Após 80 dias parado, o futebol voltou em grande estilo na Argentina

Após 80 dias parado, o futebol voltou em grande estilo na Argentina

Com recesso de fim de ano e greve de jogadores, futebol local só voltou a ser disputado em março

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Vélez Sarsfield
Torcida do Vélez Sarsfield faz a festa em Liniers: enfim a bola voltou a rolar (Foto: Divulgação)

Em crise institucional, o futebol argentino esteve na linha do absurdo até a noite desta quinta-feira (9). Isso porque os jogadores de todas as categorias nacionais haviam paralisado suas atividades devido ao atraso dos clubes no pagamento de salários.

Com o recesso de fim de ano dos atletas e a greve da categoria, o país ficou sem jogos da primeira divisão durante 80 dias. O último duelo da elite fora o empate a zero entre Tigre e Atlético Tucumán, na noite de 19 de dezembro, no Estádio José Dellagiovanna.

Graças ao recente acordo entre o sindicato dos jogadores (FAA) e a AFA, representante dos clubes, a bola finalmente pôde voltar a rolar. E da melhor forma possível, com a emocionante vitória caseira do Vélez Sarsfield, por 3 a 2, para cima do Estudiantes.

Em embate da 15ª rodada, os comandados de Omar De Felippe, que figuram no modesto 21º lugar, obtiveram um importante resultado sobre o quarto colocado, com destaque para a atuação do experiente atacante Mariano Pavone, de 34 anos. Ele abriu e fechou o placar no Estádio José Amalfitani, livrando sua equipe do empate no último minuto.

O reinício do campeonato, na verdade, deveria ter ocorrido há tempos. No entanto, uma série de elementos afetou o planejamento dos hermanos. Em meio a esse nebuloso contexto, um único jogo oficial foi realizado no país, a Supercopa Argentina, no dia 4, quando o Lanús foi campeão ao vencer o River Plate por 3 a 0.

Para entendermos a situação, vamos aos fatos. O governo nacional, responsável por financiar os direitos televisivos do futebol no país desde 2009, através do programa Fútbol para Todos, rescindiu seu contrato com a AFA e ficou-lhe devendo cerca de R$ 99 milhões.

Por dívidas salariais, os jogadores de Santa Fe, Newell’s Old Boys, Banfield, Gimnasia y Esgrima, Olimpo e Quilmes não deram início à pré-temporada. Pressionados pelos dirigentes, que buscavam receber o dinheiro do governo, eles voltaram às atividades.

Em fevereiro, quando o conflito parecia chegar ao fim, o sindicato dos futebolistas interveio e denunciou a situação ao Ministério do Trabalho. Assim, os jogadores entraram em greve, exigindo que os clubes usassem o dinheiro repassado pelo governo para saldar as dívidas, que, no pior dos casos, já durava quatro meses.

Em 2 de março, um dia antes do retorno previsto para o campeonato da elite nacional, o governo confirmou a liberação do dinheiro, mas os jogadores seguiram com a paralisação e anunciaram que só jogariam quando recebessem todos os vencimentos em suas contas.

Vélez Sarsfield 3 x 2 Estudiantes
Pavone brilhou no reabertura do futebol argentino (Foto: Divulgação/Vélez Sarsfield)

Diante da situação, a AFA considerou punir os clubes que não entrassem em campo. Os dirigentes cogitaram até escalar os juvenis para evitar a possíveis sanções. Só que a entidade decidiu voltar atrás e postergou o reinício do torneio.

Depois de inúmeras reuniões tensas, chegou-se a um valor próximo ao que era exigido pelo sindicato para finalizar a greve, graças ao depósito do governo pela rescisão do contrato de transmissão gratuita dos jogos na televisão, mais o aporte de capitais privados, oriundo de emissoras e patrocinadores.

Engana-se, porém, quem vê dá a situação como resolvida. Mergulhado na crise financeira que também afeta o país, o futebol argentino ainda convive com disputas de poder. Em 29 de março haverá eleições presidenciais para a AFA, que está sendo administrada por um comitê normalizador da FIFA. Mas esse é assunto para outra ocasião.

Enquanto os bastidores seguem agitados, o futebol local retoma sua programação, para a alegria dos torcedores, e, obviamente, dos jogadores, que enfim receberam o que era deles por direito.

 

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