Guia do Sul-Americano Sub-17 – Parte I

Guia do Sul-Americano Sub-17 – Parte I

Confira os possíveis destaques do Grupo A do torneio

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*Por Arthur LimaCaio Alves

conmebol sub17
(Foto: Conmebol/Divulgação)

Chamar um jogador de 17 anos de craque não é muito prudente. Com exceção feita a casos extraordinários, como Pelé, que nessa idade já era estrela e decidia uma Copa do Mundo, a tentação para acreditar que jovens valores serão jogadores excepcionais é grande, mas muitas vezes acaba gerando decepção.

Para diminuir os riscos dos eventuais “foguetes molhados”, é bom se manter atento ao desempenho dos atletas desde cedo, e uma das principais competições para fazer essa análise é o Sul-Americano Sub-17, que começa nesta quarta-feira (04/03), no Paraguai.

A primeira fase será composta por dez equipes, divididas em dois grupos. As três melhores seleções de cada grupo se classificam para o hexagonal final, onde os quatro primeiros garantirão vaga para o Mundial Sub-17 do Chile. Os chilenos já têm uma vaga garantida por serem os anfitriões do torneio, e se terminarem o campeonato no G-4 abrem uma vaga para o quinto colocado.

Além da chance de disputar a competição intercontinental, os garotos entrarão em campo em busca da atenção de torcedores e dirigentes de várias partes do mundo. Foi no Sul-Americano, por exemplo, que atuais craques como Philippe Coutinho (em 2009) e James Rodriguez (em 2007) despontaram para os holofotes do futebol.

Para te ajudar a saber em quem ficar de olho na competição, o Alambrado preparou um guia apresentando os possíveis destaques de cada seleção e analisando quais são as chances de sucesso. Hoje é a vez de falar sobre o Grupo A, com Paraguai, Brasil, Colômbia, Peru e Venezuela. Tem muita gente boa esperando uma chance de brilhar!

Brasil

Matheus Pereira, do Corinthians, é uma das promessas do Brasil (Foto: CBF/Divulgação)
Matheus Pereira, do Corinthians, é uma das jovens estrelas do Brasil (Foto: CBF/Divulgação)

A famigerada crise do futebol brasileiro que foi agravada, e muito, após o 7 a 1 sofrido para a seleção alemã na última Copa do Mundo, ainda reverbera pelo futebol tupiniquim. Todos os fatores reforçados pelos fracassos recentes nos torneios de base: eliminação na primeira fase no Sul-Americano Sub-20 de 2013 e quarta colocação em 2015; terceira posição no Sul-Americano Sub-17 em 2013 e, para terminar, eliminação precoce na primeira fase do Sub-15 em 2013 e na Copa México das Nações Sub-16 no ano passado.

A última eliminação em solo mexicano, sob comando de Caio Zanardi, ainda dói, sobretudo por ter sido com o time-base da seleção sub-17. Mesmo com uma geração repleta de ótimos jogadores, o Brasil pena para formar uma equipe boa e coesa. No Paraguai, já sob coordenação geral de Erasmo Damiani, a Amarelinha tem a chance de apagar as frustações recentes.

Dentro das quatro linhas, a confiança é grande. Apesar da sempre contestada convocação para o torneio, muitos nomes já são destaques, inclusive, em elencos principais de grandes clubes brasileiros. Exemplo maior é o do meio-campista Lincoln. Mesmo com 16 anos, já é titular do Grêmio de Felipão e talvez seja a grande esperança da seleção no torneio.

O meia Lincoln tem apenas 16 anos e já foi integrado aos profissionais do Grêmio (Foto: Rodrigo Fatturi/Grêmio/Divulgação)
O meia Lincoln tem apenas 16 anos e já foi integrado aos profissionais do Grêmio (Foto: Rodrigo Fatturi/Grêmio/Divulgação)

Outros destaques são os defensores Caique Maria (São Paulo) e Zé Marcos (Atlético Paranaense); os meio-campistas Evander (Vasco) e Matheus Pereira (Corinthians); além do atacante Mauro Junior (Desportivo Brasil), um ano mais novo que a maior parte do elenco.

Decacampeão, o maior vencedor da categoria busca comprovar a boa fase dos amistosos preparatórios recentes e acabar com a má fase das categorias de base da seleção. Talento há.

Time-base; Bruno, Kleber, Adryelson, Zé Marcos e Caíque; Riuler, Andrey e Matheus Pereira; Lincoln, Marco Tulio (Mauro Junior) e Evander.
Técnico: Caio Zanardi
Estreia: Brasil x Colômbia dia 06 de março, no estádio Feliciano Cáceres, em Luque

Paraguai

Paraguaios apostam em ataque forte e setor casa pra fazer bonito (Foto: Conmebol/Divulgação)
Paraguaios apostam em ataque forte e setor casa pra fazer bonito (Foto: Conmebol/Divulgação)

Anfitrião do torneio, o Paraguai deve aproveitar o fator casa para beliscar uma das 4 vagas para o Mundial que será realizado no Chile. Os paraguaios só conseguiram a classificação em 2 oportunidades (1999 e 2001), e contam com um ataque forte para não decepcionar a torcida.

No comando da garotada está o técnico Carlos Jara Saguier, que se tornou um nome importante nas categorias de base do país após a medalha de prata nas Olimpíadas de Atenas, em 2004. “Estamos bem, confio muito por tudo que foi feito neste ano de preparação que tivemos para encarar o Sulamericano em nosso país”, afirmou o treinador.

Uma das maiores promessas do elenco da seleção alvirrubra é Julio Villalba, do Cerro Porteño, atacante com boa estatura e faro de gol. Ele conta com o apoio de Sergio Diaz, também do Cerro, e de Ferreira, do Olimpia, formando o tridente de ataque que contraria a tradição defensiva paraguaia e tenta levar o país à competição mais importante da categoria mais uma vez.

Colômbia

Colombianos comemoram o título da Copa UC Chile em 2014 (Foto: Federação Colombiana/Divulgação)
Colombianos comemoram o título da Copa UC Chile em 2014 (Foto: Federação Colombiana/Divulgação)

Quando se pensa em torneios sul-americanos, principalmente nas categorias de base, a Colômbia aparece como terceira rival mais difícil do Brasil na teoria. No Sul-Americano Sub-20 deste ano os “cafeteros” foram ainda mais longe e abocanharam o vice-campeonato da competição.

A tradição em formar talentos vai ser colocada à prova novamente no Sul-Americano Sub-17. Vencedora em 1993, mas sem disputar o Mundial desde 2009, quando tinha o ótimo Edwin Cardona, terá pela frente o grande teste de fogo da categoria.

A seleção de Juan Camilo Pérez vem embalada pelo vice-campeonato no Sul-Americano Sub-15 de 2013 e busca passar pelo Grupo A. Umas das principais favoritas, a equipe tem como base o Deportivo Cali, que cedeu cinco jogadores à seleção.

É de lá que vem um dos grandes astros da equipe, o ótimo zagueiro Jhon Lucumi. Muito forte e atlético, o defensor também conta com ótimo espírito de liderança.

Na parte ofensiva, o grande destaque é Edwin Cetre, atacante do Atlético Boca Juniors local. Após bom Sul-Americano Sub-15, o habilidoso atleta busca dar um toque de ousadia na seleção de Juan Perez.

Peru

Luis Iberico é o destaque da forte seleção peruana (Foto: Federação Peruana/Divulgação)
Luis Iberico é o destaque da forte seleção peruana (Foto: Federação Peruana/Divulgação)

A ideia de que o futebol peruano está em crise atualmente passa longe da seleção treinada pelo ídolo Juan José Oré. Técnico de uma geração badalada e que é notícia desde 2013, Oré busca fechar com chave de ouro um ciclo já vencedor.

Uma das favoritas ao título, a seleção peruana vem embalada pelo títulos do Sul-Americano Sub-15 de 2013 e dos Jogos Olímpicos da Juventude de Nanjing do ano passado. Com a mesma base, o time vai confiante para a disputa no Paraguai.

Para voltar ao Mundial após 8 anos, o time conta com o ótimo goleiro Pedro Shigueishi e o excelente zagueiro e líder do time Marco Saravia. Os dois são a base para cuidar do sistema defensivo.

Mais à frente, não há como não citar o poder letal do trio vencedor Luis Iberico-Fernando Pacheco-Christopher Olivares. Os dois últimos estiveram na conquista do ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude.

Já o primeiro é a grande joia e esperança peruana. Comparado a Guerrero, o atacante do San Martin é artilheiro da sua equipe e já faz parte do elenco principal. Além disso, foi o grande goleador do Sul-Americano Sub-15, anotando sete gols em seis jogos.

Venezuela

Marco Farisato já faz parte das categorias de base do Valencia (Foto: Atletico Venezuela/Divulgação)
Marco Farisato já faz parte das categorias de base do Valencia (Foto: Atletico Venezuela/Divulgação)

Na última edição do Sul-Americano Sub-17, em 2013, a Venezuela conseguiu realizar uma campanha histórica, garantindo uma vaga para o Mundial da categoria com o vice-campeonato da competição. Dois anos depois, a Vinotinto tenta manter o embalo e mostrar que a boa campanha anterior não foi ao acaso.

Contando com um investimento massivo que provocou um desenvolvimento notável nas categorias de base nos últimos anos, os venezuelanos têm dado cada vez mais mostras de que os tempos de saco de pancadas entre os times da América do Sul estão ficando para trás.

O time entra na competição sob a batuta do técnico Ceferino Bencomo, campeão da liga local com o Caracas em 2010. A experiência do treinador com os profissionais pode ser útil para dar a confiança necessária para que algumas jovens estrelas venezuelanas brilhem no torneio.

Para garantir um bom desempenho no torneio, a Venezuela fez uma pré-temporada com vários jogos amistosos na Espanha, onde venceu as fortes equipes de base do Real e do Atlético de Madri, além de empates contra Valencia e Villarreal. Nas últimas semanas, a equipe completou a preparação na Argentina, onde venceu Banfield, Lanús e Defensa y Justicia.

A maior esperança é depositada sobre o atacante Marco Farisato, que integra o time juvenil do Valencia e demonstra muita agilidade e oportunismo dentro da área. Ao seu lado, Daniel Saggiomo, do Caracas, deve ser um coadjuvante eficiente para aumentar as chances de gol da Venezuela no Sul-Americano.

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Jornalista, 23 anos. Amante do futebol bonito e praticante do futebol feio