Pior seleção das Copas, El Salvador também tem um Baloy para chamar...

Pior seleção das Copas, El Salvador também tem um Baloy para chamar de seu

Em 1982, o atacante Luis Ramírez Zapata marcou o único gol do país em duas participações no torneio

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Luis Ramírez Zapata - El Salvador 1982
Herói, “Pelé” Zapata substituiu José Luis Rugamas no fatídico jogo contra a Hungria (Foto: Reprodução D1/Nelson Dueñas)

Apesar dos resultados indigestos até aqui, o zagueiro Felipe Baloy entrou para a história, neste domingo (24), ao marcar o primeiro tento do Panamá em Copas do Mundo, na derrota por 6×1 contra a Inglaterra.

A goleada, é claro, não impediu a imensa festa dos torcedores com a proeza do jogador. Isso nos fez lembrar de outro caso envolvendo um país que, coincidentemente, compartilha as águas do Oceano Pacífico: El Salvador.

Na tabela de todos os tempos do torneio, os “Cuscatlecos”, como são apelidados, somam seis revezes e 22 gols sofridos. É a pior campanha entre as 79 equipes que já participaram do Mundial.

Em 1970, o selecionado caiu para Bélgica (3×0), México (4×0) e União Soviética (2×0). Em 1982, sofreu quedas diante da Argentina (2×0) e novamente da Bélgica (1×0), além da maior goleada das Copas: 10×1 a favor da Hungria.

Embora os salvadorenhos amarguem essa dura estatística, eles também têm um Felipe Baloy para chamar de seu. Trata-se do ex-atacante Luis Baltazar Ramírez Zapata, à época com 28 anos e atleta do Atlético Marte, que fez carreira no Águila, disputando a liga local durante a maior parte da vida, e teve passagens pelo futebol mexicano, costarriquenho e estadunidense. Com a camisa da seleção, balançou a rede 16 vezes em 58 jogos.

Logo na estreia do jogador no Mundial da Espanha, “El Pelé” Zapata protagonizou um roteiro bem semelhante ao do mais novo herói panamenho. Quando os húngaros venciam por 5×0, no Estádio Manuel Martínez Valero, em Elche, o camisa 14 aproveitou boa jogada na área e, livre, empurrou a bola para o gol no minuto 20 da etapa complementar, gerando frisson nas arquibancadas e muita celebração dentro de campo.

Com o Panamá, Baloy fez o tão celebrado tento no segundo jogo da fase de grupos, quando a Inglaterra já triunfavam por 6×0, restando 12 minutos para o término do duelo. Após falta cobrada por Ricardo Ávila, ele se jogou em direção à gorduchina para vazar a meta de Jordan Pickford. Aliás, os “Canaleros ainda têm uma chance de repetir a dose, pois encaram a Tunísia nesta quinta-feira (28), na Arena Mordovia, em Saransk.

Por outro lado, El Salvador nunca mais teve a oportunidade de liberar o grito da garganta. Inclusive, sua própria classificação à Copa ocorreu de forma improvável, em meio a uma guerra civil que se estendeu de 1979 a 1992. Em resumo, um caldeirão de problemas de ordem social, política e econômica que banhou o país em sangue. Calcula-se que o número de vítimas dos conflitos armados tenha sido de aproximadamente 75 mil mortos.

Por isso, a façanha de Zapata ganha contornos ainda maiores, tendo virado por um brevíssimo momento o tímido sorriso de um povo afligido pelos horrores bélicos. Mas o reconhecimento da importância dela veio depois de muito tempo, já que na época a imprensa local não poupou das críticas a equipe comandada pelo técnico Mauricio Rodríguez. Ou seja, a perspectiva histórica tratou de por as coisas em seu devido lugar.

Retratando o contexto vivido pelo escrete salvadorenho, o documentário “Uno: La História de Un Gol” (2010), dirigido por Gerardo Muyshondt e Carlos Moreno, reúne os protagonistas daquele momento para explicar como um país dividido se uniu pela seleção, desde a alegria de desbancar o México nas eliminatórias, passando pelas condições adversas e escassos recursos, até os jogos disputados em território espanhol.

A obra está disponível aqui. Confira abaixo o trailer:

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