A classificação da Albânia para Euro 2016 suscitou curiosidade e certa ligação afetiva entre alguns torcedores brasileiros e o país do leste europeu. Inevitável. A nação periférica tem história cercada de dificuldades e opressão.
O pequeno país de quase três milhões de habitantes conviveu com diversos conflitos tensos durante os quase 100 anos de história. Dificuldades à parte, a Albânia chegou, neste ano, à classificação para a Eurocopa 2016.
Será a primeira vez na história que o país participará da competição. Porém, engana-se quem pensa que a nação ainda não tinha marcado uma página na história do futebol mundial. Mesmo que distante.
Uma noite e tudo mais
Em 17 de dezembro de 1967, na capital Tirana, estava marcado o encontro entre os donos da casa e os poderosos alemães ocidentais. Sob regime comunista, os anos eram de tensão política, já que o país havia rompido com a União Soviética e se alinhava à China.
No estádio Qemal Stafa, mais de 20 mil pessoas se amassavam para ver o confronto que, para a Albânia, não valia quase nada. Ou não. A marca da invasão nazista em 1941 ainda estava na memória do povo. Diante de um rival desesperado pela vitória, a Albânia tinha uma proposta: defender.
A Alemanha Ocidental contava com muitos desfalques. O mítico técnico Helmut Schon, vice-campeão da Copa do Mundo de 1966 e terceiro colocado em 70, não tinha Seeler, Beckenbauer, Muller, Vogts e Maier. Mesmo assim, intimidava a modesta Albânia, seleção 100% caseira.
Em campo, figuras significativas como Wolfgang Overath, Willi Schulz, Wolfgang Weber e o meio-campista Gunter Netze. Os germânicos precisavam apenas de uma vitória simples para ultrapassar a Iugoslávia e se classificar para a fase final da Eurocopa 1968.
E o torneio na Itália não pôde contar com os alemães. Não foi daquela vez que os germânicos estrearam na Euro. Naquela noite de dezembro, a Albânia segurou a Alemanha com um honroso empate em 0x0, conquistando um dos melhores resultados da sua história, mesmo com um a menos em campo.
Com a ajuda do nosso amigo da Soccer Nostalgia, pudemos ver o que os jornais falaram ao ver Alemanha ficar de fora pela última vez de uma Copa do Mundo ou Eurocopa, após ser eliminada. O feito foi tão grande que é difícil de dimensioná-lo. Em campo, a Albânia foi o único país a tirar a Alemanha de um torneio internacional.
O goleiro Koço Dinella, à época com 20 anos, foi o melhor da partida. Intransponível, foi o tom de beleza daquela noite. Tirana via nascer um ídolo. Ao menos uma idolatria que durou alguns anos. Naquela noite, a Albânia foi mais forte que a poderosa Alemanha Ocidental.