Em 1968, quando o Campeonato Colombiano passou a ser dividido em dois semestres, o país vivenciou uma de suas maiores surpresas esportivas. O novato Unión Magdalena, que havia sido fundado 15 anos antes, montou uma grande equipe e, derrubando prognósticos, sagrou-se campeão nacional pela primeira e única vez em sua história.
Sob o comando do técnico do paraguaio Vicente Sánchez, o “Ciclón Bananero” venceu o Torneio Apertura na última rodada com dois pontos de vantagem sobre o Deportivo Cali, campeão vigente no momento, somando 15 vitórias, 8 empates e 3 derrotas.
No Torneio Finalización, entretanto, o desempenho da equipe samaria caiu, fato que resultou na saída de Sánchez. Por outro lado, o Deportivo Cali, orientado pelo argentino Francisco Villegas, manteve o rendimento em alto nível e ganhou o certame disputado na segunda parte do ano, tendo como principal adversário o Junior de Barranquilla.
No tira-teima pela glória definitiva da temporada, então, o Deportivo reencontraria o Unión Magdalena, que agora estava nas mãos do técnico Antonio Julio de La Hoz.
Na primeira final, em Cali, os visitantes souberam lidar com a pressão e venceram por 1 a 0, gol de Aurelio Palacios. Já no embate de volta, em Santa Marta, o sonho quase virou pesadelo. O Deportivo abriu 2 a 0 em 30 minutos, com Iroldo e Ramírez Gallego. Depois do intervalo, porém, o Ciclón Bananero saiu disposto a buscar o resultado e garantiu o título ao empatar com gols de Raúl Peñaranda e Ramón Rodríguez.
Situada ao extremo norte da Colômbia e a mais antiga do país, a cidade de Santa Marta vibrou com a conquista inédita sem saber o que o futuro lhe reservava. Conta-se ali sobre a morte de um torcedor durante os festejos pelas ruas, o que teria virado uma espécie de maldição. O fato é que o Unión Magdanela nunca mais deu a volta olímpica.
Inclusive, dois anos após a grandiosa façanha daquela equipe formada por locais, paraguaios e brasileiros, até o troféu desapareceu misteriosamente.
Por muito tempo, ele só esteve presente em fotos e na memória de quem viveu essa época. Até o fim de outubro de 2015, quando o clube recebeu uma ligação anônima de um jovem que explicou que a taça estava enterrada em seu quintal, segundo o jornal El Informador.
Para os ex-jogadores do bananeros, o retorno do objeto tem grande importância simbólica. “Este troféu será a motivação para acabar com todos os males do Unión, isso acontecerá a partir de agora. Se havia uma maldição, ela acaba hoje. A emoção que sentimos de voltar a vê-lo e levantá-lo como se fosse a primeira vez é inexplicável”, declarou ao El Informador Raúl Peñaranda, autor de um dos gols na finalíssima.
De lá até os dias atuais, o Unión Magdalena, que milita na segunda divisão nacional desde 2006, ainda não saiu da fila. Resta esperar pelo fim da “maldição” de fato.