O peso de nunca ter ido a uma Copa do Mundo parece não ter sido sentido pela Venezuela até a década passada. Únicos da América do Sul a não terem participado da maior competição do futebol mundial, os venezuelanos parece ter mudado sua mentalidade.
De muitos anos para cá, é notável a evolução do futebol do país. Restringindo ainda mais o período de tempo, os resultados começaram a aparecer. O desejo pela Copa do Mundo ganha ainda mais força com a geração dourada do futebol venezuelana que vem sendo destaque na Copa do Mundo sub-20, o primeiro passo para o sucesso.
Com o “quadrado mágico em ação”, que passa a ser outra figura geométrica com o acréscimo de outros tantos talentos do setor ofensivo, a Venezuela terminou a primeira fase do Mundial com a melhor campanha.
Em uma chave equilibrada, que contava com Alemanha e México, além de Vanuatu, os venezuelanos ganharam todas as partidas, sem sofrer um gol sequer. Foram 10 gols anotados. Futebol ofensivo, criativo e muito sólido.
A campanha está perto de superar o melhor desempenho de uma seleção venezuelana em uma fase final de competição FIFA. Em 2009, a equipe sub-20 chegou às oitavas de final do Mundial. À época, o brilho era do atacante Rondon, que hoje está na seleção principal.
O quadrado mágico, formado por Adalberto Peñaranda, Yangel Herrera, Yeferson Soteldo e Ronaldo Peña, mostra talento acima da média histórica do país – e que tende a se tornar mais comum com o desenvolvimento do futebol local. E ganhou um quinto elemento de muito talento: Sergio Córdova.
Peñaranda, do Málaga, é a estrela da companhia. Atacante, o canhoto de 20 anos tem muita habilidade e capacidade de decisão. Com passe pertencente ao Watord, a promessa já fez gol pelo Campeonato Espanhol, pelo Granada, tem 11 jogos pela seleção principal da Venezuela e estreou pelos profissionais do Deportivo La Guaira, seu time de origem, aos 16 anos.
O cabelo loiro platinado do atacante não chama tanto atenção quanto a capacidade de drible e finalização. No Mundial Sub-20, já fez um gol, além de assistências e chances de gols.
Yangel Herrera é o cérebro da equipe. Tudo passe pelo pé do meio-campista. Com apenas 19 anos, foi contratado pelo Manchester City no início de 2017, e emprestado para o New York City.
Mais à frente, Soteldo é o mágico. O baixinho, que deixa a fragilidade física de lado com muita velocidade e capacidade drible, talvez seja um dos jogadores mais imprevisíveis do Mundial Sub-20. Com apenas 19 anos, já tem experiência de sobra.
Foram três anos como destaque do Zamora, inclusive com muitos gols marcados. Vendido ao Huachipato, já começa a fazer barulho no Chile, tanto que despertou interesse do São Paulo.
O centroavante é Ronaldo Peña. Alto, mas técnico e móvel, já se destaca pelo Las Palmas B. É o artilheiro da seleção e tem estilo semelhante ao de Salomon Rondon. Fez gol na vitória histórica sobre a Alemanha, no Mundial Sub-20.
O quinto elemento, que se intrometeu no quadrado que se destacou no Sul-Americano Sub-20, é Sergio Córdova. Surpresa do Mundial, é o artilheiro da competição, com quatro gols. Atacante do Caracas, não deve demorar a ir para a Europa. Tem 19 anos.
E não é só de atacantes que a geração dourada da Venezuela vive. O goleiro, Wilker Fariñez, é tratado como joia da posição do futebol mundial. Aos 19 anos, é titular absoluto do Caracas, e exibe qualidades que fazem dele um potencial ídolo, assim como foi Dudamel, atual técnico da Venezuela Sub-20.
E para avisar que não é só essa geração que brilha, a fornada venezuelana já mostra um outro talento. Jan Hurtado, de apenas 17 anos, subiu para a sub-20. E já fez gol. É um jogador que atua pelos lados, e mostra muita força física, além de velocidade. Foi formado pelo Deportivo Táchira.
Mesmo sem o título, a campanha e o futebol apresentado no Mundial Sub-20 credencia esta geração venezuelana como a mais promissora de sua história recente. O simbólico triunfo contra a Alemanha, a quantidade de talentos e a confiança podem trazer alegria ao país.
A Copa do Mundo não é sonho distante. É bom os europeus já se prepararem!