariamente a um aspecto mínimo do futebol, que tem outros diversos fatores que provocam a paixão dos torcedores através dos anos.

O uso da tecnologia é polêmico e costuma dividir opiniões, mas em uma realidade com homens do apito perdendo cada vez mais a credibilidade, talvez seja a medida mais eficiente para dar um suporte aos árbitros e evitar que erros continuem mudando jogos.

É claro que existe uma questão problemática: e nos jogos em campos pequenos, sem estrutura nem cobertura da TV? Afinal de contas, não se pode marginalizar essas partidas, quanto menos submetê-las a uma regra diferente de jogos com mais visibilidade.

Algo que precisa ser pensado, mas enquanto isso uma atitude deve ser tomada para evitar que a competitividade seja afetada por um mero assopro ou braço erguido de maneira equivocada. E que os tais papos no bar possam ser mais voltados ao desempenho das equipes que ao soar do apito.

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