Guia do Mundial Sub-20 – Parte II

Guia do Mundial Sub-20 – Parte II

Confira a análise dos grupos C e D do torneio que será disputado na Nova Zelândia

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Depois de trazer detalhes e previsões sobre o que pode acontecer nos grupos A e B do Mundial Sub-20 da Nova Zelândia (veja), chega a vez de analisar as seleções dos grupos C e D. Chance de conhecer mais oito times com atletas que lutam para conquistar destaque apesar da juventude. Confira abaixo!

Grupo C

Qatar

O surpreendente Qatar, atual campeão asiático da categoria, é o cabeça de chave do equilibrado Grupo C. O país recebe cada vez mais investimentos no futebol por ter sido escolhido como sede da Copa do Mundo 2022, e a equipe nacional vem forte em busca de uma grande campanha.

Jogando o Mundial pela terceira vez, os cataris buscam repetir o desempenho de 1981, quando foram vice-campeões. Para isso, confiam no treinador espanhol Félix Sánchez Bas. Aliás, a seleção da Espanha como modelo para o Qatar. Com um estilo de jogo permeado pela influência da Fúria, não é surpresa se a equipe apresentar um bom toque de bola.

Qatar foi campeão Asiático sub-19 (Foto: Divulgação/the-afc.com)
Qatar foi campeão Asiático Sub-19 (Foto: Divulgação/the-afc.com)

Além do técnico, Sultam Al-Kuwari é outro familiarizado com futebol do país. O zagueiro atua pelo Villareal-ESP e é uma das liderança do elenco, ao lado do também defensor e já experiente Serigne Abdou, do Al Khor-QAT.

No entanto, o ataque é a grande virtude do Qatar. Com 14 gols marcados em seis partidas, o setor ofensivo encantou no Asiático Sub-19. Destaque, Al Saadi foi um dos artilheiros da competição, com cinco gols marcados.

Junto com o companheiro de futebol belga Afif, ele espera seguir marcando muitos gols e ajudar os cataris a continuar evoluindo no futebol.

Colômbia

Uma das seleções que mais evoluem no futebol mundial, a Colômbia tenta manter a tradição de potência em relação às categorias de base. Atuais vice-campeões do Sul-Americano Sub-20, os “cafeteros”, como são apelidados, buscam manter a boa fase e ir longe no torneio.

A promessa de craque João Rodriguez (Foto: Reprodução/ thechels.net)
A promessa de craque João Rodriguez (Foto: Reprodução/ thechels.net)

Além da classificação para os Jogos Olímpicos de 2016, a Colômbia chega com pompa pela ótima geração. O técnico Juan Carlos Restrepo conta com, pelo menos, três potenciais craques: João Rodriguez, do Chelsea-ING, Rafael Santos Borré, do Deportivo Cali-COL, e Jeison Lucumí, do América de Cali-COL.

Já Andrés Tello, volante técnico recém-contratado pela Juventus-ITA, é mais uma carta na manga dos colombianos. Esses atletas tentam manter a ótima forma na temporada para ajudar a seleção a superar a campanha do Mundial de 2003 – ano da melhor participação colombiana, com o terceiro lugar. Aquela geração, comandado por Montaño e Perea, ainda reverbera em solo latino.

Para garantir a estabilidade defensiva, as fichas estão depositadas no goleiro Álvaro Montero, sem dúvidaso melhor da posição do último Sul-Americano Sub-20, com muito reflexo e agilidade a serviço do selecionado do país.

Portugal

Tradição é pouco para definir Portugal em Mundiais Sub-20. São dois títulos, um vice-campeonato e um terceiro lugar conquistados em mais de 30 anos. O bicampeonato em 1989/1991 contou com uma das melhores gerações da história do futebol luso.

Luis Figo e Rui Costa já encantavam com tão pouca idade. Sempre pródigo em revelações, Portugal mantém o costume de formar ótimas seleções de base. Vivendo novamente um período mágico em suas seleções inferiores, os lusos esperam voltar ao pódio.

Tomás Podtawski o bom volante português (Foto: divulgação/uefa.com)
Tomás Podtawski é o bom volante português (Foto: divulgação/uefa.com)

Para isso, contam com a mistura de duas categorias vencedoras: Porto e Benfica. Os dois clubes cederam importantes jogadores para a seleção. E atletas de qualidade. Gonçalo Guedes e Nuno Santos pertencem a uma geração “Encarnada” que dá trabalho na Europa. Já André Silva e Tomás Podstawski são expoentes do vencedor Porto.

Juntam-se a eles o camisa 10 e craque Marcos Lopes, do Lille-FRA, o goleiro Tiago Sá, do Sporting Braga-POR, e o ótimo Raphael Guzzo, do Chaves-POR, e uma base vencedora está montada pelo técnico Hélio Souza.

A grande ausência é a do excelente meio-campista do Porto Ruben Neves, que estará disputando o Europeu Sub-21 paralelamente ao Mundial.

Senegal

Sem a mesma tradição de Gana e Nigéria nas categorias de base, Senegal busca a afirmação no cenário mundial. O início foi dado no último Campeonato Africano Sub-20, disputado no próprio país.

Ibrahma Wadji é o grande craque de Senegal (Foto: Reprodução/africatopsports.com)
Ibrahma Wadji é o grande craque de Senegal (Foto: Reprodução/africatopsports.com)

Finalista, Senegal só perdeu a final por 1 a 0 para a Nigéria. A qualidade do setor ofensivo, aliada ao posicionamento defensivo agressivo, rendeu excelentes frutos para a seleção do técnico Joseph Koto.

Os atacantes Ibrahima Wadji, do Mbour Petite Côte-SEN, e Moussa Koné, do Dakar Sacré-Coeur-SEN, são certeza de bola na rede. O primeiro, por exemplo, marcou três gols no Campeonato Africano e é uma das grandes esperanças da seleção.

O ótimo meio-campista Sidy Sarr, companheiro de Ibrahima Wadji no time local, também tem ótima presença no ataque. Foi autor de três gols no mesmo torneio, mesmo sem ser o homem da finalização final.

Na defesa, Mouhameth Sané, do Dijon-FRA, é o xerife e comanda a zaga, que foi vazada nove vezes em cinco jogos no Campeonato Africano Sub-20.

Grupo D

México

Tradicional nas categorias de base, com direito a um vice-campeonato na primeira edição do Mundial, em 1977, e um terceiro lugar em 2011, o México chega à Nova Zelândia com o status de campeão do torneio qualificatório da CONCACAF. Para repetir no Mundial o bom desempenho da eliminatória, a aposta dos mexicanos é o entrosamento.

Isso porque os maiores destaques da seleção azteca levam para a equipe nacional a convivência do dia a dia em seus clubes. A base do elenco vem do Guadalajara-MEX, com quatro atletas, e do Pachuca-MEX, com cinco jogadores. E é em uma dupla com representantes de cada um desses times que residem as maiores esperanças dos mexicanos.

Lozano foi o artilheiro das eliminatórias da Concacaf (Foto: Concacaf/Divulgação)
Lozano foi o artilheiro das eliminatórias da CONCACAF (Foto: Concacaf/Divulgação)

Jogando abertos e em velocidade, os meias Hirving Lozano, pela direita, e David Ramírez, pela esquerda, prometem dar trabalho aos defensores adversários. Mais atrás, os volantes Victor Guzmán e Erick Gutierrez dão a sustentação necessária para que o resto da equipe se concentre nos gols.

Na defesa, os zagueiros González e Aguirre pecam no posicionamento algumas vezes, mas compensam com um notável senso de recuperação. O goleiro Jesse Gonzalez, por sua vez, não foi tão exigido na competição da CONCACAF, porém tem falhado em amistosos recentes, o que pode custar a vaga de titular para Raul Gudiño, do time B do Porto-POR.

A referência no ataque é Guillermo Martínez, mais um jogador do Pachuca. Mesmo sem muita mobilidade, mostra grande presença de área e puxa a marcação adversária. Isso costuma abrir espaços para seu companheiro de frente, Alejandro Díaz, do América-MEX. Acertando o tom no campo defensivo, as águias mexicanas podem sonhar com voos mais altos.

Mali

A seleção malinesa tenta passar para o próximo nível em sua quinta participação em Mundiais. O sonho de igualar ou até mesmo superar o terceiro lugar na edição de 1999 do torneio parece distante, mas o estilo ousado com que o time joga permite pensar que tudo é possível. Tanto uma chegada às finais quanto uma eliminação precoce.

A tendência ofensiva, por vezes até mesmo atabalhoada, foi marcante durante a Copa das Nações Africanas Sub-20, em março. A equipe montada por Fanyeri Diarra atropelou na primeira fase, vencendo seus três jogos e deixando a forte seleção de Gana para trás. Contudo, nas semifinais, erros bobos do sistema defensivo provocaram a eliminação para Senegal.

Souleymane Diarra, do Wydad Casablanca-MAR, e Youssouf Koné, do Lille-FRA, formam a dupla de zaga responsável por tentar minimizar os efeitos dos contra-ataques a que a equipe costuma ser submetida. Tarefa difícil, especialmente por conta das subidas constantes dos laterais Maiga e Coulibaly.

Habilidade de Traoré é o trunfo de Mali (Foto: AFC/Divulgação)
Habilidade de Traoré é o trunfo de Mali (Foto: AFC/Divulgação)

Os destaques malineses jogam na frente. Adama Traoré, do Lille, é o jogador mais habilidoso de Mali e já acumula certa experiência por conta dos jogos pelo time francês. Além disso, possui uma química interessante com o forte centroavante Alassane Diallo, do belga Westerlo. Na outra ponta do ataque, o camisa 10 Hamidou Traoré também é do tipo que não dá descanso ao adversário.

Em uma competição mais longa, a irregularidade da seleção poderia ser um problema. Mas em um torneio de tiro curto, um dia inspirado do trio de ataque pode fazer a diferença para Mali.

 

Uruguai

Pereiro é um dos candidatos a craque da competição (Foto: Divulgação/Conmebol)
Pereiro é um dos candidatos a craque da competição (Foto: Divulgação/Conmebol)

Quarto maior pontuador da história dos Mundiais Sub-20 e com dois vice-campeonatos (inclusive na última edição, em 2013), o Uruguai tem credenciais suficientes para já começar o torneio no rol dos favoritos. No entanto, a seleção não conseguiu um lugar entre os cabeças de chave, e o sorteio acabou colocando a Celeste no indigesto Grupo D.

Para honrar a tradição uruguaia e superar as dificuldades, uma boa safra entra em ação na Nova Zelândia, com um futebol bastante técnico e surpreendentemente ofensivo no esquema montado pelo técnico Fabián Coito.

O símbolo dessa geração é o atacante Gastón Pereiro, do Nacional-URU. Com 1,88 de altura, pode passar a impressão de ser um jogador pesado e lento à primeira vista. Mas não se engane: com um estilo clássico e precisão nas finalizações e nos pivôs, o grandalhão tem brilhado tanto nas seleções de base quanto em seu clube, no qual aparece com frequência entre os titulares.

Alguns coadjuvantes de luxo devem auxiliar Pereiro na missão de levar o Uruguai ao primeiro título. Franco Acosta, atacante do Villarreal-ESP, é outra peça importante no setor de frente. Na armação das jogadas, dois meias criativos do Defensor-URU: Mauro Arambarri e Facundo Castro, que costumam chegar bastante dentro da área adversária.

O pilar de sustentação da defesa é o zagueiro Guillermo Cotugno, do Rubin Kazan-RUS, que tenta diminuir a frequência de intervenções do goleiro Guruceaga. Se encontrar a solidez que precisa e contar com a sorte que faltou no Mundial passado, o Uruguai pode dar o salto de qualidade para ser campeão.

Sérvia

Quando se fala da Sérvia em competições internacionais, é habitual lembrar do bom futebol de sua predecessora, a Iugoslávia, que chegou a ser campeã do Mundial Sub-20 em 1987, revelando Suker, Boban e Prosinecki, entre outros. Mas a realidade atual é um pouco diferente.

O time é competitivo e provou isso na disputa do Europeu Sub-19, quando foi eliminado nas semifinais por Portugal, nos pênaltis. Mas deixa de lado a tal falada tradição do toque de bola e criatividade que fizeram com que ganhasse o apelido de “Brasil do Leste Europeu”.

Para suprir a falta de jogadores de brilho, muita organização, aplicação tática e foco no jogo aéreo, incentivado pelo técnico Veljko Paunovic. Dentro de campo, o maior destaque é o capitão Milos Veljkovic, zagueiro do Tottenham-ING. Usando bem sua altura (1,93m), ele consegue tanto limpar a própria área quanto marcar gols, como na vitória por 1×0 sobre os EUA em amistoso pré-Mundial.

O zagueirão Veljkovic é arma brilha na defesa e no ataque (Foto: Reprodução/Twitter)
O zagueirão Veljkovic brilha na defesa e no ataque (Foto: Reprodução/Twitter)

Filip Jankovic, meia do Catania-ITA, é a outra estrela do time, controlando as ações da equipe e ditando o ritmo de jogo. Os chutes de longa distância de Nemanja Maksmimovic também podem fazer a diferença a favor dos sérvios. O lateral Milosevic e o atacante Zivkovic, joia do Partizan, são as poucas alternativas de jogadas em velocidade.

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