A mágica de transformar gols em votos em ano eleitoral

A mágica de transformar gols em votos em ano eleitoral

Período eleitoral costuma ser pródigo em jogadores de futebol que se tornam candidatos

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Ronaldinho pode ser candidato ao Senado em Minas (Foto: Reprodução)
Ronaldinho pode ser candidato ao Senado em Minas (Foto: Reprodução)

O cenário não é novo. Em ano de eleições, afloram os candidatos engraçadinhos, que ocupam os horários eleitorais com uma espécie de competição para ver quem chama mais atenção pela bizarrice. E em meio a esse circo ao qual o eleitor brasileiro já está acostumado, existe um nicho específico de elegíveis que merece a nossa atenção: O dos jogadores de futebol que se lançam na disputa para cargos públicos.

Eles se aproveitam da fama e do carinho junto aos torcedores conquistados graças ao desempenho dentro de campo para arrecadar votos. Errado? Tecnicamente, não. Qualquer cidadão apto que se considere em condições de representar os interesses da população tem o direito de concorrer nas eleições, incluindo atletas e ex-atletas. Mas existem alguns fatores que merecem ser levados em conta.

No sistema político atual, alguns partidos se aproveitam da popularidade de um candidato específico para carregar votos e conquistar ainda mais posições nos plenários. Isso explica em parte, por exemplo, o interesse nas candidaturas de ex-atletas, que normalmente já garantem votos simplesmente por aparecer nas telas e santinhos em época de eleição.

Nesse caso, acabam não importando muito as propostas ou ideologia de cada um. Há uma certa relação de cumplicidade ou até mesmo de gratidão, com o torcedor fanático querendo devolver com seu voto as alegrias que o esportista lhe deu com suas atuações dentro do campo. A decisão do voto, que em tese seria baseada na afinidade com as ideias do candidato, passa para fatores externos.

Como exemplo, nas últimas semanas surgiu uma especulação a respeito da candidatura de Ronaldinho Gaúcho para a vaga de senador em Minas Gerais. Ronaldinho nunca fez grandes declarações sobre suas posições políticas ou ideias que tem para melhorar a sociedade, mas é difícil duvidar da capacidade que ele teria de atrair votos par ao partido em questão, o PEN.

No entanto, entre os atletas ou ex-jogadores que entraram para o ramo da política, um deles se destaca: Romário. Surpreendendo a muitos que esperavam apenas mais um nome famoso se aproveitando do salário do congresso, o Baixinho mostrou-se atuante nas políticas que defendeu desde sua campanha. Posicionamento à parte, levou o cargo que ocupa a sério.

Costuma se cobrar muito para que os jogadores se posicionem politicamente em questões relevantes, mas muitos deles acabam só assumindo posturas mais fortes depois que encerram a carreira. A verdade é que dificilmente surge alguém como Sócrates, capaz de articular suas ideias sem prejudicar seu desempenho em campo, e mesmo assim esse tipo de política acaba sendo sufocada pela opressão própria do meio futebolístico.

Acaba sobrando esse meio mais sórdido das candidaturas, que muitas vezes não representam nenhum discurso, mas cuja importância acabamos vendo depois, quando são aprovadas leis que afetam o cidadão na carne. E é por isso que nesse ano é preciso se perguntar se um gol vale seu voto, e se a camisa do seu time vale o futuro o seu país.

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Jornalista, 23 anos. Amante do futebol bonito e praticante do futebol feio