Nos últimos anos o Campeonato Italiano não tem sido palco de grandes surpresas. À parte das medíocres campanhas do gigante Milan e da falta de brilho da outrora hegemônica Internazionale, a tendência no Calcio tem sido a mesma há tempos: Juventus campeã com folga, enquanto equipes como Roma, Napoli, Lazio e Fiorentina se revezam na condição de principais oponentes.
No entanto, a temporada atual apresentou um intruso na briga pelas vagas em competições europeias. Um time que tenta voltar a participar de dos torneios continentais para comemorar seu centenário, que acontece em outubro deste ano, em grande estilo.
Trata-se da Atalanta, um clube que superou todos os prognósticos do início da temporada e, com uma impressionante arrancada de 16 pontos conquistados nas últimas seis rodadas, encontra-se atualmente na quarta posição do Campeonato Italiano, posto que lhe garantiria uma vaga na Liga Europa.
A vaga seria como um título no centenário, mas não se trata apenas da simbologia. Mantendo a classificação atual, o clube da Lombardia alcançaria sua melhor campanha na história do Calcio, superando o quinto lugar do longínquo torneio de 1948.
Nesse meio-tempo a Atalanta chegou a conquistar uma Copa da Itália em 1963, além de ter montado times competitivos entre os anos 1980 e 1990, chegando a contar com os artilheiros Evair e Caniggia em suas fileiras.
Na campanha atual, existem poucos nomes de peso, mas há muito esforço e aplicação tática, em um time recheado de jovens. A equipe titular tem média de 24,8 anos de idade, e o único “veterano” é o zagueiro Andrea Masiello, de 31 anos.
A equipe é montada em um 3-5-2 pouco usual, com o meio de campo formado em uma linha de quatro atletas que dão suporte ao meia esloveno Jasmin Kurtic. Entre os “cães de guarda”, o destaque é o jovem volante marfinense Franck Kessié, que com apenas 20 anos já conquistou a torcida correndo o campo todo e aparecendo na frente para fazer gols. Só nesse Italiano já foram seis.
Mas o queridinho dos apoiadores da Atalanta é o atacante argentino Alejandro “Papu” Gómez, capitão da equipe e artilheiro com nove gols. Gómez tem formado uma dupla interessante com a promessa italiana Andrea Petagna, que depois da estreia pelo Milan rodou em diversas equipes da Itália até se encontrar em Bergamo.
Quem dá o toque brasileiro ao time é o zagueiro Rafael Tolói, ex-Goiás e São Paulo, que depois de certa dificuldade no início se adaptou bem ao futebol do país e tem sido um bom suporte na defesa.
Para um elenco formado por “refugos”, jogadores emprestados e jovens promessas, a mera briga por uma vaga em competições europeias já é motivo de orgulho. Basta saber até onde dura o sonho de Cinderela da Atalanta.