Em meio a disputas pelo poder, campeonato da Nigéria é suspenso indefinidamente

Em meio a disputas pelo poder, campeonato da Nigéria é suspenso indefinidamente

A elite nacional deveria ter retornado da pausa para a Copa do Mundo nesta quarta-feira (18)

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A tragédia nigeriana não se limitou ao gol convertido por Marcos Rojo nos minutos finais da partida contra a Argentina, naquele 26 de julho, em São Petersburgo, que custou aos africanos a eliminação na fase de grupos da Copa do Mundo. O campeonato nacional, que estava marcado para recomeçar nesta quarta-feira (18), foi suspenso indefinidamente em meio a disputas pelo poder da federação de futebol do país (NFF, na sigla em inglês).

Em comunicado, a League Management Company (LMC), que organiza o torneio da elite local, explicou por meio de seu site os motivos do referido adiamento. “A decisão é baseada nas atuais circunstâncias adversas na administração do futebol no país, como resultado de que patrocinadores, parceiros e prestadores de serviços expressaram fortes preocupações e estão revendo seu envolvimento na liga”, esclarece parte da nota.

Infantino e Pinnick
Eleito em 2014, Amaju Pinnick é reconhecido pela FIFA como presidente legítimo da NFF (Foto: Divulgação)

Iniciada em 13 de janeiro, a Liga de Futebol Profissional da Nigéria (NPFL) terminou a 24ª rodada com o Lobi Stars na liderança.

Foi quando a crise institucional que se estende há quatro anos alcançou seu ápice. Fundador de uma facção rival da NFF, Christopher Giwa insiste desde agosto de 2014 ter vencido as eleições da entidade em pleito desconsiderado pela FIFA, que reconhece a legitimidade de Amaju Pinnick.

Na verdade, tudo começou em 4 de julho de 2014, dias depois da eliminação da Nigéria para a França na Copa do Mundo, quando o governo federal demitiu o presidente da NFF, Aminu Maigari, e seu comitê. Devido à interferência externa, a FIFA baniu o país de todas as competições internacionais até que os dirigentes retornassem aos cargos. Nesse intervalo, as “Super Águias” ficaram fora a Copa do Mundo feminina Sub-20 daquele ano.

Com a situação já normalizada, ocorreram novas eleições no segundo semestre. A entidade máxima do futebol não reconheceu a primeira delas e ameaçou a Nigéria com uma nova sanção caso Giwa assumisse o controle da entidade. No segundo pleito, realizado em setembro, vitória de Pinnick, que ficará no cargo até setembro de 2018. Porém, os conflitos estavam longes de encontrar um fim. Aliás, estavam só começando.

Em maio de 2016, Giwa e seu grupo – Muazu Suleyman, Yahaya Adama, Sani Fema e Johnson Effiong – foram punidos por cinco anos pela NFF e depois pela própria FIFA por se passar como presidente do organismo e levar ações desportivas à Justiça comum. Apesar de ter sido banido das atividades relacionadas ao futebol no mundo inteiro, Giwa segue com as batalhas judiciais contra Pinnick e reinvidnica o controle da instituição.

Nessa briga sem fim pelo poder, quem acaba prejudicado é obviamente o futebol nigeriano, sufocado pelos escândalos extracampo às vésperas de novas eleições presidenciais. Um cenário desanimador que sucede uma Copa do Mundo onde nenhum representante africano avançou da fase de grupos pela primeira vez desde 1982.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.