Na pequena ilha de Malta, o fator casa é quase nulo

Na pequena ilha de Malta, o fator casa é quase nulo

Principal campeonato do país concentra seus jogos em quatro estádios; Saiba mais

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Estádio Nacional de Malta (Ta' Qali)
Estádio Nacional, na região central de Malta, tem capacidade para cerca de 18 mil pessoas (Foto: Divulgação/MFA)

No Brasil, o uso compartilhado de estádios já foi mais “popular”, digamos assim. Vimos durante muitos anos o Mineirão, o Maracanã e o Morumbi receberem como mandantes dois ou mais times. Isso tendo como referência só o eixo Sudeste. Lá fora, esse cenário também não é novidade. Para citar caso análogo, Internazionale e Milan dividem o San Siro. Porém, a situação é ainda mais curiosa em Malta.

Nesta edição da Premier League maltesa, passadas 14 rodadas com 14 times, já houve 98 jogos – todos eles em quatro estádios: Centenário, Nacional, Victor Tedesco, do Hamrun, e Hibernians, do time homônimo. Como os duelos são sempre realizados entre sexta e domingo, a mesma cancha pode sediar jornadas duplas. No último dia 16, antes da pausa de fim de ano, o Hibernians e o Victor Tedesco foram palcos de dois embates cada.

O estádio mais utilizado foi o Centenário (37 vezes), seguido por Victor Tedesco (27), Nacional (24) e Hibernians (10). Ou seja, o fator “casa” praticamente inexiste em determinados quadros. Para ilustrar, o líder Balzan ganhou por 1 a 0 do Tarxien, pela 11ª rodada, com mando de campo no Centenário. No compromisso subsequente, repetiu o placar diante do Senglea no mesmo estádio, mas na condição de visitante.

Dessa maneira, a vantagem de jogar em seus domínios não se traduz nos resultados. Um levantamento publicado no início do ano por um usuário do Reddit, cujo nome está deletado do site na data vigente, mostra a porcentagem de vitórias dos locais em relação à dos visitantes nas últimas cinco temporadas das ligas europeias. O campeonato de Malta está na lanterna da relação, reforçando a tese de equilíbrio no quesito aludido.

Em geral, existem fatores que ajudam a explicar o porquê de os anfitriões terem maior aproveitamento nas principais ligas do mundo, seja em esportes coletivos ou individuais, como a familiaridade com o campo de jogo e as viagens feitas pelos adversários – ambos praticamente nulos no caso maltês. Ademais, há o privilégio de contar com o apoio da torcida e a atmosfera criada por ela, outro ponto que merece ser discutido aqui.

Segundo dados colhidos no Transfermarkt referentes à atual temporada, a média de público do país é de 927 torcedores por jogo. Tudo bem. Malta é uma pequena ilha com população estimada de 436.947 habitantes. Seus estádios são pequenos. Mas esse número aponta que o fator casa não faz valer a vantagem dos mandantes, tanto que quase não há diferença entre o número de triunfos destes e dos visitantes.

Se por um lado a liga local não é reconhecida no cenário internacional pela grande competitividade, a intensa frequência e as espetaculares festas dos torcedores, por outro ela está no topo quando se trata dos fãs mais bem- comportados. Segundo a última atualização do ranking da UEFA, a nação atrás de apenas Finlândia, Letônia, Islândia e Ilhas Faroé. Pelo menos um motivo do qual o futebol de Malta pode se orgulhar. E muito.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.