O futebol italiano vive uma crise econômica. Tão grande quanto a falta de poderio financeiro por parte da maioria das equipes está a crise técnica que assola o Calcio há tempos. Antes referência e considerado melhor campeonato do mundo, o Italiano já não é mais o mesmo.
Entretanto, com o ótimo desempenho da Juventus na última edição da Liga dos Campeões, além da boa participação dos clubes italianos na Liga Europa, uma chama de esperança está acesa e espera-se que seja cultivada com muito carinho nas próximas temporadas.
No mesmo passo, a seleção nacional acumula participações lamentáveis nas duas últimas Copas do Mundo. Além de não ter passado sequer da primeira fase, apresentou um futebol que não convenceu.
Porém, as seleções de base italianas começam a demonstrar bons resultados e buscam melhorar os desfechos da equipe principal. Apesar de não levantar um título desde 2008, a forma de jogo vem evoluindo e novos talentos estão surgindo.
A equipe do Alambrado entrevistou o olheiro italiano Gennaro Ciotola, proprietário da Ciotola Scouting e conhecedor do futebol de base do país tetracampeão mundial. Além de falar da situação da Azzurra, o scout também comentou o atual momento do futebol brasileiro.
Equipe Alambrado: Como é o sistema de categorias de base do futebol italiano?
Gennaro Ciotola: A Itália tem focado pouco nas categorias de base nos últimos anos, diferentemente do que ocorre nos outros grandes países. Porém, nos últimos dois anos houve uma melhora considerável. Para voltar a dominar o mundo, é necessário focar nas categorias de base e fazer um excelente trabalho.
EA: A seleção italiana está se renovando da melhor maneira?
GC: Não é porque sou italiano, mas na Itália sempre tivemos grandes talentos e temos uma nova boa geração. Como mencionei anteriormente, agora o trabalho agora está sendo bem feito. Estão surgindo jogadores como Berardi, Gabbiadini, Rugani e Cataldi, que são o futuro da Azzurra.
EA: Qual a principal geração italiana? A categoria 1998 promete muito?
GC: Na Itália, há muitos jogadores de qualidade na geração de 98. Cosimo La Ferrara, do Milan, Luca, da Juventus, e Antonio Negro, do Napoli, são alguns dos principais jogadores da categoria.
EA: Você assiste ao futebol brasileiro? Gosta do que vê?
GC: Futebol brasileiro ainda é da fantasia e do entretenimento. Você gosta de assistir. Mas é fato que precisa evoluir taticamente.
EA: O que você achou do 7 a 1 sofrido pela seleção brasileira na última Copa do Mundo?
GC: O 7 a 1 contra a Alemanha é histórico, impossível de se esquecer. Ainda mais quando você joga em casa e tem toda a pressão da torcida, pessoas que querem que você ganhe de qualquer maneira. Realmente é muito triste o que aconteceu, mas tem que virar a página e seguir em frente.
EA: Como é o seu trabalho como scout?
GC: O trabalho que faço é o que pensei desde sempre. Fazer isso é minha paixão. Eu faço a prospecção com muito amor e penso que no fim deste ano vou realizar um desejo: ver jogos do futebol brasileiro ao vivo.
EA: Quais são as melhores seleções atualmente e que utilizam alguns jovens?
GC: Eu gosto muito da Bélgica e da Colômbia. Praticam um futebol que me agrada.
EA: Qual é o principal talento italiano jovem no momento?
GC: Eu vejo Domenico Berardi como um dos melhores da história recente da Itália. Ele está crescendo muito e é só deixa-lo trabalhar com tranquilidade que os resultados irão aparecer.
EA: E o que você acha do Cosimo La Ferrara? Acha que está evoluindo?
GC: Ele está melhorando muito, tem muito talento. Ele precisa trabalhar tranquilamente e sem muita pressão que os resultados aparecerão.
EA: O que você acha do Neymar?
GC: Neymar é um dos principais jogadores do mundo e esta temporada teve um rendimento muito bom.
EA: E qual o grande talento entre os jogadores jovens do Brasil para você?
GC: Eu acho que realmente o Gérson é o melhor entre eles. Ele tem uma canhota extraordinária.