O pesadelo do Cobreloa

O pesadelo do Cobreloa

Tradicional clube chileno vive momento de crise e sofre na segunda divisão nacional

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Momento vivido pelo clube de Calama passa longe dos tempos de glória (Foto: Divulgação/Cobreloa)
Momento vivido pelo clube de Calama passa longe dos tempos de glória (Foto: Divulgação/Cobreloa)

Uma vitória em 10 jogos. O quarto ataque menos efetivo da segundona (10 gols). A terceira defesa mais vazada (13). Fora de campo, uma crise financeira ameaçadora. O cenário só não é pior porque não há rebaixamento na atual edição do campeonato. Soa como um ambiente excessivamente apocalíptico, mas é real. O Cobreloa que o diga.

Tradicional no futebol chileno, o time de Calama desfrutou de memoráveis êxitos na década de 1980, quando ainda engatinhava no esporte bretão – fora fundado em 1977. Recentemente, devido à crise do cobre, principal produto da economia do país andino, viu diminuírem os recursos que lhe eram destinados pela estatal ligada ao minério, a Codelco.

Aliado à recessão do setor e aos problemas internos, um infeliz desempenho nas últimas temporadas, além de uma punição, deixaram o Cobreloa no penúltimo lugar do sistema de promedios, ocasionando o primeiro descenso de sua história. Até então, somente a equipe da região norte e o Colo-Colo nunca haviam sido rebaixados no Chile.

O momento adverso causou rupturas na direção do clube e inclusive exigiu a intervenção do prefeito de Calama à época, Esteban Velásquez Nuñez. Para recuperar a categoria, foi contratado o treinador argentino César Vigevani, que falhou nesse objetivo. Um velho conhecido da torcida o substituiu: César Bravo, ex-jogador e antigo técnico.

Apesar da familiaridade dele com a agremiação, os resultados positivos ainda custam a vir, muito em decorrência da saúde financeira do Cobreloa. Em julho passado, antes do início do campeonato, o presidente Walter Aguilera já havia manifestado sua preocupação.

“É super difícil o momento que se vive. Há uma dívida que se arrasta desde 2015, quando não pagaram impostos e a previdência social, e essas são situações gravíssimas deixadas pela diretoria anterior. Infelizmente, o tema da falência está aí”, explicou Aguilera, em entrevista à rádio local Maria Reina.

O contexto extracampo afeta diretamente a equipe comandada por Bravo. A única vitória ocorreu na sexta rodada, em casa, na goleada por 4 a 0 sobre o Rangers. Em seus domínios, o Cobreloa ainda empatou 3 vezes, enquanto como visitante soma uma igualdade e 4 derrotas. Só Deportes Valdivia (6) e Unión La Calera estão abaixo na tabela.

Com 9 títulos nacionais e duas finais de Libertadores no currículo, as “raposas do deserto” sobrevivem com os pés no chão. Apesar de não haver rebaixamento pela desfiliação do Deportivo Concepción, o acesso está longe, mesmo faltando 20 rodadas.

De todo modo, as etapas de transição costumam ser demoradas e requerem passos cuidadosos. Num futuro breve, o objetivo deve ser o equilíbrio das contas, recebendo para isso o indispensável apoio da torcida. Só então será viável planejar o regresso à elite.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.