Chegou a hora da molecada mostrar a que veio. Começa nesta sexta-feira (6), na Índia, mais uma edição do Mundial Sub-17, torneio considerado por muito como o primeiro grande teste internacional de grandes estrelas do futebol mundial. O Alambrado não ia ficar de fora dessa, e traz para você os destaques da competição neste guia de três partes, começando hoje com a análise dos grupos A e B. Confira:
Grupo A
Índia
Anfitriã, a Índia participará de maneira inédita do Mundial Sub-17. Como não disputou de nenhum qualificatório por ter vaga direta, pesa contra ela a falta de competitividade. Seu último desafio foi no Campeonato Asiático Sub-16, em outubro do ano passado, no qual jogaram muitos nomes do atual elenco. Porém, há dois detalhes: a seleção foi lanterna do grupo sem nenhuma vitória e era treinada pelo alemão Nicolai Adam. Quem está à frente do cargo no momento é o português Luis Norton de Matos, anunciado em março.
Enfrentando dificuldades para se firmar até regionalmente, a Índia deve ser o popular “saco de pancadas”. Isso não quer dizer que não haja jogadores de valor por lá. Nascida no âmbito de um projeto para o desenvolvimento juvenil, a Elite Academy é a base da seleção e forneceu-lhe o meia Komal Thatal, um dos goleadores do grupo. Os defensores Jitendra Singh e Boris Thangjam também se sobressaem.
Estados Unidos:
Os Estados Unidos, embora nunca tenham ido além do quarto lugar, são presença frequente no Mundial Sub-17. Em má fase, eles ficaram fora do certame em 2013 e caíram na fase de grupos da edição seguinte. Sob o comando de John Hackworth, a meta é superar o momento ruim da categoria e demonstrar progresso. A fase inicial já teve relativo êxito, com o vice na Concacaf.
Na primeira fase, o time ianque venceu México (4×3), Jamaica (5×0) e El Salvador (1×0). Depois, permaneceu avassalador e eliminou Honduras (3×0) e Cuba (6×2). Números ofensivos que impressionam. Na final, os jovens de Hackworth reencontraram os aztecas, que tiveram sua vingança e foram campeões nos pênaltis, ampliando o jejum do rival no torneio.
Resultado à parte, muitos elementos construtivos foram tirados da experiência no Panamá, que recebeu o evento em maio. Por exemplo, metade da seleção ideal foi composta por americanos. A começar pelo ótimo goleiro Justin Garces, os defensores Jaylin Lindsey e James Sands, o meia Chris Dukin e o artilheiro Josh Sargent, destaque no Mundial Sub-20 deste ano. Menção honrosa para o atacante Ayo Akinola. Com essa safra, os estadunidense têm condições de surpreender.
Colômbia
Orientada há pouco mais de um ano pelo técnico Orlando Restrepo, a Colômbia retorna ao Mundial Sub-17 pela primeira vez desde 2009, quando conquistou nos gramados nigerianos seu melhor resultado na história do torneio, igualando o 4º lugar obtido em 2003. O lugar para disputar a competição na Índia foi alcançado em virtude do bom desempenho no Sul-Americano da categoria, realizado em março, em território chileno.
Na ocasião, o selecionado cafetero mostrou grande poder de fogo e teve o melhor ataque da primeira fase, com oito gols em dois jogos, sendo vice-líder do grupo. Desbancou a Equador, Uruguai e Bolívia no grupo e só ficou atrás do Chile. O rendimento caiu bruscamente no hexagonal final (2 vitórias, 1 empate e 2 derrotas), mas foi o suficiente para garantir a última vaga, embora a concorrência por ela estivesse fraca.
A escassez de bola na rede na última fase a impediu de sonhar mais alto. Só que isso não diminuiu a relevância obtida pelos goleadores da equipe: os atacantes Santiago Barrero, Juan Peñaloza e o meia-atacante Jaminton Campaz. Outros nomes de qualidade são o do articulado meia Brayan Gómez, o do seguro zagueiro Thomas Gutiérrez, e o do promissor goleiro Kevin Mier. A Colômbia vai brigar pela segunda fase.
Gana
Foi exatamente uma década de ausência, mas Gana “fez as pazes” e também está se reencontrando com o Mundial Sub-17. Das mãos do técnico Paa Kwasi Fabi, que a treina desde 2011, a antiga bicampeã da categoria mostrou excelente desempenho em solo gabonês, no passado mês de maio, e faturou a medalha de prata da Copa Africana, perdendo para a ótima geração de Mali na final, por 1×0.
Antes, o selecionado havia liderado a fase de grupos de maneira absoluta, com o ataque mais letal (9 gols) e a defesa menos vazada (1), superando Camarões, Gabão e Guiné. Destaque para o atacante Eric Ayiah (4), principal estrela da equipe, e o meia Emmanuel Toku (3), que juntos somaram 7 tentos. Aliás, não se assuste quando vir Ayiah com a camisa 6. O capitão usa o número em homenagem ao dia da independência ganesa e também ao seu próprio aniversário.
A classificação sem gols sobre o Níger na semifinal e o vice-campeonato não ofuscaram o potencial dos Estrelas Negras, e sim foram úteis, sobretudo, para realizar determinados ajustes. Dos 21 nomes chamados para o Mundial, por exemplo, 7 são novidades. Os principais continuam recebendo os votos de confiança de Fabi, caso do goleiro Ibrahim Danlad, de apenas 14 anos, e dos meias Gabriel Leveh e Ibrahim Sulley. Entrosada, Gana pode ir longe, mas precisa lidar com a pressão dos desafios.
Grupo B
Paraguai
Cada vez apresentando jogadores de melhor qualidade nas categorias de base, o Paraguai chega ao Mundial da Índia para surpreender. Terceira colocada no Sul-Americano Sub-17, a geração conta com bons jogadores no setor ofensivo, característica oposta ao que se consolidou o país nas últimas décadas.
E um nome “conhecido” dos brasileiros é destaque na frente: Aníbal Gabriel, um dos principais artilheiros sub-17 do Palmeiras. Centroavante goleador, ele dividirá a responsabilidade de marcar com Martin Sanchez (Olimpia) e Fernando Romero (Nacional).
No meio-campo, destaque para Julio Baez, do Cerro Porteño. Técnico e experiente para a idade, ele deverá ser o cérebro do time. Juntamente a ele, a sensação do Libertad, Giovane Bogado. Um ano mais jovem que a maioria, talvez seja o jogador mais habilidoso da geração. E maior potencial.
Bogado já estreou pelos profissionais. O técnico Gustavo Morínigo confia nos brilhos individuais para repetir 1999, quando a seleção chegou até as quartas de final da competição. E em time ofensivo, até zagueiro faz gol. Roberto Fernandez, do Guarani, fez quatro no Sul-Americano e foi um dos artilheiros da equipe no torneio.
Nova Zelândia
De passo em passo, a Nova Zelândia vai obtendo resultados interessantes na seleção principal. Na base, o roteiro é o mesmo. Em 2015, o escrete foi eliminado somente para o Brasil, nas oitavas de final, em partida decidida nos últimos lances. Das últimas quatro participações, três vezes o time passou de fase.
Para esta edição, o técnico Danny Hay conta com uma equipe goleadora. Mais uma vez, o país da Oceania levou a competição continental com sobras. Charles Spragg, do Western Springs, foi a grande evidência, com sete gols e escolhido o melhor jogador do torneio.
Também do Western Springs é seu companheiro de ataque, Matthew Conroy. Artilheiro, faz gol de todo jeito. Com isso, as chances de seguir surpreendendo nas campanhas é grande.
Para criação de jogadas, Willem Ebbinge é o cara. Membro da geração /01, assim como Conroy, ele desfila potencial pelo Wellington Phoenix. Oliver Duncan, meio-campista do Brisbane Roar, da Austrália, é outro jogador importante no meio.
Mali
Se os africanos por si só já assustam no Mundial Sub-17, imagine a seleção de Mali. Atual vice mundial e campeã continental, o país é potência. E vem forte na busca pelo título.
Sólida, equilibrada e com bons jogadores, a seleção aparece como uma das favoritas do grupo. O técnico Jonas Kokou Komla tem em seu elenco jogadores de destaque. No ataque, Hadji Dramé, do Yelleni Olimpic surge pelas pontas. Porém, também faz gols. Foi o artilheiro do título continental deste ano, com três gols.
Lassana Ndiaye, do Guidars, também se destacou no torneio ao marcar dois tentos. Mais de área, Seme Camara, do Diarra, também coloca muitas bolas na rede adversária
O líder da equipe é Mohamed Camara. Meio-campista técnico e inteligente, faz de tudo um pouco. É dele o dever de abastece o ataque e voltar para ajudar. Completo. Potencial destaque da competição.
Turquia
Se não é para ir bem, melhor nem ir. Esse deve ser o lema da Turquia em Mundiais Sub-17. Nas duas participações, times interessantes. Em 2005, semifinalista, já em 2009, as quartas de final foram o limite.
Para esta edição, a seleção conta uma equipe muito técnica. Inclusive, com uma das melhores gerações da Europa. Assim como no time principal, muitos jogadores técnicos e de poderio ofensivo.
No torneio continental, em que os turcos pararam nas semifinais, o destaque foi Atalay Babacan. Jogador do Galatasaray, atua como meia próximo aos atacantes. Camisa 10, é canhoto e faz mágica com a bola. Um dos grandes jogadores para se observar do setor.
Para auxiliá-lo, há o ótimo Recep Gul, também do Galatasaray, atacante que joga pelos lados, é rápido e habilidoso. Na frente, Ahmed Kutucu, do Schalke 04, e Malik Karaahmet, do Karlshurer, também são peças importantes.