O Napoli já viveu momentos de extrema dificuldade ao longo de suas quase nove décadas de existência, é verdade. Comparada a essas situações, a atual vice-liderança do Campeonato Italiano não parece configurar um problema tão significativo.
Mas a esperança de quebrar o longo jejum sem a conquista do scudetto está cada vez mais distante em virtude da sólida reação da Juventus, hoje com seis pontos de vantagem na ponta, a maior diferença entre as duas equipes desde que a Velha Senhora alcançou o primeiro lugar, ao vencer o próprio Napoli em Turim, por 1 a 0, em fevereiro.
Para piorar a situação da equipe comandada pelo técnico Maurizio Sarri, o atacante Gonzalo Higuaín levou gancho de quatro partidas após ter sido expulso na derrota por 3 a 1 para a Udinese, no último domingo (3), fora de casa.
Irritado em função de uma chegada dura do zagueiro brasileiro Felipe, ele o acertou em um lance sem bola e recebeu cartão vermelho. Ao ser mandado para fora do campo, Pipita agiu de maneira agressiva contra o árbitro Massimiliano Irrati e foi posteriormente suspenso dos jogos contra Verona, Inter de Milão, Bologna e Roma, respectivamente.
Porém, o clube confia no advogado Mattia Grassani para reduzir para dois encontros a pena do argentino, que está em ótima fase e pode quebrar recorde históricos. Dos 63 gols marcados pelo Napoli na temporada, mais da metade envolveram Higuaín.
Ele simplesmente anotou 30 tentos em 31 jogos e distribuiu também duas assistência, podendo superar a marca estabelecida por Gino Rosetti em 1928/1929. Na ocasião, o então jogador do Torino balançou as redes 36 vezes e é até os dias atuais o maior artilheiro de uma única temporada do Campeonato Italiano.
Quem também não poderá ajudar a equipe no encontro diante do Verona, no próximo domingo (10), em Nápoles, será Maurizio Sarri, que também foi expulso na partida contra a Udinese e teve recurso negado na última terça-feira. Desta maneira, ele terá como substituto no banco de reservas seu braço direito, Francesco Calzona.
As mencionadas ausências na reta final do torneio poderiam desestimular o torcedor comum. Mas não aqueles com sede pela glória e que se veem injustiçados pela punição descabida de sua principal esperança na concretização de uma façanha história.
Como já haviam explicitado quando o Napoli ocupava a liderança isolada, os fãs estão apaixonados pelo clube desde o dia em que nasceram e se lembrariam de amá-lo e defendê-los todos os dias, estando ou não na primeira colocação.
A música que embala os sonhos napolitanos (uma bonita adaptação chamada “un giorno all’improvviso”, ou um dia de repente, em tradução livre) também reforça esse pensamento. Por esses motivos, há uma grande mobilização para lotar as arquibancadas do Estádio San Paolo, apesar das adversidades.
Cerca de 40 mil vozes estarão com Higuaín (muitos deles devem levar máscaras do atacante) para lhe prestar solidariedade. Um gesto bonito em homenagem a um jogador que os fez acreditar no David sulista derrubar outra vez o Golias do norte; um jogador que está em máxima sintonia com sua torcida e pretende repetir o glorioso feito de Diego Maradona com a camisa azul; um jogador que sente, vibra e sofre com a cidade desde que pisou por lá. E o desempenho da Juventus já não lhes interessa. A demonstração de amor continuará com ou sem o scudetto.
No final das contas, é realmente o apoio incondicional que dignifica a história de um clube.
Às vezes mais do que o próprio título.
