Ser árbitro não é uma coisa fácil, não importa o campeonato, nem o país. Um juiz de futebol não nasceu para agradar. Isso é algo que quem escolhe esta profissão deve saber desde já.
Entretanto, no Brasil, os donos do apito parecem gostar de fazer jus aos xingamentos e desconfiança de dirigentes, jogadores e torcedores. São tantos erros gritantes, lances duvidos desnecessários e abusos de poder que desanimam qualquer um.
A paixão do brasileiro é o futebol. Os donos do show são os jogadores e não dá para os árbitros ficarem acima disso. Na 18ª rodada, os apitadores protestaram contra o veto de Dilma ao Profut, que lhes garantiria o direito de arena, recebendo 0,5% dos direitos de transmissão dos jogos.
Não concordo com estes protestos. Penso ser necessária a profissionalização desta função, fazendo com que o árbitro possa viver apenas da arbitragem, e não que ela seja apenas um emprego secundário.
Mas fica difícil receber apoio do torcedor quando o trabalho não é bem feito. Só nesta última rodada, o que teve de lance polêmico não é brincadeira. Na vitória do Palmeiras sobre o Flamengo por 4 a 2, dois pênaltis claros a favor do Flamengo que o árbitro não deu. Um em cima do lateral Pará, o outro de Prass em Guerrero.
Na derrota do Atlético-MG para a Chapecoense, que garantiu o Corinthians mais uma rodada na liderança, Apodi marcou o gol do triunfo sobre o Galo dominando a bola com o braço. Falta clara que o juiz não viu. Sem contar a expulsão injusta de Leonardo Silva. O capitão atropelou Ananias, sim, mas não era o último homem, pois Jemerson estava na jogada.
E o jogo do Corinthians? Pela terceira vez seguida a arbitragem foi contestada. E de maneira corretíssima.
Quando a partida estava empatada em 1 a 1, o capitão Jéci recebeu livre, sozinho, na área e chutou para o gol, desempatando a partida. Todavia, a auxiliar Nadine Bastos assinalou impedimento. Um lance difícil, rápido, mas um gol legal. Minutos depois, Luciano marcaria um golaço que garantiria o Alvinegro na liderança.
Tirando os erros, algo que acho inconcebível é o jogador/treinador não poder nem discutir com o árbitro durante o jogo. Discutir no bom sentido, claro. Não digo reclamar, contestar. Nada disso pode. No clássico entre Palmeiras e São Paulo, o técnico Juan Carlos Osorio, no intervalo, foi conversar com o árbitro e o mesmo o expulsou do jogo. Lamentável. Excessiva e desnecessária demonstração de autoridade.
Na minha opinião, a última vez que a arbitragem foi tão polêmica desta maneira foi em 2005, quando o Corinthians sagrou-se tetracampeão brasileiro. Primeiro, o episódio Edilson Pereira de Carvalho e a manipulação de resultados.
Depois, o jogo entre Corinthians e Internacional, onde Marcio Rezende de Freitas não assinalou pênalti em Tinga. Acabou que o Corinthians, que não tinha nada a ver com isso, ficou marcado por aquela partida.
Talvez seja a hora de usar a tecnologia no futebol. Se a bola entrou ou não, se estava impedido, se foi mão na bola ou bola na mão, tudo seria resolvido em segundos, bastaria o árbitro paralisar o jogo, e outro árbitro, que analisaria as imagens, o avisaria e tudo seguiria corretamente.
O nível do futebol brasileiro já não é alto, e ainda a arbitragem contribui para isso. Do jeito que está não dá mais para continuar. Errar é normal, pode acontecer em qualquer partida, mas vários erros em um mesmo jogo, em sucessivas rodadas, não dá.