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Na Supercopa, Boca Juniors e River Plate voltam a decidir título após mais de 40 anos

Superclássico da Argentina teve apenas uma definição de título na história, em 1976. Saiba mais

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Superclássico 1976
Um dos raros registros da final do Nacional de 1976 entre Boca e River no El Cilindro (Foto: Reprodução/AFA)

No último sábado (2), o River Plate ergueu pela segunda vez o troféu da Copa Argentina ao vencer o Atlético Tucumán, por 2 a 1, no Estádio Malvinas Argentinas, em Mendoza. Com o resultado, além de suavizar o amargor pela queda na Libertadores, os “millonarios” também garantiram uma revanche histórica contra seu eterno rival, o Boca Juniors.

O Superclássico terá como palco a sexta edição da Supercopa Argentina, realizada entre os últimos dois campeões nacionais, em data e local a ser definidos. Em 244 jogos oficiais, sem contar amistosos, as maiores equipes do país se encontraram na grande final em uma única oportunidade, da qual os “xeneizes” saíram vitoriosos.

Para dar maiores contornos ao novo embate, o torneio ainda é uma lacuna na galeria de ambos os clubes, embora eles o tenham decidido em quatro das cinco edições. Enquanto o Boca Juniors caiu em 2012 e 2015 diante do Arsenal de Sarandí e San Lorenzo, nessa ordem, o River Plate perdeu em 2014 e 2016 para Huracán e Lanús, respectivamente.

Em virtude do cenário mencionado, o Alambrado recorda a única vez na história em que millonarios e xeneizes mediram forças por um título. Confira:

Já se passaram quase exatos 41 anos desde a noite de 22 de dezembro de 1976. Naquela época, vale lembrar, havia dois campeonatos por temporada: o Metropolitano, no primeiro semestre, e o Nacional, na segunda metade do ano. Os clubes eram separados em grupos e disputavam em turno único a classificação para a fase de mata-mata.

De um lado, o River Plate dirigido por Ángel Labruna vencera o Metropolitano e o Nacional de 1975, ademais de ser o atual vice-campeão da Copa Libertadores, em final perdida para o Cruzeiro, ao passo que o Boca Juniors, sob o comando técnico de Juan Carlos Lorenzo, vinha em bom momento em razão do título do Metropolitano de 1976.

Apesar disso, o Boca mostrou pouco poderio ofensivo (24 gols) em relação aos destaques dos outros grupos e travou árdua concorrência com o Quilmes pelo primeiro lugar. Eles somaram 23 pontos em 16 rodadas e precisaram fazer um jogo-desempate em campo neutro, que consagrou o time azul e dourado, no Cilindro de Avellaneda, por 2 a 1.

No grupo B, embora não tenha tido a mesma eficiência de seu rival de toda a vida na defesa (14 gols contra 10), o River anotou 31 gols, contabilizou 24 pontos e avançou em primeiro lugar. Curiosamente, o desempenho deles foi inferior ao de Huracán, líder do C, com 28 pontos e 36 gols, e Talleres, líder do D, com 26 pontos e 38 gols.

Contudo, a situação mudou na fase eliminatória. Os millonarios passaram por Quilmes (2×1) e Talleres (1×0), e os xeneizes superaram Banfield (2×1) e Huracán (1×0), de modo que ambos se cruzaram na instância decisiva, marcada para ocorrer no Cilindro.

Obviamente, a decisão trouxe muita expectativa e o cenário que precede um grande clássico, com direito a mistério envolvendo condição física de jogador, assédio ao árbitro e análises aprofundadas sobre como neutralizar os adversários letais. Por outro lado, toda essa ansiedade não se traduziu em campo, pois o duelo em geral foi morno.

Com o equilíbrio no domínio de bola e as ações pouco criativas, sem chances reais de gol, a bola parada era a melhor opção. E foi justamente dela que saiu o único tento. Aos 18 minutos do segundo tempo, depois de falta sofrida pelo boquense Carlos Veglio sofreu falta em investida de Daniel Passarella, Rubén Suñe ajeitou a pelota e chutou contra a meta de Fillol sem a autorização do juiz Arturo Andrés Ithurralde. Gol legal!

Os jogadores do River Plate, que se ajeitavam na barreira, nem contestaram um dos lances mais polêmicos do futebol argentino. Futuramente, Ithurralde explicou que Roberto Perfumo, capitão millonario, havia lhe pedido ainda nos vestiários para que deixasse o jogo rolar, com cobranças rápidas, demanda aceita também por Suñé, capitão xeneize.

Ironias do destino, foi Suñé quem se beneficiou da situação aludida para colorir um quadro que até hoje só tem azul e amarelo. Em 2018 haverá reprise ou revanche?

Escalações da final do Campeonato Nacional de 1976:

Boca Juniors: Hugo Gatti; Vicente Pernia, Francisco Sá, Roberto Mouzo, Alberto Tarantini; Jorge Ribolzi, Rubén Suñe, Carlos Veglio; Ernesto Mastrángelo, Juan Taverna e Darío Felman (Mario Zanabria). Técnico: Juan Carlos Lorenzo.

River Plate: Ubaldo Fillol; Pablo Comelles, Roberto Perfumo, Daniel Passarella, Héctor López; Juan José López, Reinaldo Merlo, Alberto Beltrán (Victorio Cocco); Pedro González, Leopoldo Luque e Oscar Más. Técnico: Angel Labruna.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.