Maradona, Ronaldinho, Figo, Kaká, Adriano, Robben, Iniesta, Roberto Carlos, Henry e Messi são jogadores que figuram com frequência na lista de melhores do mundo, tanto na atualidade como historicamente. No entanto, todos eles têm algo a mais em comum: o fato de terem aparecido para o mundo em edições do Mundial Sub-20.
Para repetir o sucesso dos astros acima, atletas de 24 seleções entram em campo a partir desta sexta-feira (29), na Nova Zelândia, em mais uma edição do maior torneio de categorias de base organizada pela FIFA. Os times foram divididos em seis grupos, com o campeão e o vice de cada chave avançando às oitavas de final, além dos quatro melhores terceiros colocados.
Para deixar o leitor por dentro de possíveis destaques do campeonato neste ano, o Alambrado traz este guia dividido em três partes, mostrando as expectativas de cada seleção para o Mundial. Nesta publicação, uma análise dos grupos A e B. Confira abaixo!
Grupo A
Nova Zelândia
A Nova Zelândia precisa levantar as mãos para o céu e agradecer pelo sorteio desta edição da Copa do Mundo Sub-20. Os donos da casa caíram no grupo mais nivelado da competição e possuem boas chances de avançar para as oitavas de final.
Em sua quarta participação no torneio, os neozelandeses esperam colocar fim a um jejum: a seleção kiwi nunca venceu uma partida no certame. Para quebrar a escrita, o treinador Darren Bazeley conta com uma equipe forte física e taticamente.
Mesmo assim, os últimos amistosos não são nada animadores. Em 2015, houve sete jogos preparatórios e apenas uma vitória – 2 a 1 contra o Panamá. E foi justamente nessa partida que a dupla Alex Rufer e Mathew Ridenton mostrou todo o seu entrosamento.
Os parceiros do Wellington Phoenix-NZL são a principal esperança de gols da seleção. Ao lado deles, Clayton Lewis comanda o meio-campo da equipe. O camisa 10, jogador do Wanderers-NZL, dá um toque de criatividade ao setor.
Dois “gringos”, Jesse Edge, do Vicenza-ITA, e Bill Tuiloma, do Olympique de Marselha-FRA, dão consistência defensiva ao principal setor da seleção. É confiando na solidez da zaga que os donos da casa esperam avançar para a segunda fase.
Ucrânia
Os ucranianos confiam em uma seleção 100% nacional para surpreender no Mundial. O foco na competição é grande e fez o técnico Oleksandr Petrakov escalar força máxima.
Isso porque a seleção sub-19 disputa uma vaga para o Europeu da categoria. Mesmo assim, os principais destaques do torneio que levou os ucranianos à Copa do Mundo estão no grupo na Nova Zelândia.
A Ucrânia marcou apenas dois gols em três partidas no último Europeu Sub-19. Para alcançar novamente as oitavas de final, como em 2001 e 2005, espera-se um desempenho mais eficiente do ataque.
Para isso, Roman Yarenchuk, jogador do forte Dynamo Kiev, e Artem Biesiedin, do Metalist, serão importantes. Os dois têm a responsabilidade de aumentar o poder de fogo da equipe na primeira fase.
Viktor Kovalenko, que brilhou na Youth League com o Shakhtar Donetsk, é o coelho na cartola dos ucranianos. Com um grupo teoricamente mais fácil, é possível sonhar.
Estados Unidos
O rei do grupo. Assim podemos definir a seleção norte-americana fazendo parte da chave mais fraca do Mundial. E não é apenas pela boa tradição dos estadunidenses na competição que o favoritismo aparece.
Em busca de repetir 1989, quando conquistou a quarta posição, os Estados Unidos trazem uma equipe com muito potencial para a Nova Zelândia. A forte seleção que se classificou no Torneio Sub-20 da CONCACAF tem um ingrediente a mais para ir bem.
Trata-se de Gediom Zelalem, a joia do Arsenal-ING que optou por defender o país americano em detrimento da Alemanha. Aos 18 anos, ele é uma das grandes promessas do futebol mundial. Veloz, habilidoso e muito vertical, é a principal esperança do treinador Tab Ramos.
Mas Zelalem não é peça única. Joel Soñora, do Boca Juniors-ARG, e Paul Arriola, jogador do Tijuana-MEX, prometem bagunçar os mais variados sistemas defensivos. O poder de fogo é alto quando os três estão em campo.
Na defesa, Shaquell Moore, jogador do Huracán Valencia-ESP, foi eleito o melhor jogador da categoria pela CONCACAF. Ao lado do bom Carter-Vickers, do Tottenham-ING, a segurança dos norte-americanos está bem garantida.
Myanmar
De tempos em tempos, a Copa do Mundo Sub-20 reserva surpresas. Seleções até então desconhecidas aparecem no torneio e chamam a atenção dos amantes da bola. Nesta edição, dois estreantes estão em foco. O primeiro deles é Myanmar, que representa a Ásia.
Antiga Birmânia, o país não tem muita tradição futebolística. Porém, na década de 60, faturou diversas taças na Ásia em competições Sub-19. Foram sete troféus e uma tradição construída com tantas conquistas.
Após esse período, somente no ano passado a nação voltou a apresentar bom futebol. Em 2014, sediando a competição, alcançou as semifinais e garantiu vaga para a disputa do Mundial em 2015.
Sob comando do alemão Gerd Zeise, Myanmar possui uma seleção praticamente sem experiência internacional. Com todos os jogadores atuando no próprio país, a esperança para não fazer feio na Nova Zelândia é o trio de ataque do time.
Nyein Chan Aung, Aung Thu e Than Paing são as esperanças de gols de Myanmar. Os ídolos que buscam virar heróis do país.
Grupo B
Argentina
O currículo invejável da Argentina em Mundiais Sub-20 já seria suficiente para colocar a seleção alviceleste como uma das maiores favoritas desta edição. São nada menos que seis títulos da competição mais importante da categoria, que fazem dos argentinos os maiores campeões da história do torneio.
Mas a equipe passa longe de viver só de retrospecto. O elenco forte, campeão do último Sul-Americano Sub-20, com direito a vitórias com autoridade sobre os rivais Brasil e Uruguai, é formado por atletas que já atuam com frequência em seus respectivos clubes, trazendo a esperança de mais uma nova conquista.
O time treinado por “Humbertito” Grondona demonstra variações táticas interessantes e até mesmo incomuns nas categorias de base, quando os jogadores costumam ter um senso de ocupação de espaços menos desenvolvido. Tanto no Sul-Americano quanto nos amistosos mais recentes, a equipe alternou entre o 4-3-3, o 3-4-3 e o 4-4-2.
O segredo para tamanha alternância e qualidade pode ser resumido em um jogador: Ángel Correa, cria do San Lorenzo-ARG e contratação desta temporada do Atlético de Madrid-ESP. Com visão de jogo apurada e muita habilidade, consegue atuar tanto na criação como no ataque, cumprindo a tradição argentina de revelar bons jogadores desse tipo. O entrosamento com o centroavante Giovanni Simeone, do River Plate-ARG, artilheiro do Sul-Americano com nove gols em nove jogos, pode ser fundamental para o sucesso dos hermanos.
O zagueiro Mammana e o goleiro Batalla, ambos do River, são os destaques do forte sistema defensivo, que conta ainda com Tiago Casasola, do Fulham-ING. No meio, vale ressaltar a presença de Emiliano Buendía, do Getafe-ESP, que tenta suprir a ausência de Sebástian Driussi, jovem talento do River cortado da lista final por conta de uma meningite.
Mesmo com tantos bons nomes, a Argentina tomou um susto na preparação para o Mundial. Na chegada à Oceania, derrota por 3×1 para a seleção principal do Taiti. O sinal amarelo foi ligado, mas nada que seja suficiente para tirar os argentinos do posto de favoritos ao título da competição.
Panamá
Muita força na defesa, vigor físico e um pouco de sorte. Esses são os ingredientes com os quais a seleção panamenha espera contar para conseguir superar o rótulo de azarão e conquistar uma boa classificação no difícil grupo B.
E, se a sorte nunca está garantida para ninguém, ao menos os outros dois fatores não devem faltar. Foi assim que o Panamá ficou com o vice-campeonato no Torneio Sub-20 da CONCACAF, que valeu a vaga no Mundial. O único gol sofrido pelo time em seis jogos disputados pela competição aconteceu justamente na final contra o México, perdida após as cobranças de pênaltis.
A defesa conta com o bom goleiro Jaime de Gracia e o zagueiro Chin Hormechea, do Árabe Unido-PAN, para compor o sistema em que estão depositadas as maiores esperanças panamenhas. À frente deles, garantindo a primeira linha de marcação no meio de campo, está o maior destaque do time, o volante Luis Pereira, eleito o craque do Torneio Sub-20 da CONCACAF.
No setor ofensivo, a inspiração é pouca, mas normalmente chega sempre das mesmas fontes. Uma delas é o meia Francisco Narbón, um dos únicos “estrangeiros” do time, que atua no futebol universitário dos Estados Unidos e já soma 4 convocações pela seleção principal. A outra é o atacante Ismael Díaz, que, mesmo com apenas 18 anos, já mostra maturidade suficiente para liderar sozinho o ataque, segurando a bola na frente depois dos lançamentos longos que vêm da defesa.
Na preparação para o Mundial, um sopro de alegria seguido de preocupação. Em um amistoso contra a forte seleção uruguaia, o Panamá saiu de campo vitorioso por 1 a 0, mas sofreu duas baixas importantes: os laterais Kevin Galván e Michael Murillo. Para um time que se apoia tanto na força e na organização defensiva, acaba sendo uma bela pulga atrás da orelha do técnico Leonardo Pipino.
Gana
Esqueça qualquer jargão sobre “ingenuidade africana” ou piadas infames sobre adulteração de idade dos jogadores. Quando o tema é categoria de base, o futebol da África merece respeito, e Gana é um dos maiores expoentes da força do continente nas competições oficiais desta espécie.
Campeã mundial em 2009 – com vitória sobre o Brasil na final, nos pênaltis –, além de dois vice-campeonatos (1993 e 1999), a seleção ganesa chega à Nova Zelândia com a consciência de estar em um dos grupos mais difíceis do torneio, mas sabendo que tem boas chances de alcançar a próxima fase. Para isso, investe suas fichas em um esquema ofensivo que segue a tradição de Gana no futebol.
O 4-3-3 cheio de velocidade montado pelo técnico Sellas Tetteh promete não dar descanso aos defensores adversários. O trio de ataque apresenta intensa movimentação e experiência em competições internacionais. Um dos exemplos é Clifford Aboagye, remanescente do Mundial de 2013, que segue como titular da seleção após ser contratado pela Udinese-ITA e emprestado ao Granada-ESP.
Ele ainda tem o apoio de Emmanuel Boateng, do Rio Ave-POR, e Yaw Yeboah, atacante da base do Manchester City-ING que se destacou nas eliminatórias africanas para o Mundial. O meia Barnes Osei, do Paços de Ferreira-POR, é o responsável pela criação das jogadas, com assistência de David Atanga, do Red Bull Salzburg-AUT.
Com tantas opções na frente, sobra trabalho para quem fica no setor defensivo. A sobrecarga só não é maior por conta da segurança do zagueiro Joseph Aidoo, do Inter Allies-GAN. Na ligação entre os dois setores está o capitão do time, o volante Godfred Donsah, que atua no Cagliari-ITA. Jogador forte e com saída de bola de qualidade, uma espécie de termômetro das Estrelas Negras.
Áustria
Pouco brilho, mas muito trabalho. Em sua quarta participação no Mundial Sub-20, essa deve ser a tônica da Áustria para repetir o sucesso da última campanha no torneio, em 2007, quando chegou às semifinais. Um time que não tem grandes perspectivas de encantar os espectadores, mas com atletas que já procuram demonstrar um alto grau de competitividade desde jovens.
O símbolo desse estilo eficiente é o capitão Francesco Lovric. Zagueiro competente e forte no jogo aéreo tanto no ataque como na defesa, chamou cedo a atenção do Stuttgart-ALE, atuando no time B. Ele foi um dos destaques da seleção austríaca no Europeu Sub-19 da temporada passada, que valeu vaga para o Mundial deste ano. Mas outra grande estrela vai acabar fazendo falta no torneio.
O meia-atacante Synan Bytyqi, artilheiro da Áustria no torneio e recém-contratado pelo Manchester City, será desfalque por conta de uma lesão no ligamento cruzado do joelho. Uma enorme perda para um ataque que não costuma ser tão incisivo. Responsabilidade dobrada para uma dupla que atua no futebol local: Jakob Kreuzer, do Ried, e Bernd Gschweidl, do Grodig.
Na armação, a maior esperança fica por conta de Florian Grillitsch, meia do Werder Bremen-ALE que costuma aparecer com frequência no campo de ataque. O apoio de Andreas Gruber, do Sturm Graz-AUT, deve ser fundamental para aumentar as opções ofensivas da Áustria, já que os laterais Puchegger e Rosenbichler não costumam ir ao ataque com frequência.
Além do capitão Lovric, os austríacos contam com dois defensores de gigantes europeus para compor uma muralha na retaguarda. Patrick Puchegger, do Bayern de Munique-ALE, é do tipo que limpa a área sem brincar muito em serviço. Já Philipp Lienhart, do Real Madrid-ESP, ainda peca pela inexperiência, no alto de seus meros 18 anos, porém é o zagueiro mais veloz do elenco. Peças que em conjunto podem pelo menos atingir a segunda fase.