Na última estreia do Brasil nas Eliminatórias, “trio de ouro” decepcionava

Na última estreia do Brasil nas Eliminatórias, “trio de ouro” decepcionava

Kaká, Ronaldinho e Robinho jogavam juntos pela primeira vez com Dunga, mas só empataram com a Colômbia.

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A seleção brasileira voltará a disputar as Eliminatórias para a Copa do Mundo nesta quinta-feira, diante do Chile, em Santiago, às 20h30 (de Brasília), depois de muito tempo. Seis anos separam o fraco empate sem gols com a Venezuela no longínquo outubro de 2009 da partida desta semana.

De lá para cá, muita coisa mudou. A seleção rodou o mundo enfrentando os mais alternativos adversários em jogos amistosos, já que estava classificada para o Mundial de 2014 por ser o país-sede. Se for levar em conta a última estreia em Eliminatórias, lá se vão oito anos.

Em outubro de 2007, diante da Colômbia, Dunga começava a caminhada para mais um Mundial tentando esquecer um fracasso recente. A situação em 2014 é basicamente a mesma. O técnico não mudou, mas os vexames ficaram ainda piores. Afinal, antes um 1 a 0 para a França que um 7 a 1 para a Alemanha. Não é mesmo, Parreira?

A comparação fica ainda pior se levado em conta o desempenho na Copa América de 2007 e na Copa América de 2015. Em seu primeiro teste como técnico de futebol, Dunga levou um Brasil desacreditado ao título diante da Argentina na final. Neste ano, foi eliminado pelo Paraguai nas quartas de final.

A principal mudança, porém, está no gabarito dos convocados. A grande esperança brasileira para as Eliminatórias atuais é Neymar, que, suspenso, não enfrentará o Chile. Em 2007, era o “trio de ouro”: Robinho, Kaká e Ronaldinho Gaúcho.

Brasil levou a Copa América de 2007, mas sem Ronaldinho e  Kaká, que pediram dispensa (Foto: Reprodução/GazetaEsportiva.Net)
Brasil levou a Copa América de 2007, mas sem Ronaldinho e Kaká, que pediram dispensa (Foto: Reprodução/GazetaEsportiva.Net)

O título era uma dissidência do “Quadrado Mágico” da Copa de 2006, formado por Kaká, Ronaldinho, Ronaldo e Adriano. Robinho, o reserva de luxo, foi enfim elevado ao primeiro escalão após a aposentadoria forçada de Ronaldo na seleção, e dos problemas extracampo de Adriano.

O atacante, então no Real Madrid, deixava de ser promessa para enfim aos 23 anos ser um dos protagonistas da seleção. Foi o grande nome da conquista da Copa América de 2007, com gols e grandes atuações – sobretudo com a ausência de Kaká.

Após amargar a reserva em seus primeiros anos na Espanha, Robinho enfim era titular indiscutível do Real. E da seleção também. Ajudaria os merengues a levantarem o título espanhol naquela temporada. Marcou, no total, 15 gols – seu recorde na Europa, posteriormente igualado no City e no Milan.

Milan que, por enquanto, pertencia a Kaká. O brasileiro havia feito sua melhor temporada da carreira em 2006-07, sendo fundamental para a conquista da Liga dos Campeões pelos rossoneri. Algum tempo após aquela partida contra a Colômbia, o meia era eleito melhor do mundo. O último brasileiro a conseguir o feito.

Fechando o trio, estava Ronaldinho Gaúcho. Após duas temporadas mágicas, quando ganhou a Europa e a Espanha com a camisa do Barcelona, o meia vinha em descendente. Já não rendia tudo aquilo. A ponto de sua agitada vida noturna, existente desde os tempos de Grêmio, ganhar os holofotes.

Ao final daquela temporada, “Dinho” encerraria sua história no Barcelona. Seria negociado ao Milan sem que Guardiola, ainda novato, fizesse questão de sua permanência, algo impensável há alguns anos. Mesmo assim, tinha reputação suficiente para atrair mais atenção que os demais membros do trio.

A expectativa criada em torno dos três craques se baseava no fato de que seria o primeiro jogo com os três em campo sob o comando de Dunga. A reunião de Kaká, Robinho e Ronaldinho era aguardada desde o segundo semestre de 2006, o que o técnico ainda não havia conseguido até então: ora um estava machucado, ora outro, ora havia um suspenso, ora pedia dispensa – casos particulares de Kaká e R10 na Copa América de 2007.

Aguardado "trio de ouro" pouco fez na estreia do Brasil nas Eliminatórias  para 2010 (Foto: Reprodução)
Aguardado “trio de ouro” pouco fez na estreia do Brasil nas Eliminatórias para 2010 (Foto: Reprodução)

Para aquela partida, contra os colombianos, Dunga fez uma convocação ousada. Praticamente ignorou os atletas que jogavam no Brasil – Kléber, então lateral do Santos, e Alex Silva, zagueiro do São Paulo, eram as únicas exceções.

O treinador apostou em nomes desconhecidos dos brasileiros, como Daniel Alves, do Sevilla, Fernando, volante do Bordeaux, e Afonso Alves, o atacante do Heerenveen que já não era mais surpresa, passado o espanto inicial.

Do time titular para a estreia, Julio César, Maicon, Lucio, Juan, Gilberto Silva, Kaká e Robinho seguiriam no posto até a eliminação para a Holanda nas quartas da Copa de 2010. Gilberto, Mineiro, Ronaldinho e Vagner Love completavam o time, sendo que apenas o primeiro esteve entre os convocados para o Mundial.

Do outro lado, a Colômbia buscava surpreender, mas já dava indícios de que uma boa geração estava por vir. O técnico era Jorge Luis Pinto, que ganhou notoriedade em 2014 pela ótima campanha no comando da Costa Rica.

Já o craque era Falcao García, apesar de seus 21 anos de idade. Ainda era desconhecido dos europeus, mas já impunha respeito na América do Sul pelo seu ótimo desempenho no River Plate, clube que defenderia até 2009.

O “Tigre” era particularmente conhecido no Brasil por sua atuação de gala 15 dias antes contra o Botafogo. O colombiano havia feito três gols e eliminado quase sozinho o clube carioca da Sul-Americana, pelas oitavas de final.

Falcao tornou-se atração no embate diante do Brasil, assim como Rentería, outro conhecido dos brasileiros, devido à uma passagem pelo Internacional. Quem também se destacou naquela partida foi Carlos Zuñiga. O lateral que tirou Neymar da Copa de 2014 fez boas jogadas em suas subidas ao ataque e por pouco não foi fundamental para uma derrota brasileira.

Mas a partida foi morna. O trio de ouro mostrou pouco entrosamento, com Dunga chegando a substituir Robinho por Júlio Baptista e Kaká por Afonso Alves. Digno de nota, está apenas o pênalti não marcado de Gilberto em Rentería, que culminou em muitos protestos dos colombianos, em especial de Pinto, que foi expulso. O juiz era outro figurão: Carlos Amarilla.

A decepção da imprensa brasileira foi evidente. Juntos, os craques mostraram a mesma apatia do time da Copa de 2006. Três dias depois, veio a redenção. O trio funcionou diante do Equador no Maracanã, culminando em uma sonora goleada por 5 a 0.

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