Um dos duelos mais tradicionais do país em um dos palcos mais charmosos do futebol nacional. A combinação não poderia ser mais certeira. Palmeiras e Corinthians duelam neste domingo no Pacaembu, marcando o 350º confronto entre os dois gigantes paulistanos.
Grande parte da gloriosa história do derby foi construída justamente no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho. Desde 1940, quando o Pacaembu foi inaugurado, em diversas oportunidades ele serviu como o campo de batalha de guerreiros alvinegros e alviverdes. Jogos históricos, tanto pelo contexto quanto pelo que valiam.
Em homenagem ao clássico desta tarde, o Alambrado relembra alguns momentos importantes da história do duelo que aconteceram no Pacaembu. Confira:
1940 – O primeirão
O Pacaembu foi inaugurado em 1940,e como forma de celebrar o novo estádio foi organizado um torneio festivo, a Taça Cidade de São Paulo. Além de Corinthians e Palmeiras (na época ainda chamado de Palestra Itália), foram convidados Atlético Mineiro e Coritiba, que sucumbiram frente aos paulistas nas semifinais.
Uma semana depois, no dia 5 de maio, os grandes rivais se enfrentaram pela primeira vez no estádio. E o público de mais de 60 mil pessoas viu a equipe alviverde conquistar o primeiro título do Pacaembu. Aos 17 minutos, o argentino Echevarrieta abriu o placar para o Palestra. O Corinthians conseguiu o empate aos dois minutos do segundo tempo, com gol contra de Begliomini, mas aos 29, Luizinho deu a vitória aos palestrinos.
1945 – O Jogo Vermelho
Em 1945, Corinthians e Palmeiras se uniram por razões políticas. A partida amistosa no Pacaembu tinha como objetivo arrecadar fundos para a campanha do Partido Comunista, que havia sido regularizado há pouco tempo. No total, foram arrecadados Cr$ 114.464, o que encheu os membros do Movimento Unificador dos Trabalhadores de sorrisos.
Mas a união entre os dois clubes ficou fora do campo. Em um jogo tenso como quase sempre no derby, o Palmeiras levou a melhor por 3×1. Waldemar Fiúme, Lima IV e Villadoniga marcaram para os alviverdes, com Servílio descontando para o Timão.
1953 – Chuva de gols
Em 1953 o Pacaembu foi palco do jogo com mais gols marcados na história do derby. Em confronto válido pelo Campeonato Paulista do ano anterior, quem levou a melhor foi o Corinthians, aproveitando um elenco reconhecido como um dos melhores de sua história.
Com menos de 30 minutos de jogo, o time do Parque São Jorge já vencia por 3×0, com dois gols de Cláudio e um de Baltazar. Odair e Rodrigues recolocaram o palmeiras no jogo, mas mais um gol de Cláudio fez com que o primeiro tempo terminasse em 4×2. No segundo tempo, o Corinthians continuou em cima e marcou mais duas vezes, com Baltazar e Carbone. Antes do fim, Odair e Liminha ainda descontariam para o Palmeiras. O placar de 6×4 entrava para a história do duelo.
1955 – Fim de uma era, começo de outra
O Campeonato Paulista de 1954 acabou sendo um ponto de virada na história corintiana. Ao mesmo tempo que marcou a última grande conquista do esquadrão liderado por Gilmar, Cláudio, Baltazar e Luizinho “Pequeno Polegar”, foi também o ponto de partida para o histórico jejum de títulos que só teria fim em 1977. E nada melhor para marcar a história que um duelo contra o maior rival.
Disputada em 1955, a final do torneio ainda tinha um gosto especial por se tratar do IV Centenário da Cidade. O Corinthians jogava pelo empate, e viu o Palmeiras entrar em campo de camisas azuis, supostamente como uma espécie de superstição. Mas dentro de campo o azul não fez diferença. Luizinho, de cabeça, abriu o placar para o alvinegro. O gol de empate de Nei, na segunda etapa, não foi suficiente para o Palmeiras acabar com a festa do rival.
1993 – Freguesia?
A partir da década de 1960, o Morumbi acabou se tornando o palco mais importante das decisões paulistas, o que diminuiu a quantidade de grandes derbys no Pacaembu. Mas em 1993 os dois times voltariam a se enfrentar em uma final, que acabaria sendo marcada como a consolidação da superioridade do Palmeiras na época.
Depois de quebrar seu tabu de títulos justamente contra o Corinthians no Campeonato paulista daquele ano, o Verdão repetiu a dose no Rio-São Paulo. Na primeira final, Edmundo fez a diferença e marcou os dois gols da vitória palmeirense por 2×0. Na volta, o empate sem gols garantiu o título para a equipe do Palestra Itália.
1994 – Em nível nacional
Tão identificado com a capital paulista, o derby atingiu dimensões nacionais pela primeira vez na final do Campeonato Brasileiro de 1994. Mais uma vez impulsionado pelo dinheiro da Parmalat e pela constelação de craques dentro de campo, o Palmeiras se deu melhor contra o arquirrival.
Na primeira partida, Rivaldo, que havia saído do Corinthians, marcou duas vezes para o time alviverde. Edmundo fez o terceiro, e Marques diminuiu para o Timão. Na segunda partida, também no Pacaembu, o Corinthians chegou a assustar com um gol de Marques logo no início. Mas o Palmeiras soube lidar com a pressão e perto do fim do jogo deu números finais à conquista, com outro gol de Rivaldo.
1995 – A redenção de Marcelinho
Em 1995 o Corinthians queria dar um basta na sequência de derrotas para o maior rival. E uma das peças mais importantes para conseguir tal feito era o meia Marcelinho Carioca, com seu comportamento espevitado e cobranças de falta vennenosas. No entanto, Marcelinho não vinha em boa fase até uma boa parte do duelo no dia 02 de abril daquele ano.
Foi ele quem perdeu a bola e iniciou o contra-ataque fulminante do Palmeiras, culminando no primeiro gol palestrino. Nas arquibancadas, o pai do Pé-de-Anjo era pressionado pela torcida por conta do erro do filho. Mas Marcelinho e o Corinthians conseguiram se redimir. Com um gol de falta antológico, superou Velloso e empatou a partida. Depois, aproveitou jogada dentro da área pra dar a vitória ao seu time.
2011 – Os punhos erguidos
Em 2011, os grandes rivais paulistas acabaria decidindo o Campeonato Brasileiro mais uma vez, mesmo que indiretamente. Na última rodada da competição, o Corinthians defendia a liderança contra o maior rival, que não tinha maiores pretensões a não ser atrapalhar a festa alvinegra.
O clássico ganhou outra dimensão na manhã daquele domingo, quando foi divulgada a notícia da morte de Sócrates, um dos maiores ídolos corintianos. Antes do jogo, os dois clubes se postaram no entro do campo, com os alvinegros repetindo o gesto que o Doutor havia popularizado, erguendo os punhos. Em uma partida tensa, com direito a quatro expulsões, o Corinthians segurou o empate em 0x0 e, aproveitando o empate entre Flamengo e Vasco, sagrou-se campeão nacional pela quinta vez.