Rejeitados pela Fifa para Copas – Parte II

Rejeitados pela Fifa para Copas – Parte II

Mais guerras, dívidas, "Los Cachirules" e caso Rojas; Confira a segunda parte do especial.

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África do Sul punida pelo Apartheid. Japão e Alemanha em decorrência da Segunda Guerra Mundial. Espanha pela Guerra Civil. Congo por não enviar um papel por escrito. A primeira parte do especial, que você confere aqui, reuniu esses e outros casos.

O Alambrado segue com a saga, e, a partir de 1970, até o futuro Mundial de 2018, conta a história das seleções que tentaram participar de Copa do Mundo, mas foram barradas no baile. Pela própria entidade máxima do futebol. Fique por dentro:

1970

No Mundial do México, há um mistério. A inscrição da Albânia foi rejeitada pela Fifa sem qualquer justificativa pública. Mesmo hoje, 45 anos depois, as razões para o veto seguem nebulosos – prática comum da entidade, que não é das mais transparentes. O mesmo vale para Cuba, Guiné e Zaire, que sequer disputaram as Eliminatórias.

1982

A entidade só viria intervir na lista de inscritos doze anos mais tarde, no Mundial da Espanha. Desta vez, quem não conseguiu se credenciar para o principal torneio de seleções foi a República Centro-Africana, que, segundo a Fifa, não cumpriu o prazo estipulado para o pagamento da inscrição da federação na competição.

1986

Iraque se classificou para a Copa; Irã foi suspenso por guerra entre os dois países (Foto: Reprodução)
Iraque se classificou para a Copa; Irã foi suspenso por guerra entre os dois países (Foto: Reprodução)

Caso parecido com a do país africano foi o da Jamaica, em 1986. Só que os caribenhos não apenas deixaram de pagar a taxa de inscrição para a Copa, como também o valor exigido para ser um dos filiados à Fifa. Ficou de fora.

Na mesma edição, o Irã também acabou barrado. O motivo, décadas depois, voltaria ser uma guerra – a que ficou conhecida como Irã-Iraque.

À época, os persas enfrentavam uma conturbada situação política – a Revolução Iraniana. O governo anterior, acusado pelos revolucionários de ser aliado aos EUA e privilegiar interesses estrangeiros em detrimento das necessidades próprias da nação, havia sido derrubado.

Pouco tempo depois, veio a resposta norte-americana. Apoiaram o lado iraquiano, menos radical quanto à política internacional, na guerra. Curiosamente, o conflito foi provocado pelo próprio Iraque, que decidiu revogar um acordo territorial de anos com os iranianos.

Para a Fifa, estranhamente, apenas o Irã não merecia disputar aquela Copa do Mundo. O Iraque não apenas disputou as Eliminatórias, como também se classificou para o torneio. O time do Oriente Médio se despediu com três derrotas e um gol marcado.

1990

Sede do Mundial anterior, o México não disputou a edição seguinte. E não por resultados abaixo do esperado. O time acabou punido pela Fifa com a suspensão em 1990 por casos de adulteração de idade de jogadores.

Isso aconteceu durante torneios classificatórios para o Mundial Sub-20 de 1989. No episódio, conhecido como “Los Cachirules”, foram descobertos quatro jogadores com idade real superior à informada na inscrição do time de base do selecionado nacional. O castigo acabou se estendendo ao time profissional.

Também em 1990, a Fifa decidiu barrar outras três seleções: Belize, Ilhas Maurício e Moçambique. O trio já acumulava dívidas de muitos anos, segundo a entidade. O não pagamento antes da inscrição acabou culminando na suspensão, que foi abolida em 1994.

1994

Guerras novamente viraram destaque no Mundial dos EUA. Desta vez, porém, a entidade apenas acatou recomendações da ONU, que pediu a suspensão de Iugoslávia e Líbia. O primeiro em decorrência do conflito dos Balcãs, que deixou cerca de 140 mil mortos.

A guerra envolveu três etnias dentro da Iugoslávia, que, anos mais tarde, culminaram na separação de três países: Sérvia e Montenegro, Bósnia-Herzegovina e Croácia. A última não apenas disputou a Copa de 1998, como também alcançou o terceiro lugar. Já as duas primeiras jogaram o último torneio sob o selecionado iugoslavo.

Já a Líbia enfrentava uma situação de isolamento diplomático. Sob as mãos de ferro do ditador Muammar Al-Gaddafi, o país tinha rompido com EUA e boa parte da Europa por sua política contra Israel. O estopim para a suspensão na Copa foi um atentado terrorista a um avião norte-americano, que teria sido planejado por dois líbios. Os acusados não foram extraditados pelo país aos EUA, e as retaliações foram com pesados embargos econômicos – e até esportivos.

Roberto Rojas e o sinalizador: o auge das Eliminatórias (Foto: Reprodução)
Roberto Rojas e o sinalizador: o auge das Eliminatórias (Foto: Reprodução)

O caso mais folclórico, porém, e mais conhecido, é o do Chile. A equipe enfrentou o Brasil em 1989 no Maracanã, pela última rodada das Eliminatórias, precisando vencer para se classificar e eliminar a seleção da casa. Enquanto perdia por 1 a 0, já no fim do jogo, o goleiro Roberto Rojas pressentiu a inevitável eliminação e resolveu usar seu plano B.

Aproveitando um sinalizador lançado ao gramado por uma torcedora brasileira – Rosinery Mello, que mais tarde posaria nua para revistas masculinas como a “fogueteira” – Rojas sacou uma pequena lâmina escondida na luva, se cortou e caiu próximo do objeto. Sangrando, convenceu o árbitro a encerrar a partida por falta de segurança.

A farsa não demoraria a ser desmascarada. Câmeras de TV deixavam claro que o objeto havia caído bem longe do goleiro. Rosinery chegou a ser presa, mas a história da lâmina acabou esclarecida. O Chile foi punido com a ausência no Mundial de 1994, alguns jogadores foram suspensos e Rojas acabou banido do futebol.

2002

Também por motivos financeiros, a Guiana, que disputa as Eliminatórias da Concacaf, acabou suspensa e impedida de participar da Copa do Mundo realizada na Coreia do Sul e no Japão.

2014

A única seleção barrada para a Copa do Mundo brasileira foi a de Brunei. No caso, por interferência do governo local na federação de futebol, que foi destituída, para a criação de uma nova entidade. Algo terminantemente proibido pela Fifa, que castigou o pequeno país do pacífico com a impossibilidade de disputar as Eliminatórias.

2018

O mesmo caso tirou a Indonésia do futuro Mundial da Rússia. Frequentes intervenções do governo local no futebol do país culminaram na suspensão. Quem também acabou punida foi a seleção do Zimbábue. O motivo é curioso: a federação atrasou meses de salário do ex-técnico José Claudineio, que acionou a Fifa. Ganhou a causa, e, de quebra, tirou o país da competição.

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