Os campeões “solitários” da Espanha

Os campeões “solitários” da Espanha

Conheça os clubes espanhóis que foram campeões nacionais da elite uma única vez

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Real Valladolid 1984
O jornal Marca noticia o título do Real Valladolid sobre o Atlético de Madrid em 1984 (Foto: Reprodução)

Com a definição da Supercopa da Espanha, vencida pelo Barcelona diante do Sevilla, no último domingo (12), o país ibérico chegou ao 250º título disputado na elite. Suas glórias estão repartidas entre 17 clubes, sendo que 13 deles possuem múltiplas conquistas. E é sobre os vencedores de primeira mão que falaremos nas linhas subsequentes:


Racing de Irún, Club Ciclista de San Sebastián, Arenas e Real Valladolid.

Entre a extinção, o desmembramento e a continuidade de suas atividades esportivas, veja detalhes das equipes mencionadas logo abaixo e descubra onde elas foram parar:

Racing de Irún

Pioneiro nessa lista, o antigo Racing de Irún, de origem basca, surgiu em 1908 de uma cisão do Irún Sporting Cub, contra quem estabeleceu grande rivalidade. Quando jogou a Copa do Rei de 1913, houve duas edições do torneio, assim como já ocorrera em 1910, fruto de divergências entre os participantes. Na disputada em Barcelona, vitória dos culés sobre a Real Sociedad, enquanto na de Madri o Irún superou o Athtletic Bilbao.

Naquela campanha, o quadro ganhou por 1×0 a semifinal diante do extinto España, de Barcelona. Do outro lado, o Athletic despachou por 3×0 o Madrid, que só viria a ganhar o título de “Real” anos mais tarde. A decisão no Estádio de O’Donnell foi parelha e terminou com dois gols para cada lado, o que forçou um partida de desempante, no dia seguinte, no mesmo local, onde o Irún levou a melhor graças ao tento solitário de Retegui.

Como o êxito foi muito festejado na cidade, inclusive pelos rivais, isso reaproximou ambos os clubes, que enfim superaram as diferenças e acabaram se fundindo em 1915 com o objetivo de consolidar a força da região. Daí nasceu o atual Real Unión Club, que herdou o título do Racing, conquistou outros e hoje milita na terceira categoria do futebol espanhol.

Ciclista de San Sebastián

Fundado em 1907, no País Basco, o desaparecido Club Ciclista de San Sebastián, como seu próprio nome sugere, nasceu como associação dedicada ao ciclismo. Até que no ano seguinte, o San Sebastián Football Club, que compartilhava as instalações do Velódromo de Atocha, de propriedade do Ciclista, uniu-se a ele, dando origem ao Ciclista Foot-ball.

Com a boa sequência de resultados positivos frente aos adversários regionais, o time animou-se a participar em 1909 do Campeonato da Espanha, antiga denominação da Copa do Rei. Mas  problemas federativos envolvendo registros e questões burocráticas o levaram a tomar emprestado o nome Club Ciclista de San Sebastián no certame.

Na fase preliminar, desbancou o Athletic Bilbao por 4×2 e avançou para as quartas de final, onde eliminaria por 2×0 o hoje extinto Galicia. Na definição do título, encontrou em Madri o Español (que também não existe mais), algoz do Barcelona. O Ciclista abriu 2×0 com o escocês Mc Guinness e o inglês Simmon. O oponente reagiu no segundo tempo, mas não foi além disso. Depois, Sena decretou números finais à partida: 3×1.

Poucos meses depois da vitória, os jogadores que foram campeões do torneio se desligaram do Ciclista e fundaram no dia 7 de setembro de 1909 a Sociedad de Football, que recebeu do monarca Alfonso XIII de España  título de “Real” em 1910, tornando-se a Real Sociedad, hoje dona de oito títulos nacionais e membro da elite espanhola.

Valladolid

Clube espanhol quase centenário, o Real Valladolid obteve o título inédito na máxima categoria nacional em 1984, na desaparecida Copa da Liga, que só teve quatro edições, porém, é reconhecida como torneio oficial. Na época, 18 representantes da elite e os quatro vencedores das outras divisões da Copa da Liga competiram pela taça.

Sob o comando de Fernando Redondo e regido pelos meias Jorge Alonso e Moré, além do atacante uruguaio Da Silva, os “Pucelanos”, como são conhecidos, eliminaram o Real Zaragoza na fase preliminar, com triunfos por 1×0 e 4×2 e no mata-mata brilharam com viradas heroicas sobre Sevilla e Real Betis nas quartas e na semifinal, respectivamente.

Diante do primeiro adversário, derrota por 2×0 fora de casa, mas um 3×1 na volta levou à prorrogação e à disputa de pênaltis, vencida pelo Valladolid. Contra o segundo oponente, o mesmo cenário do jogo de ida anterior. Desta vez, por outro lado, não houve necessidade de tempo extra, pois o 3×0 levou a equipe direto à finalíssima, onde o esperava o Atlético de Madrid treinado por Luis Aragonés, algoz do Barcelona.

Apesar da pressão dos 30 mil torcedores e das diferenças – os colchoneros viriam a ser campeões espanhóis no ano seguinte -, o conjunto de Castilla y León conseguiu manter a igualdade a zero no Vicente Calderón. Atuando em seus domínios, no Estádio Nuevo José Zorrilla, repetiu o esquema até a prorrogação, quando deslanchou e anotou três gols: um contra do zagueiro tcheco Votava, um do meia Minguela e outro do atacante Fortes.

Arenas 

Prestes a se tornar centenário e hoje no terceiro patamar do futebol local, o histórico Arenas Club (mais um basco), foi um dos dez fundadores da primeira divisão espanhola e um dos quinze vencedores da Copa do Rei. Seu maior êxito ocorreu em 1919, quando tinha dez anos de existência. Ao ser campeão regional de Vizcaya, classificou-se para a 17ª edição do Campeonato da Espanha, como era chamado o torneio à época.

Logo na estreia, surpreendeu ao demonstrar todo seu poderio ofensivo com o 8×2 sobre o Racing Club de Madrid. Na volta, perdeu por 2×0, e como a diferença de gols não importava, precisou fazer um terceiro jogo, no qual fez 3×1. Já na semifinal, dominou o Vigo Sporting com vitória por 2×0 e uma acachapante goleada por 6×1. Deste modo, enfrentaria o Barcelona, que eliminara o Sevilla por 7×3 no placar agregado.

A final única foi disputada em campo neutro. Tratava-se do Estádio del Paseo Martínez Campos, situado em Madrid, e o Arenas de Guecho, sua cidade, protagonizou um embate de superação inesquecível, em tarde inspirada do atacante Félix Sesúmaga, que no ano seguinte se tornaria artilheiro e medalhista de prata dos Jogos Olímpicos da Antuérpia.

Aos 12 minutos, o jogador abriu o placar, e o Barcelona arrancou o empate ainda antes do intervalo. Na sequência, o clube catalão virou o jogo, ao passo que Sesúmaga pôs o Arenas novamente no páreo. O tempo regulamentar não bastou, e Sesúmaga surgiu mais uma vez para fazer 3×2. A partir daí o Barcelona ficou sem forças para reagir e levou mais dois gols, desta vez de Florencio Peña e Ibaibarriaga. Fim de jogo. Festa basca.

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