O retorno do Leão?

O retorno do Leão?

Relembre a trajetória do Leão do Pici na série B de 2002

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O ano de 2002 é emblemático para o futebol brasileiro. A seleção amarelinha conquistava o seu pentacampeonato mundial. A data sempre estará guardada na mente do torcedor mais vezes campeão da Copa do Mundo.  E foi em 2002 também que ocorreu a última e histórica edição do Campeonato Brasileiro na fórmula do mata-mata.

Porém, este ano marca a vida de outro torcedor da mesma forma. Foi no Brasileiro da Série B que a torcida do Fortaleza respirou mais aliviada e comemorou muito um acesso que não vinha há dez anos. Loucura e muita festa para o Tricolor de Aço.

Na ocasião, o clube vinha de uma desilusão no primeiro semestre. Atual bicampeão do Campeonato Cearense, perdeu para o grande rival Ceará a chance de ser tri. Na Copa do Brasil, caiu na segunda fase para o Botafogo-RJ.

Para poder pensar em acesso na série B, o Fortaleza fez algumas mudanças na equipe. O grande ídolo Ferdinando Teixeira, bicampeão estadual, deixou o comando para o rei do acesso: Luis Carlos Cruz. Além dessa diferença no banco de reservas, a diretoria investiu muito em jogadores da própria região.

Com um time de “raiz” e caseiro, o Fortaleza ia para cima em uma série B longa e difícil. Com 26 times, sendo que seis caiam para a série C e oito se classificavam para as quartas-de-final, a tensão era muito grande durante toda a competição.

Dos 24 principais atletas do elenco, 12 eram cearenses e outros seis nordestinos nascidos em outros estados. Sem muitos astros e medalhões, o ídolo Mazinho Loyola e o artilheiro Finazzi eram os mais experientes, com 34 e 29 anos respectivamente.

A média de idade era baixa, apenas 25 anos. O treinador também era jovem, 38 à época. A apreensão por uma grande campanha logo se transformou em otimismo. Sem muitos sustos na primeira fase, o Fortaleza demonstrou um grande poder ofensivo.

Com o trio Finazzi, Clodoaldo e o carioca Vinicius – artilheiro da série B naquele ano com 22 gols-, o Leão do Pici estava com um ataque que encantava. Além deles, Mazinho Loyola estava sempre pronto para dar seu toque de classe.

O ídolo e xodó Clodoaldo (Foto: Reprodução/opovo.com)
O ídolo e xodó Clodoaldo (Foto: Reprodução/opovo.com)

Na primeira fase, 25 jogos e 48 gols marcados, sendo o segundo melhor ataque da competição. Mas, engana-se quem pensa que a defesa era frágil. O setor defensivo levou apenas 24 gols. Com saldo de gols de 24, a equipe era a mais equilibrada do torneio.

Nesta fase de classificação, ficou em terceiro lugar e abocanhou 48 pontos ganhos. Dois pontos a menos que o vice-líder Sport e três que o líder Criciúma.

Muitos jogos foram fundamentais para tal boa campanha e para a empolgação do torcedor. Na 17º rodada, ótima vitória sobre o tradicional XV de Piracicaba. 4 a 0 e show de Vinicius, que marcou três gols. Finazzi encerrou a goleada.

Na 21º rodada, goleada sobre o poderoso líder Criciúma. Mais uma vez atuando no Ceará, o Fortaleza mostrou a força do mando de campo e goleou por 4 a 1 os rivais. Os gols foram marcados pelo zagueiro Ronaldo Angelim (na época um jovem de 26 anos), Vinícius, Clodoaldo e o talentoso meio-campista Juninho.

Na última rodada, a maior goleada. 7 a 1 sobre o Botafogo-SP e festa no Presidente Vargas. O artilheiro folclórico Finazzi fez cinco gols. Sandro Goiano e Sérgio completaram o placar histórico.

Mata-mata tranquilo

Nas quartas-de-final, o encontro seria com a boa equipe do América-MG. Contra o melhor ataque, a boa defesa do Fortaleza, formada por Marcão, Ronaldo Angelim, Erandir e Chiquinho, além da proteção de Dino, Kel, Dude ou Sérgio, quem era que fosse que estivesse protegendo o setor defensivo, prevaleceu.

Na primeira partida, no Independência, 0 a 0. Na volta, jogo tranquilo contra os mineiros. A dupla Finazzi-Vinicius resolveu e colocou os cearenses nas semifinais e a um passo do acesso para a série A do ano que vem.

A empolgação era gigantesca. Para inveja dos arquirrivais do Ceará, o Fortaleza estava muito próximo da elite Campeonato Brasileiro. Nas semifinais, o encontro seria com o emergente Etti Jundiaí. Chance para o elenco caseiro fazer história.

Quem pensou que a equipe sem grandes nomes sucumbiria diante da pressão, ledo engano. Logo no primeiro jogo, confronto decidido. No interior paulista, uma exibição de gala de todo o time. Sem nenhuma falha e perfeitos taticamente, os jogadores golearam mais uma vez. Os 6 a 1 soavam como anuncia da volta do Leão do Pici. O xodó Clodoaldo fez três gols no jogo.

Depois, a festa na recepção e a volta também com muita empolgação. 2 a 2 e acesso confirmado. O local na série A estava novamente ocupado pelo Leão do Pici. Faltava apenas a coroação do belo trabalho: o título.

Paulo Baier carrasco

Em 30 de novembro de 2002, foi realizada a primeira partida da final da série B daquela temporada. Frente a frente os dois melhores times da competição. Em um Castelão tricolor, vitória por 2 a 0, com gols dos melhores jogadores do Fortaleza na competição: Vinicius e Finazzi.

Porém, na volta, derrota por 4 a 1, sendo mais uma partida histórica do lendário Paulo Baier. A perda do titulo em nada abalou a alegria do Fortaleza. Uma equipe histórica e caseira. Daqueles times que enchem de orgulho o torcedor.

O Leão do Pici precisa rugir alto mais uma vez. A Série B espera a volta do clube há tempos. E o Castelão precisa do clássico Fortaleza e Ceará no Campeonato Brasileiro.

Time-base: Jéferson, Marcão, Erandir, Ronaldo Angelim e Chiquinho; Sérgio (Dude), Dino e Juninho; Clodoaldo (Kel), Finazzi e Vinícius.

Técnico: Luis Carlos Cruz

Artilheiro: Vinicius, com 22 gols

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Jornalista. Apaixonado por futebol, seja ele de onde for. Fanático também por futebol de base