Quando Hasselbaink calou os galácticos no Bernabéu

Quando Hasselbaink calou os galácticos no Bernabéu

Na véspera da decisão das quartas da Liga, relembre a inesperada vitória do desacreditado Atlético sobre o Real em pleno Bernabéu em 99

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Nesta quarta-feira (22), o Atlético de Madri terá a dura missão de encarar o rival Real em pleno Santiago Bernabéu, em busca de uma vaga na semifinal da Liga dos Campeões da Europa. Triunfos colchoneros na casa do rival podem ser escassos, mas plenamente possíveis, como na final da Copa do Rei de 2012-13. Hoje, o clássico é equilibrado. O Alambrado, porém, vai mais longe ao passado: diretamente ao Campeonato Espanhol da temporada 1999-00, quando os rojiblancos eram Davi, e os merengues, Golias.

Os galácticos do Real Madrid já contavam com nomes de peso, como Roberto Carlos, Michel Salgado, Seedorf, Redondo, Guti, Raúl e Morientes entre os titulares. O clube ainda podia se dar ao luxo de colocar no banco ninguém menos que o então jovem Samuel Eto’o, que fez sucesso anos mais tarde pelo arquirrival Barcelona, o goleiro adolescente Iker Casillas e o francês campeão mundial Karembeu. Não à toa, terminaram a temporada levantando a cobiçada Liga dos Campeões para casa.

Hasselbaink marcou dois e protagonizou vitória inesperada do Atlético sobre o Real no Bernabéu por 3 a 1 (Foto: Reprodução)
Hasselbaink marcou dois e protagonizou vitória inesperada do Atlético sobre o Real no Bernabéu por 3 a 1 (Foto: Reprodução)

Pelo lado rojiblanco, um time bem mais modesto, que contava com o zagueiro paraguaio Gamarra, sucesso na Copa do Mundo de 1998 por ter terminado sem fazer uma falta sequer nos quatro jogos disputados pela seleção paraguaia. Os Índios ainda tinham no elenco a promessa Joan Capdevila, lateral esquerdo recém-chegado do Espanyol, além do surinamês naturalizado holandês Jimmy Floyd Hasselbaink, referência no ataque. Mesmo assim, a equipe não tinha nem de longe a força dos dias atuais. Tanto que caiu para a segunda divisão do Campeonato Espanhol naquela temporada.

As equipes se enfrentaram em outubro de 1999 no Santiago Bernabéu. O dérbi tinha tudo terminar com sonora goleada do Real, que logo aos oito minutos abriu o placar. Em bola alçada por Roberto Carlos, surgiu o artilheiro Morientes, que, do alto de seu 1,86 m de altura, cabeceou firme, forte e para baixo. Molina até tocou na bola, mas não teve a menor chance. Estava desenhada a surra galáctica. Os blancos não dariam chance de respiração boca a boca ou massagem cardíaca. Mas foi então que brilhou a estrela de um futuro ídolo do Atlético.

Logo no primeiro ataque, por volta dos 12 minutos de jogo, Hasselbaink veio com seus cortes desconcertantes para cima de Ivan Campos, levantou a cabeça e bateu firme no contrapé de Bizarri. Os colchoneros marcaram em seu primeiro chute a gol e mostraram que, mesmo com um time inferior, dariam trabalho.

Com o primeiro tempo disputado, o Real Madrid estava dando muitos espaços e o Atlético estava perdendo muitos gols até que, aos 30 minutos, uma bobeira do meio-campista Redondo comprometeu todo o setor defensivo e deixou José Mari com la Gran Vía pelo lado esquerdo. Sozinho, ele bateu no cantinho, sem chance para o goleiro Bizarri.

Foram sete minutos de pressão. Os merengues saíram para o ataque, mas erros defensivos atrapalharam as investidas ofensivas da equipe. Hasselbaink voltou a dar muito trabalho para o zagueiro Iván Campos, que ficou para trás. Salgado, na tentativa de redimir a falha do companheiro, foi tirado para dançar um kaseko (ritmo popular no Suriname). E não parou por ai. Depois de uma tabela curta com Solari, o dançarino surinamês bateu forte de fora da área para vencer o porteiro Bizarri. Um golaço. O placar final tinha sido decretado ainda no primeiro tempo: 3 a 1 para o Atlético.

O resultado estava definido, mas as emoções não terminaram. Aos 4 minutos, Bizarri se vê obrigado a parar com falta uma investida que certamente seria fulminante. Capdevila disputou a bola no meio campo, ganhou e disparou contra quatro defensores blancos. Saiu cara a cara com o arqueiro merengue.

Albano Bizarri era o goleiro reserva do alemão Bodo Illgner, que estava machucado. Fez a falta para impedir que Capdevila entrasse no gol com bola e tudo e acabou expulso, dando lugar ao terceiro reserva, simplesmente Iker Casillas. Com apenas 18 anos de idade. o garoto teve a difícil tarefa de não transformar a derrota em um vexame ainda maior. E deu certo: fez defesas importantes, chegando a parar Hasselbaink em duelo um contra um, já no final do segundo tempo.

A inesperada vitória acabou fundamental para que o surinamês, mesmo atuando por uma única temporada pelo Atlético – justamente a do rebaixamento – se tornasse um dos poucos ídolos daquela fraca geração colchonera. Já em 2000, Hasselbaink trocou a Espanha pela Inglaterra, para também conquistar os torcedores do Chelsea.

*Colaboração para o Alambrado.Net

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